quinta-feira, 28 de abril de 2011

NÃO COMPRE ANDADOR CIRCULAR P BEBÊS!





















por Viviane Vanzella, quarta, 27 de abril de 2011 às 21:14
 
Há vários anos desaconselho o uso do ‘andador/disquinho’ para bebês. Sempre expliquei meu ponto de vista para os pais de todos os meus pacientes e, espero ter sido convincente.
Já cheguei a intervir nas compras que alguns pais faziam em supermercados ou lojas de produtos infantis (para ‘desespero’/vergonha de quem me acompanhava). Sempre justificando que uma cadeira de alimentação ou para o carro (ou ainda um andador vertical que respeita as fases do desenvolvimento motor) teria mais utilidade e traria mais benefícios.
Hoje, avaliei uma criança com idade cronológica de 23 meses e a idade motora foi REALMENTE um ponto de interrogação na minha cabeça (e olha que eu faço isso desde 1998!). A criança tem uma idade motora CHEINHA de lacunas, senta, mas não passa para o sentar de lado que, seguindo as etapas normais, levaria ao gatas, três pontos,ajoelhado, semi-ajoelhado e finalmente, ao ortostatismo (em pé). Essa criança passa do sentado diretamente para o ortostatismo mas SOMENTE se tiver um local onde se agarrar e puxar.
Não foi o primeiro, muito menos um raro caso assim.
Agora, teremos que preparar musculaturas necessárias para engatinhar, rolar, dissociar... isso tudo p uma criança ágil motoramente! Uma agilidade que pode parecer perfeita a primeira vista, mas que não tem função alguma quando, por exemplo, a criança está em pé e quer pegar um objeto no solo. Ela não sabe abaixar, ajoelhar... ela não vivenciou essas fases do desenvolvimento motor pois estava no ANDADOR/DISQUINHO que ensina a andar para os lados e sem controle motor e equilíbrio.
Todas as fases que antecedem a deambulação humana são FUNDAMENTAIS, pois desenvolvem musculaturas, estimulam a percepção visual, tátil.... a marcha é importante, mas anterior a ela, existem tantas outras posições que também são formas de locomoção (rolar, arrastar, engatinhar...).
NÃO CONHEÇO NENHUMA CRIANÇA COM POTENCIAL 'NEUROLÓGICO' PARA DEAMBULAÇÃO, QUE TENHA DEIXADO DE ANDAR OU ATRASADO A MARCHA INDEPENDENTE, POR NÃO TER USADO ANDADOR CIRCULAR!
Na minha ansiedade de ajudar aos pais que ainda não tinham tais informações, eu andava com um artigo explicando os motivos para NÃO COMPRAR ANDADOR CIRCULAR; vejam:
“Saiba mais porque o andador circular é um acessório que não deve fazer parte do seu enxoval.

A criança desenvolve o controle do corpo em etapas seqüenciais e pré-determinadas. Num primeiro momento o bebê sustenta a cabeça, em seguida rola o corpo, arrasta-se, senta com apoio e depois sem apoio, engatinha, fica em pé e termina por andar. Em todas essas fases a criança está amadurecendo neurologicamente, além de seu corpo estar se exercitando, alongando, fortalecendo, treinando equilíbrio, coordenação, conhecendo o próprio corpo, para enfim andar. Com o uso do andador a criança irá pular fases, levando o atraso no andar.

Além do atraso corporal a criança poderá sofrer atraso na aquisição da fala, simplesmente pela falha no desenvolvimento neurológico que se resume em andar-falar-pensar.

Outro ponto negativo para o andador é que a criança toca o chão muitas vezes apenas com as pontas dos pés, podendo causar atrasos na formação dos arcos plantares contribuindo para o pé plano (pé chato). A posição no andador também poderá levar a deformações no quadril.

A falsa sensação de liberdade oferecida pelo andador impede que a criança explore o ambiente. Para a criança desenvolver-se bem e sem atrasos, podemos estimular através de brincadeiras, principalmente no chão para que os pequenos “treinem” todas as fases. Atividades como essa necessitam de uma supervisão dos pais tanto para estimular como para livrar os pequenos dos perigos escondidos em casa. Talvez seja isso que motiva os pais a usarem o andador, pois se a criança está fazendo uso dele, ela está segura. Isso é incorreto! É comum o andador virar com um simples impulso da criança causando acidentes.

O bebê precisa experimentar seu corpo livremente e os “tombinhos” são naturais para ao aprendizado e domínio do corpo. Estimule seu filho (a) com o que há de melhor, sua presença!”
Dra. Denise Gurgel Barboza - Fisioterapeuta




segunda-feira, 25 de abril de 2011

Identificado gene ligado a nascimento de prematuro


Descoberta pode levar a futuros tratamentos para um problema que afeta uma em cada oito gestações, colocando em risco a vida de milhões de crianças e mulheres em todo o mundo
25/04/2011 | 09:33 | Agência Estado



Pesquisadores americanos e escandinavos identificaram um gene relacionado ao nascimento prematuro de bebês. A descoberta pode levar a futuros tratamentos para um problema que afeta uma em cada oito gestações, colocando em risco a vida de milhões de crianças e mulheres em todo o mundo. Até agora, não se conhecia nenhum fator genético ligado ao parto prematuro.
Os cientistas partiram de uma premissa. A linhagem humana teve pouco tempo para se adaptar a processos evolutivos que podem dificultar significativamente o trabalho de parto: o aumento do crânio para acomodar um cérebro maior e o estreitamento da bacia pélvica para facilitar andar sobre dois pés.
A pressão da seleção natural fez com que o tempo de gestação diminuísse rapidamente em comparação com outros mamíferos e, até mesmo, com outros primatas. Um feto menor e mais jovem causa menos complicações ao nascer, pois há menor desproporção entre sua cabeça e o pélvis da mãe.
Partindo desta convicção, os cientistas procuraram genes que passaram por um processo de evolução acelerada na espécie humana em comparação com outros animais, especialmente primatas.
Identificaram 150 bons candidatos. Compararam então as diferenças desses genes em duas populações na Finlândia: 165 mulheres que tiveram parto prematuro e 163 que deram à luz no tempo esperado. Definiu-se prematuridade como uma gestação menor do que 37 semanas.
Identificaram assim variações no gene responsável pela produção do receptor do hormônio folículo-estimulante (FSHR, na sigla em inglês). Depois, confirmaram a presença das mesmas variações associadas à prematuridade em mulheres africanas que deram à luz antes do tempo. O estudo foi publicado na revista PLoS Genetics (www.plosgenetics.org). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Jovem portadora de deficiência faz música usando polegares e a cabeça

Charlotte White (Foto: Hugh Hill)

Charlotte White agora faz suas próprias composições
Uma adolescente britânica, que teve a maior parte do corpo paralisada depois de um acidente, consegue tocar música usando apenas movimentos de seus polegares e da cabeça.
Charlotte White teve um de seus vídeos, no qual ela toca uma suíte para violoncelo de Bach, postada na internet e gerou muito interesse na comunidade musical.
A adolescente de 16 anos usa uma nova tecnologia para tocar. Com pequenos movimentos da cabeça, ela consegue interromper um raio magnético, o que desencadeia as notas da música.
Usando movimentos dos polegares, Charlotte aprendeu a controlar a configuração das notas disponíveis, num processo parecido com o do guitarrista que muda a forma dos acordes.
A trajetória de Charlotte White foi retratada em um documentário exibido em março na BBC.

Golpe na cabeça
Aos 11 anos Charlotte sofreu um golpe na cabeça, o que fez com que ela perdesse todos os movimentos do corpo.
A adolescente passou cinco anos em longas internações em hospital para depois passar por um período de reabilitação no qual conseguiu retomar os movimentos da cabeça e, gradualmente, dos dedos.
No entanto, a jovem começou a ter problemas.
"Tudo o que eu esperava era ficar fisicamente mais forte, o que não estava acontecendo, então foi muito deprimente. Eu apenas via as pessoas que deveriam melhorar a minha vida, mas parecia que isso nunca iria acontecer", contou a adolescente.
Aos 16 anos, Charlotte começou a frequentar uma escola mas não gostou das atividades oferecidas.
"A musicoterapia é alguém na sua frente, batendo em um tambor ou tocando violão, e você deve dizer a eles todos os problemas de sua vida. É incrivelmente condescendente e muito chato", disse.
A adolescente então foi para o projeto Drake Music, na cidade de Bristol, uma organização que usa tecnologia para ajudar pessoas portadoras de deficiências a participarem de iniciativas musicais.
Neste projeto, ela começou a trabalhar com Doug Bott e aprendeu a usar seus movimentos para tocar. Bott afirma que Charlotte se destacou logo no começo.
"Ela tinha interesse em música clássica, o que não acontecia com muitos dos jovens com quem eu trabalhava na época, era interessada em trabalhar sozinha e do jeito dela", afirmou.

Concerto na escola
Charlotte White em sua casa (Foto: Toby Field)

O vídeo da adolescente tocando Bach ganhou destaque na internet
Depois de um tempo, Charlotte participou de uma apresentação na escola, para a qual ela ensaiou muito.
"Queria conseguir fazer isso, pois eu seria vista como uma pessoa, ao invés de apenas uma pessoa deficiente", disse.
O projeto Drake Music gravou a performance de Charlotte e postou o vídeo na internet, o que gerou muito interesse da comunidade musical.
Mas, também levantou questões sobre se a música feita desta forma deveria ser examinada da mesma forma que estudantes usando instrumentos convencionais são examinados.
"Eu queria estudar música na universidade, mas os estabelecimentos que formam músicos não reconhecem (a forma como toco) e, por isso, não pude progredir", conta a adolescente.
Os examinadores que permitem que músicos entrem em universidades de música britânicas não examinam música tocada de forma eletrônica, mas estão trabalhando com a Drake Music para desenvolver esta área.
"Estamos discutindo formas de avaliar a qualidade da performance musical de uma maneira que não está ligada a um instrumento em particular que a pessoa esteja tocando", disse Doug Bott.

Reconhecimento
Apesar de não conseguir fazer as provas tradicionais de música, Charlotte recebeu um prêmio de artes do Trinity College de Londres e seu trabalho também conseguiu reconhecimento internacional.
Os organizadores de um festival de música na Noruega pediram que Charlotte compusesse músicas para o evento.
"A música me inspirou, fez com que eu acreditasse que poderia conseguir qualquer coisa", disse a adolescente sobre sua reabilitação.
"Fiquei mais entusiasmada (...), eu queria quebrar as barreiras e fazer as mesmas coisas que todo mundo, ao invés de ser rotulada apenas como uma pessoa deficiente. Comecei a aproveitar a vida e viver coisas que um adolescente faz."
A adolescente agora entrou em uma universidade britânica, onde escolheu estudar política social e criminologia.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/04/110331_musica_paralisia_fn.shtml

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nova técnica para obter células-tronco induzidas é criada nos EUA

Método consegue gerar mais células do que o convencional. Novidade foi divulgada na revista científica "Cell Stem Cell"
07/04/2011 | 20:12 | G1/ Globo.com



Cientistas da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia desvendaram uma nova maneira de criar células-tronco induzidas à pluripotência (iPSC, na sigla em inglês) – técnica que transforma células adultas do corpo, normalmente extraídas da pele, em estruturas capazes de gerar todo tipo de tecido humano.
A novidade, descrita na revista científica "Cell Stem Cell", está no uso de microRNAs – pequenos pedaços de material genético – no lugar da estratégia convencional na qual 4 genes são modificados para retornar a célula a um estágio parecido com o de células embrionárias.

Edward Morrisey / Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia
Edward Morrisey / Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia / Células-tronco induzidas à pluripotência geradas a partir de células da pele de ratos com marcadores fluorescentes 
Células-tronco induzidas à pluripotência geradas a partir de células da pele de ratos com marcadores fluorescentes

Os testes foram feitos em células da pele de ratos. Células-tronco induzidas são produzidas normalmente a partir de células adultas – desde que não sejam reprodutivas como, por exemplo, espermatozoides. O material mais comum são fibroblastos, encontrados na pele de mamíferos.
Antes da invenção da nova técnica, para cada 100 mil células adultas “reprogramadas”, os cientistas conseguiam apenas 20 células-tronco induzidas. Já pelo método com microRNAs, o número de células obtidas sobe para 10 mil (10% do total).
A esperança que envolve os estudos com células-tronco induzidas está no fato delas dispensarem o uso de material embrionário. Mas para poderem servir para uso terapêutico em humanos na reconstrução de tecidos e até órgãos, é preciso que um número grande de células seja obtido.
As células criadas em laboratório podem dar origem a quase todo tipo de células de ratos, incluindo espermatozoides, óvulos e células germinativas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

APRENDIZAGEM X FAMILIA

Ângela Ribas
Fonoaudióloga
 
Cláudia Lopes da Silva
Psicomotricista

Lean Fontain Franco
Fonoaudiólogo

Maracelis Abilhoa da Rocha                                                                                            
Fonoaudióloga

Vanessa Virmond Taque Andreoli
Psicóloga
                                                                                                                                 
Walquíria Bauermann
Reeducadora Visual e Psicopedagoga



Esta pesquisa teve como objetivo investigar o nível de compreensão dos pais sobre a dificuldade de aprendizagem de seus filhos. Foram aplicados 20 questionários com um dos responsáveis, procurando coletar dados a fim de verificar o conhecimento sobre o assunto.
            A) Aprendizagem é a mudança gradativa de comportamento que está relacionada a repetição de esforço que resultam em crescimento pessoal e pedagógico. Quando criança apresenta dificuldades na aprendizagem demonstra falhas não especificas multidimensionais que nem sempre estão associadas a um quadro clínico definido porem acarreta dificuldade no relacionamento e credibilidade no potencial de aprendizagem. Percebe-se que esta dificuldade esta muitas vezes relacionada não apenas no individuo mas também no âmbito familiar e nos processos escolares. Através da prática clinica no Centro de Reabilitação Sydnei Antonio – Cresa, percebe-se que muitas crianças chegam para avaliação especializada com idade já avançada, dificultando a tomada de providencia. São poucos os profissionais da área da saúde que se mostram atentos as queixas familiares realizando o encaminhamento necessário. Dentro deste aspecto, percebe-se que a demora na intervenção profissional promove impedimentos em seu crescimento de forma satisfatória bem como afeta a dinâmica familiar. Segundo JARDINI (2005) os sintomas mais comuns apresentados por estas crianças são: falta de interesse para aprendizagem, comportamento apático ou agressivo, ” fica no mundo mundo da lua”, alta desmotivação em realizar as atividades em sala de aula. Com respostas evasivas e inconsistentes no aprendizado. Dentre as definições mais comuns citadas encontra-se a de CAPOVILLA (2001) que o termo “dificuldade de aprendizagem” está relacionado aos problemas de ordem psicopedagogica e socioculturais, ou seja, o problema não está centrado apenas no aluno, sendo uma visão mais de cunho preventivo, como os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, inadequações metodológicas ou mudanças no padrão de exigências na escola, que são alterações normais, se foram consideradas, no passado, como alterações patológicas e atualmente serão vistas como parte do processo. É mais comum o emprego do termo “dificuldade de aprendizagem” do que “dificuldades de leitura e escrita”. Fica claro que a dificuldade de aprendizagem caracteriza-se por um quadro genérico, em que o desempenho da criança encontra-se aquém do esperado por sua faixa etária, podendo ser desencadeada por etiologia multifatorial, cognitiva, afetiva, neurológica, psicológica ou de caráter social, devendo, portanto, ser pesquisada. As dificuldades de aprendizagem estão associadas a: ensino deficiente, alta exigência de tarefas, inadequação metodológicas. Alta rotatividade de professores, mudanças constantes de escolas, falta de domínio da metodologia utilizada, ausência de recursos ou espaço físico deficitário, salas de aula com números de alunos excessivos. Levando em conta este aspecto, se faz necessário à investigação sobre o nível de compreensão que os pais têm sobre as dificuldades dos filhos, para só então a equipe multidisciplinar poder orientá-los, colaborando para que as crianças encaminhadas possam desfrutar plenamente sua cidadania. Pensando sobre dificuldade de aprendizagem e sua relação com a família, é possível observar que muitas vezes, a compreensão dessas relações não torna as crianças mais inteligentes, mas permite que elas utilizem melhor seu potencial, favorecendo seu desenvolvimento. Deve-se lembrar, conforme salienta WEISS (1997 p.33) “que a simples procura do diagnóstico representa um grande movimento do paciente e de sua família. Nenhum diagnóstico é inócuo; ela já é, em si, uma intervenção na dinâmica pessoal e familiar”. O processo de obtenção de informações coletadas em diferentes níveis, social, emocional e cultural, faz-nos pensar que apesar das diferenças, as famílias estão em busca de um mesmo objetivo – o de ensinar ou melhorar o aprendizado de seu filho, melhorando assim sua compreensão, diminuindo suas dificuldades de forma indireta ou diretamente e aprendendo socialmente a interagir com o meio em que vive. Segundo BERBERIAN (2002, p.63) “É preciso investigar paralela ou até prioritariamente os fatores ambientais, sobretudo familiar e escolar, pois neles reside a possibilidade de mudança no sujeito”. Alunos com dificuldade de aprendizagem incluem problemas mais localizados nos campos da conduta e de aprendizagem, dos seguintes tipos: Atividade motora: hiperatividade ou hipoatividade, dificuldade de coordenação; Atenção: baixo nível de concentração, dispersão; Área matemática: problemas de codificação/decodificação simbólica, disgrafia; Emoções: desajustes emocionais leves, baixa auto-estima; Memória: dificuldade de fixação; Percepção: reprodução inadequada de formas geométricas, confusão entre figura-fundo, inversão de letras; Sociabilidade: dificuldade na interação, pouca habilidade social, agressividade. As crianças com dificuldade de aprendizagem são normalmente descritas pelos pais e pelos professores como vivas e fabulosas, nervosas e desatentas, irrequietas e traquinas, possessivas e coléricas, desarrumadas e desorganizadas, conflituosas e descontroladas, explorativas e manipulativas, irresponsáveis e negativistas, instáveis e impulsivas. As dificuldades de aprendizagem podem produzir conseqüências emocionais profundas, evidenciando freqüentemente sinais de instabilidade emocional e uma reduzida tolerância à frustração. Sua conduta social, às vezes bizarra, revela dificuldade de ajustamento à realidade aliada à problemas de comunicação. Algumas crianças tornam-se tão frustradas tentando fazer coisas das quais não conseguem e que desistem de aprender e começas a desenvolver estratégias para evitar isso. Chegam a questionar sua própria inteligência sentindo-se furiosos. Alguns a põem para fora, fisicamente, tal sensação; outros tornam-se ansiosos e deprimidos. Em ambos os casos sofrem de solidão, bem como de baixa auto-estima. A repetição crônica do insucesso e o seu efeito em termos de expectativa acaba levando o indivíduo à resistências, fobias e defesas perante as tarefas educacionais. Segundo FONSECA (1995, p.265) “Muitas crianças com dificuldade, face aos resultados escolares, vão-se convencendo que não aprendem por mais que tentem, daí o perigo em negligenciar a implicação das dificuldades de aprendizagem no desenvolvimento da personalidade global da criança”. A resistência à aprendizagem pode tornar-se pó maior problema da criança na escola – dificuldade bem maior que a dificuldade de aprendizagem original e muito mais difícil de ser superada. A preocupação principal dos pais deve ser do bem estar emocional da criança. Conforme salienta SMITH (2001, p.38) “Se você mantém seu foco sobre proteger a auto-estima de seu filho, você pode evitar o aspecto mais “debilitante” das dificuldades de aprendizagem: o desejo de desistir”. As crianças emocional e socialmente desajustadas tendem a obter fracos resultados escolares na medida direta que os distúrbios emocionais desintegram  o comportamento e, conseqüentemente, o potencial de aprendizagem. Para melhorar os produtos da aprendizagem, aquilo que no fundo a escola espera, é necessário que se resolva o “caos interno”, onde os desequilíbrios emocionais assumem papel de relevante importância nos processos psicológicos da aprendizagem. Observa-se que crianças com dificuldade de aprendizagem encontram-se na maioria das vezes uma ou certa dificuldade relacionada ao movimento no processo de execução das atividades no qual manifestam e interferem tarefas escolares refletidas diretamente na escrita alterações psicomotoras de ordem geral. Segundo Fonseca (2004, p.13 e14) “As indicações e aplicações atingem uma grande diversidade de populações e necessidades: crianças com ou sem deficiência, normais e paranormais (parapatológicas), em risco ou inteligentes com problemas e síndromes de desenvolvimento psicomotor, com dificuldades de aprendizagem, hiperativas ou impulsivas, inibidas, adolescentes com problemas psicoafetivos atípicos e desviantes ou com problemas de comportamento; adultos com síndromes psiquiátricas (crônicas ou agudas) e até idosos, como forma de prevenção do envelhecimento precoce, et., visando, em qualquer dos casos, a equilibrar e ajustar a totalidade psicossomática indivisível do ser humano, procurando evocar a inter-relação recíproca e a sinergia entre os fatores de expressão e de comunicação e os fatores de integração, elaboração e planificação da conduta.”  Essas alterações de ordem geral resultam pela falta de maturidade motora, tonicidade alterada, incoordenação psicomotora, inabilidade nas atividades cotidianas, incapacidade em participar nos jogos, desordens na predominância lateral, dificuldade de associar símbolos e formas, desconcentração, incapacidade em nominar partes do corpo, dificuldade de colorir símbolos grandes, incapacidade ao descrever corretamente letras, números e símbolos. Vale ressaltar que quando se fala em alterações psicomotoras da criança com distúrbio de aprendizagem atribuí-se não somente nos aspectos motores, mas de ordem orgânica, psicológica, pedagógica, relacional e sócio-cultural. Para Alves (2005, p. 128) ”A criança, cujo, o desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras (Ex.: b/d), na ordenação de sílabas, na abstração (matemática), na análise gramatical, entre outras...”. O ponto de partida para se ter o êxito no processo educacional da criança com distúrbio de aprendizagem que está inserida nos atendimentos em Psicomotricidade que primeiramente pretende-se servir de mediador na aquisição das seguintes áreas: Esquema corporal,  Coordenação óculo-manual, Coordenação dinâmica global, Coordenação e estruturação temporal, Organização e estruturação espacial.De acordo com Fonseca (2004, p.11)“Em Psicomotricidade, o psíquico e o motor não são uma conseqüência linear um do outro; são os dois componentes complementares, solidários e dialéticos, da mesma totalidade sistêmica, encarando o corpo e a motricidade como elementos essenciais da estrutura psicológica do Eu, pois é na ação que se toma consciência do próprio e do mundo”. E, portanto, utilizar o centro de interesse da criança para o direcionamento das atividades, propiciando um ambiente de segurança e prazer, onde o potencial da mesma seja enfatizado. Para tanto a Psicomotricidade procura valorizar os movimentos espontâneos, permitindo que a criança utilize o seu próprio recurso, buscando soluções para a descoberta de novos caminhos. Oferecendo à criança um modelo de como executar determinado movimento. Propiciando momentos de reflexão das atividades realizadas. Para que a criança alcance máximo de sua potencialidade, num processo educativo que visa o desenvolvimento global do ser humano com vistas à sua cidadania. Alves diz: (2005, A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso dizemos que a mesma é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A estrutura é a base fundamental para o processo intelectivo; quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do problema, em geral, está no nível das bases de desenvolvimento psicomotor”. p.127 e 128)  As crianças com dificuldade da percepção visual têm problemas em entender o que vêem. O problema não é de visão, mas do modo como seus cérebros processam as informações visuais. Entre indivíduos com dificuldade de percepção visual ou que apresentam distúrbios na codificação ou decodificação (leitura, escrita), percebe-se as trocas mais freqüentes visualmente entre p/b – d/b – p/q – u/n – h/u e m/n. Segundo MORAIS (2006, p.92) “Outro tipo de troca, que é decorrente dos distúrbios de discriminação visual, é entre letras que diferem por pequenos detalhes (por ex: “o” e ”e”; “f” e “t”; “c” e “e“;”h“ e ”b “; “a“ e ”o“), ou entre palavras que possuem configurações gerais semelhantes”. Muitas vezes tipos de distúrbios visuais afetam o processo de aprendizagem, tal como a insuficiência de convergência que se não tratada ou diagnosticada a tempo levam crianças a apresentarem baixo rendimento escolar com dificuldade para ler e escrever. Pode ser detectado por um exame detalhado no oftalmologista, a partir dos quatro anos de idade, pois este problema costuma a aparecer no período pré-escolar, quando a criança começa a fixar o olhar por um determinado tempo e apresenta embasamento momentâneo e, em alguns casos, ao focalizar a imagem a diplopia ou imagem dupla ao fundir unicamente uma imagem, o que torna a leitura muito difícil e cansativa. Por isso antes da alfabetização encaminhar ao oftalmopediatra.  Segundo VASCONCELOS (2006 p.126 revista seleções) ”Cerca de 80% das pessoas (crianças e adultos) encaminhadas ao oftalmologista a seu consultório apresentam problemas relacionados ao distúrbio de convergência. Ela ressalta que muitos adultos não desconfiam que tem o problema, que pode prejudicar a concentração e o rendimento no trabalho”. Quando as crianças nas séries iniciais do ensino fundamental apresentam estas trocas, exigindo movimentos visuais para perceberem a silabação da junção das consoantes com as vogais, formando palavras e levando-as a processar visualmente os símbolos utilizados, podem ser diagnosticadas como disléxicas (Indivíduos que sofrem uma lesão no trajeto visual podem decodificar palavras visualmente não podendo decodificá-las com a mesma rapidez). Segundo RATEY (2002, p.313) “Tanto que 20% da população norte americana pode ser diagnosticada como disléxica, se forem levadas em conta todas as variações em dificuldades de leitura”. A dislexia é uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, inteligência adequada, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, a criança disléxica falha no processo de aquisição de linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. Há uma discrepância inesperada entre o seu potencial para aprender e seu desempenho escolar. É hereditariamente e a maior incidência é em meninos na proporção de “três para um”. No Brasil a ABD (Associação Brasileira de Dislexia) vem trabalhando desde 1983 promovendo e divulgando cursos, debates e palestras sobre o tema. CAPOVILLA (2001, p.37) define a dislexia como alteração resultante de limitações sensoriais discretas ou de anomalias na organização dinâmica dos circuitos cerebrais responsáveis pela coordenação visuo-audio-motora. Os indivíduos acometidos são portadores de diferenças de aprendizagem  específicas, não tratando-se de uma patologia e sim um modo diferente de pensar, não uma incapacidade. O “nome” dislexia pode, muitas vezes, rotular a criança, estigmatizando-a como u problema a ser resolvido e, como conseqüência, passar a enfrentar muitas dificuldades, decorrentes desta discriminação. Porém, todo e qualquer rótulo é fruto da ignorância sobre o tema, da falta de informação e interesse em compreender o distúrbio e suas diversas formas de abordá-lo. A dislexia enquadra-se como um distúrbio da leitura e escrita, que está presente em crianças das séries iniciais do ensino fundamental que podem apresentar alteração do processamento visual e ou distúrbios visuais. Em estudos científicos descobrem que os cérebros de disléxicos são anatomicamente diferentes. Tanto quanto em diferenças celular (estrutura e funcionamento das células do sistema nervoso) e de conexão. Que se repete em membros das mesmas famílias hereditariamente (que está ligada a um número de cromossomos). Então se começa a compreender a relação entre sistemas de desenvolvimento neural e o meio ambiente, que estabelece ligação entre diferenças cerebrais e comportamento do aprendizado.  O distúrbio mais comum do aprendizado é a dislexia, uma condição de incapacidade de ler em um nível de complexidade compatível com a inteligência global da pessoa. As pessoas com dislexia têm dificuldade de ler, de escrever e de soletrar as palavras; contudo suas capacidades de conversação e visuais são normais. Elas podem interpretar os objetos visuais e figuras, sem dificuldade. Alguns casos de dislexia foram identificados como resultantes de anormalidades de um gene no cromossomo 6.(Ekman,2000, p.281) O maior número de crianças identificadas com problemas de aprendizagem são aqueles com problemas de processamento da linguagem. Estes problemas vão desde ouvir as palavras corretamente, entender seu significado, recordar materiais verbais e comunicar-se claramente. (SMITH 2001, p.48) A alteração do processamento auditivo é considerada um distúrbio da audição em que o indivíduo apresenta inabilidade para analisar e interpretar sons. Este distúrbio nada tem a ver com a perda auditiva e sim com a análise do som e seu significado. Processar a informação, via sentido da audição exige que o s sons sejam detectados e interpretados. A alteração de processamento auditivo é observada através de um exame que irá analisar como pistas do sinal da fala estão sendo utilizadas para reconhecer e compreender a mensagem. Geralmente as crianças encaminhadas para uma avaliação do processamento auditivo apresentam uma queixa referente ao desenvolvimento  da linguagem e/ou habilidades escolares, muitas vezes, sem diagnóstico etiológico definido. Os pais e professores referem queixas tais como: parecem não entender ou não ouvir a mensagem, são agitados ou muitos quietos, a atenção é curta e se cansam em atividades longas, são irritados e sensíveis a sons intensos, não seguem instruções longas, não gostam de ouvir histórias, pedem para repetir o que foi dito /â?/, tem dificuldade em memorizar informações verbais, apresentam dificuldades escolares e têm dificuldade para contar fatos ocorridos. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade -TDAH- é um transtorno neurológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda sua vida. Se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Não é visto como um problema de aprendizado, como a dislexia e a disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. O TDAH parece estar associado a um grande risco de desempenho escolar, repetências, expulsões e suspensões escolares, relações difíceis com familiares, professores e colegas, desenvolvimento de ansiedade, depressão, baixa auto-estima, problemas de conduta e em alguns casos delinqüência. Por este motivo, o psicólogo está diante de uma grande tarefa e responsabilidade que é o de minimizar o sofrimento da criança com TDAH, de seus pais e de seus professores. “A psicoterapia também é importante porque oferece a oportunidade de esclarecer dúvidas quanto às dificuldades sociais e de aprendizagem. A psicoterapia promove também o desenvolvimento de habilidades sociais, habilidades essas que muitas vezes a criança hiperativa carece.” (BENCZIK 2000, p.92) Essencialmente e de fundamental importância para o aprendizado é a participação dos pais, nas séries iniciais dos indivíduos que apresentam dificuldade na aprendizagem, ajudando-os a não terem baixo auto-estima em relação à leitura e escrita, sendo assim não dificultando o seu aprendizado. Crianças com dificuldades ou distúrbios da leitura e escrita, podem ser ajudadas através de orientações, tornando a família co-participante deste processo, visto que é fundamental para seu desenvolvimento. Conforme cita MORAIS (2006, p.25) “O prognóstico irá depender de cada um, bem como do envolvimento da tríade escola-família-profissionais envolvidos. È fundamental o comprometimento de todos para que os resultados esperados sejam efetivos”. Dependendo da visão que a família tem frente às dificuldades do indivíduo e como ela irá trabalhar com os sintomas apresentados é a grande alavanca para o prognóstico terapêutico.

Inclusão esbarra em capacitação

Acesso a mercado de trabalho é prejudicado por falta de educação formal. Quem entra, tem dificuldade de permanecer
Publicado em 03/04/2011 | Vanessa Prateano - Gazeta do Povo


Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Marcelo Elias/Gazeta do Povo / Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação 
Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação

Preconceito é a primeira barreira
O caso do auxiliar de informática Cristian Oleguini, 22 anos, mostra como a lei pode mudar tudo, anos depois. Foi na faculdade, onde cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que ele soube de uma vaga na empresa de petroquímica Exxon Mobil – e que tinha direito de concorrer a ela como cotista. Ao chegar na empresa, descobriu que antes precisaria participar de uma capacitação oferecida pela companhia em parceria com a Uni­­versidade Livre Para a Eficiência Humana (Unilehu), que atua na qualificação de pessoas com deficiência. Com dez certificados na mão e um emprego que lhe dá autonomia, foi incentivado a entrar para a universidade e hoje é exemplo para os quatro irmãos que ainda não estão no ensino superior.

Em 20 anos de vigência, a Lei 8.213 conseguiu um importante avanço na sociedade brasileira: colocou a questão do portador de deficiência em evidência. Criada em julho de 1991, a Lei das Cotas obriga empresas com mais de 100 funcionários a reservar de 2% a 5% de suas vagas para empregados com deficiência. Cidadãos que de­­­­penderiam da ajuda da família, instituições ou da Previdência So­­­­cial têm a chance de exigir um em­­­­prego, garantido pela legislação.
Mas ainda há um longo trajeto até a real inclusão. O maior desafio está na educação formal. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta­­tística (IBGE), há 2,3 milhões de brasileiros de 5 a 17 anos com deficiência no país. Porém, no censo da Edu­cação Básica de 2010 havia cerca de 700 mil matrículas de alunos especiais no ensino básico. O descompasso se reflete no futuro: hoje, 79% dos deficientes têm até sete anos de estudo, segundo o IBGE.
O maior avanço foi em 2007, quando se intensificou a inclusão das crianças com deficiência no ensino regular. Hoje, a prática ainda enfrenta resistência de pais e professores, e é preciso promover a capacitação dos profissionais, ainda pouco familiarizados com as especificidades de cada deficiência. Também falta atendimento individual e multidisciplinar aos alunos com deficiência em centros especializados, através de mais investimento em capacitação de equipes de saúde e serviço social, por exemplo.
“O ensino regular está previsto na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente e deve ser a regra, para permitir o exercício de direitos fundamentais, como o direito ao trabalho. Passamos por um período de modernização, de quebra de paradigmas. Ao mesmo tempo, no entanto, é preciso investir nessas escolas para promover de fato a integração”, diz a promotora de Justiça Rosana Bevervanço, coordenadora do Centro de Apoio à Promotoria de Justiça de Defesa das Pessoas Portadoras de Deficiência do Ministério Público do Paraná. A promotora ressalta ainda que praticamente todas as escolas públicas também não estão adaptadas para receber alunos com dificuldade de locomoção ou deficiência visual. “A escola ainda é excludente.”

Qualificação
Quem consegue terminar os estudos enfrenta a falta de capacitação. Com a criação da Lei de Cotas, várias parcerias foram firmadas entre governos e ONGs para preparar o deficiente para o mercado, mas o conteúdo ensinado ainda não atende às exigências das empresas. “O maior problema hoje é a formação inadequada [para a atividade que será desenvolvida pela pessoa com deficiência]. Os cursos ofertados ainda têm pouco valor agregado”, explica José Antônio Fares, diretor-superintende do Serviço Social da Indústria (Sesi) no Paraná.
O resultado está nos postos ocupados pelos deficientes, geralmente na linha de produção da indústria, e nos baixos salários. Dados publicados pelo Ministério do Trabalho em dezembro demonstram que, das 4.021 vagas criadas no último quadrimestre de 2010 para esse público, 90% pagavam até um salário mínimo. No mesmo período, foram extintas quase 3,5 mil vagas que pagavam entre 1 e 15 salários mínimos.
Para Fares, é preciso que as empresas invistam mais na qualificação, até para evitar a alta rotatividade entre os trabalhadores cotistas, que têm dificuldades de adaptação e para realizar o trabalho exigido. “As empresas precisam ousar mais e pensar em novas estratégias para não só cumprir a lei, mas manter o trabalhador nesse emprego. Já há iniciativas deste tipo em Curitiba, mas ainda são experiências específicas”, afirma.

Curitiba ainda é excludente
Dentre os vários elogios feitos a Curitiba na área de urbanismo, um dos que ainda não se justificam é o de cidade inclusiva. Atualmente, 114 inquéritos civis tramitam na Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência para investigar locais públicos e privados que não oferecem condições básicas de acessibilidade para quem tem mobilidade reduzida ou algum tipo de deficiência visual. Na lista estão cinemas, estádios, pontos turísticos e o próprio prédio da prefeitura.
No entanto, nenhum local é tão emblemático da cidade excludente quanto o cartão-postal de Curitiba, o calçadão da Rua XV de Novembro, símbolo do grande gargalo da acessibilidade na capital: a precariedade das calçadas. De acordo com a promotora de Justiça Terezinha Carula, o chão, feito de petit-pavê, é totalmente inadequado por ser irregular e, em dias de chuva, tornar o solo escorregadio.
Atualmente, a promotoria briga pela troca do petit-pavê por outro material, mas o problema esbarra no fato de que o calçadão é tombado e qualquer mudança é proibida. A promotora diz que investiga para ver se a calçada pode ser trocada, e que buscará o bem-estar dos deficientes em primeiro lugar. “Não é possível ficar do jeito que está. O local é inseguro para essas pessoas. Além disso, nós precisamos assegurar a acessibilidade, que permite o exercício dos direitos fundamentais.”

domingo, 3 de abril de 2011

Cientistas descobrem 5 genes relacionados ao Alzheimer

O mal de Alzheimer afeta 13% das pessoas com mais de 65 anos no mundo e até 50% dos idosos com mais de 85 anos. Especialistas estimam que, conforme as populações dos países ricos envelhecerem, o número de afetados no mundo deve dobrar

03/04/2011 | 16:54 | Agência Estado

Um grupo internacional de cientistas anunciou neste domingo (03) a descoberta de cinco genes relacionados ao início do mal de Alzheimer, dobrando o número de variantes genéticas conhecidas que favorecem o surgimento da forma mais comum da doença. A descoberta, publicada no jornal Nature Genetics, pode fornecer pistas para as causas da complexa e incurável enfermidade, além de ajudar os médicos a prever casos de maior risco, segundo os cientistas.
No maior dos estudos realizados até o momento, cerca de 300 cientistas de dois consórcios sequenciaram os genomas de 54 mil pessoas - algumas afetadas pela enfermidade, outras não - para trazer à tona as novas variações genéticas identificadas. Os dois projetos começaram independentemente, mas depois trocaram seus dados, permitindo que cada grupo confirmasse as descobertas gerais.
Segundo o principal idealizador de um dos estudos, o pesquisador Gerard Schellenberg, da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, "antes dessas pesquisas, havia cinco genes de 'início tardio' aceitos". Por e-mail, ele disse que "agora, há mais cinco: MS4A, ABCA7, CD33, EPHA1 e CD2AP". Cerca de 90% dos casos de Alzheimer são os chamados de "início tardio", isto é, que afetam pessoas com mais de 65 anos. A probabilidade de desenvolvimento dessa forma da doença dobra a cada cinco anos.
Schellenberg explicou que a identificação das partes do DNA que contribuem para o mal de Alzheimer aumenta "nosso entendimento do papel da hereditariedade neste início", acrescentando que outros genes certamente ainda terão de ser descobertos. Mas Schellenberg disse que a maior contribuição será na compreensão dos mecanismos por trás das causas do Alzheimer. "Esses genes destacam novos caminhos essenciais para o processo da doença."
O último objetivo, segundo Schellenberg, é criar medicamentos que possam interromper ou até evitar o progresso da doença. Para isso, "biólogos moleculares que trabalham nos mecanismos da doença agora precisam descobrir exatamente como esses genes se ligam ao processo do Alzheimer". Os tratamentos atuais são apenas "marginalmente eficientes" ao mascarar sintomas ou desacelerar o avanço inevitável da enfermidade, de acordo com Schellenberg.
O mal de Alzheimer afeta 13% das pessoas com mais de 65 anos no mundo e até 50% dos idosos com mais de 85 anos. Especialistas estimam que, conforme as populações dos países ricos envelhecerem, o número de afetados no mundo deve dobrar para mais de 65 milhões até 2030. As informações são da Dow Jones.

http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1112477&tit=Cientistas-descobrem-5-genes-relacionados-ao-Alzheimer

sábado, 2 de abril de 2011

Tipo de autismo tem sintomas camuflados

Sem deficiência cognitiva e com a fala preservada, portadores da síndrome de Asperger não têm diagnóstico precoce
Publicado em 02/04/2011 | Adriana Czelusniak - Gazeta do Povo



A empresária Tatiana Souza, 38 anos, não sabe dizer quantas vezes ouviu na rua que era para ela procurar a Super Nanny, a personagem do programa de tevê que tenta colocar nos eixos os filhos mais temperamentais. A indicação era motivada pelo comportamento do Vicente, 9 anos, que sofre de autismo. Dentro do ônibus, ele não conseguia ficar muito tempo quieto, gritava e causava espanto em quem estava por perto. “Às vezes eu conseguia falar que ele não era mal-educado, que tinha dificuldades, mas na maioria das vezes não dava nem tempo de falar nada”, conta Tatiana.

Ela mesma custou a acreditar que Vicente fazia parte dos quase 70 milhões de pessoas (dado da Organização das Nações Unidas) que vivem sob as dificuldades do transtorno invasivo do comportamento. O filho já tinha 5 anos quando ela conheceu o nome síndrome de Asperger, que dentro do espectro autista está do lado oposto ao do autismo severo. “Ele evitava brincar com outras crianças, não falava e se jogava no chão de cabeça quando contrariado. Mas era carinhoso, adorava colo e gostava de se relacionar com pessoas”, diz.
A visão clássica do autismo é a daquele indivíduo que fica alheio a tudo, sentado no canto, se balançando para frente e para trás. Embora essas características possam estar presentes em casos severos da doença, aliado à deficiência mental, com a sín­drome de Asperger as características são outras. Um asperger costuma ter pouco ou nenhum comprometimento cognitivo ou de linguagem e há quem os chame de “anjinhos”, por carregarem por toda a vida uma ingenuidade que chega a prejudicá-los no convívio social.

Antonio More/Gazeta do Povo
Antonio More/Gazeta do Povo / Os pais de Leonardo descobriram o transtorno quando o garoto tinha 6 anos 
Os pais de Leonardo descobriram o transtorno quando o garoto tinha 6 anos
 
Sinais do autismo
A intervenção precoce é valiosa para bons resultados no tratamento. Fique atento aos seguintes sinais:
- Evita olhar nos olhos.
- Não responde quando é chamado.
- Parece estar “no mundo dele”.
- Não fala, ou fala muito pouco.
- Não usa gestos para se comunicar.
- Não entende o gesto de apontar.
- Apresenta estereotipias como sacudir as mãos.
- Insiste em carregar objetos ou enfileirá-los.
- Tem interesses muito específicos e quando foca em alguma coisa, esquece do entorno.
- Não gosta de brincar com outra crianças.
- Tem comportamentos extremos quando contrariado, como bater as mãos na cabeça ou se jogar no chão.
Fonte: Especialistas consultados.
 
De acordo com o psiquiatra Estevão Vadasz, especializado em autismo, o asperger é aquele que não tem retardo mental, mas encontra as dificuldades nas mesmas áreas do autismo clássico: linguagem, socialização e imaginação. “Eles podem chamar a atenção por terem um vocabulário muito rico e por serem muito apegados a regras gramaticais. Mas também po­­dem ser tidos como desengonçados, esquisitões e excêntricos. Quase todos sofrem bullying desde a escola primária até a chegada ao ensino médio”, explica o médico, que coordena o Progra­ma de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquia­tria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC).
Aceito pelos colegas da escola e cursando a 4.ª série em uma vaga de inclusão, hoje o comportamento de Vicente surpreende quem o conheceu em seus primeiros anos. Além de frequentar uma clínica particular especializada em autismo duas vezes por semana, o garoto faz aulas de teatro e participa de uma oficina de história em quadrinhos, de onde saíram desenhos recentemente premiados. A mãe conta que o perfeccionismo do filho ainda traz muitos problemas, mas que pouco a pouco ele se revela mais flexível consigo mesmo. “Para mim é claro que ainda terei muito trabalho com ele, mas não tenho medo do futuro ou dos desafios. Tenho tempo para aprender e vou fazer o que for preciso para ajudá-lo”.

Vida social
“Se um garoto é asperger aos 12 anos, também será asperger aos 60. Mas dependendo da idade, ele vai precisar de diferentes intervenções. O quadro depende principalmente do investimento feito ainda na infância. É por isso que hoje se busca a intervenção precoce e a descoberta do autismo ainda em bebês”, explica o Vadasz.
Quando Leonardo nasceu, há dez anos, Claudia Prado percebeu que havia algo estranho já nos primeiros dias de vida do filho. Os testes de reflexo feitos em recém-nascidos não tinham o resultado esperado e o menino apresentava atrasos em várias etapas do desenvolvimento. Leonardo começou a falar aos 4 anos e aos 6 teve o diagnóstico de síndrome de asperger, depois de passar por muitos especialistas. “Ele frequenta o 5.º ano e tem notas ótimas. Sua característica asperger aparece principalmente quando ele começa a falar em um assunto que o interessa. Se torna repetitivo e isso incomoda as outras crianças. Também é muito sincero e chega a ser inconveniente”, conta Claudia.
Todas as quartas-feiras, Vadasz coordena o grupo de cerca de 60 jovens que se reúnem no ambulatório do HC de São Paulo para melhorar suas habilidades sociais. Os aspergers têm muita dificuldade em encontrar emprego, pois ainda não contam com os benefícios e vagas especiais como as destinadas a pessoas com deficiência mental. Casar-se é um desafio ainda maior. “Não conheci ninguém que tenha o diagnóstico de asperger e tenha se casado”, conta.