segunda-feira, 29 de abril de 2013

Cabeça digital pode 'revolucionar' ensino de medicina

Modelo permite a estudantes praticar repetidamente certas técnicas e processos sem se preocupar com erros em pacientes reais.


Especialistas da Escola de Artes de Glasgow, na Escócia, desenvolveram um modelo digital de cabeça e pescoço humanos que tem o potencial de revolucionar o ensino de odontologia e medicina.
O sistema emprega uma tecnologia chamada de "force feedback" que simula a sensação de toque no tecido. Os designers passaram 3 anos dissecando, escaneando e fotografando o corpo humano para desenvolver o modelo digital.
Um dos responsáveis pelo projeto, o professor Paul Anderson, afirma que o modelo proporciona uma boa plataforma de treinamento para que estudantes possam praticar repetidamente certas técnicas e processos, sem se preocupar com erros.


 Fonte: BBC

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Implante de aparelho e orelha feita de osso devolvem audição a escocês


orelha de Brian Hogg (foto: BBC)
Médicos reconstruíram orelha de Hogg com pedaço de sua costela
Em uma operação pioneira na Grã-Bretanha, um escocês recuperou parte da audição ao ganhar uma nova orelha feita com um pedaço de sua própria costela e um implante auditivo instalado na cabeça.
Brian Hogg, de 29 anos, recebeu o implante chamado de Bonebridge (ponte de osso, em tradução livre), que consiste de um pequeno aparelho de áudio fixado na cabeça que capta ondas sonoras, amplificadas e transmitidas para o ouvido através dos ossos do crânio.
O escocês nasceu com a Síndrome de Treacher Collins, uma doença hereditária que causa, entre outras deformidades, a malformação das orelhas. Para reconstruir a orelha do escocês, os cirurgiões utilizaram um pedaço de sua costela.
Por ter nascido com a orelha deformada, Brian Hogg não pode usar os aparelhos auditivos convencionais, geralmente fixados ao redor da orelha.

Qualidade do som

Brian Hogg e o médico (foto: BBC)
Cirurgião Alex Bennett espera que experiência com Hogg trará esperança para outros pacientes
O cirurgião Alex Bennett, que realizou a operação, disse que o procedimento traz esperança para muitos pacientes que sofrem do mesmo tipo de surdez de Hogg.
"O implante Bonebridge melhora a audição, replicando as ações do tímpano", explicou Bennett.
Brian diz que desde que o implante foi instalado, em dezembro do ano passado, tem ouvido uma grande variedade de sons.
"A qualidade do som é muito melhor e posso ouvir barulhos a distância, o que o meu antigo aparelho auditivo não captava".
O médico holandês Ingeborg Hochmair, que criou o implante, espera que o aparelho melhore a qualidade da vida dos pacientes.
Ele afirmou que o aparelho é resultado de décadas de pesquisa na área de medicina auditiva.

Fonte: BBC

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Cérebro pode 'recrutar' diferentes regiões neurais para aumentar concentração


Imagens de ligações de neurônios do cérebro podem prever o quão inteligente você é, diz estudo
Estudo mostra que áreas cerebrais podem ser "recrutadas" para ajudar a realizar uma tarefa   (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, mostra que quando uma pessoa perde algo, sejam lentes de contato, chaves do carro ou um amigo na multidão, seu cérebro é capaz de “recrutar” diversas regiões neurais, ligadas ou não à visão, para ajudar na busca. O estudo foi publicado online neste domingo, no periódico Nature Neuroscience.

“Nossos resultados mostram que o cérebro é muito mais dinâmico do que nós pensávamos, realocando recursos rapidamente de acordo com as necessidades e aumentando a precisão com a qual realizamos tarefas relevantes”, afirma Tolga Çukur, principal autor do estudo.
Isso significa que se uma pessoa está procurando uma criança em uma multidão, partes do seu cérebro que normalmente se dedicavam a reconhecer objetos, ou mesmo áreas relacionadas ao pensamento abstrato, trocam de função para se juntar ao “grupo de busca”. O cérebro se transforma rapidamente em um “buscador de criança” altamente focado, redirecionando recursos normalmente empregados em outras funções mentais.
“Ao planejar um dia de trabalho, por exemplo, a maior parte do cérebro está voltada para o processamento de tarefas e objetivos. Ao procurar um gato, a maior parte do cérebro se torna envolvida no reconhecimento de animais”, diz Çukur.

Pesquisa — No estudo, foram utilizadas imagens de ressonância magnética para observar a atividade cerebral dos participantes. Em um dos testes, os voluntários deveriam apertar um botão quando uma pessoa aparecesse em um vídeo. No segundo, eles deveriam fazer o mesmo ao ver algum veículo.
Os pesquisadores mediram a atividade neural em diferentes regiões do cérebro dos participantes e analisaram como elas reagiam a diferentes categorias de objetos e tipos de ação que apareciam nos vídeos. Eles observaram que, quando os participantes estavam procurando pessoas, uma quantidade maior de áreas do cérebro estava voltada para humanos e, quando procuravam veículos, mais partes do cérebro estavam ocupadas com essa função.
Áreas normalmente envolvidas com o reconhecimento de categorias visuais específicas — como plantas ou prédios, por exemplo — se modificaram e se voltaram para o reconhecimento de pessoas ou veículos durantes os testes. Assim, aumentava-se a área cerebral empenhada na busca. “Essas mudanças ocorrem em diversas regiões do cérebro, não apenas aquelas relacionadas à visão. As maiores mudanças foram observadas no córtex pré-frontal, que normalmente se relaciona ao pensamento abstrato, planejamento em longo prazo e outras tarefas mentais complexas”, afirma Çukur.
A descoberta ajuda a explicar porque as pessoas sentem dificuldade em se concentrar em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, além de contribuir para os conhecimentos de comportamento neuronal e déficits de atenção.

Fonte: Revista Veja

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bebês têm consciência a partir dos cinco meses de idade


criança
Os pesquisadores foram capazes de captar a atividade cerebral das crianças por meio de eletrodos grudados em sua cabeça. Na imagem, uma criança de cinco meses, acompanhada de sua mãe, participa do estudo     (Sid Kouider)
As mães parecem não ter dúvidas, mas, até agora, os pesquisadores não possuíam modos de provar que os bebês têm consciência. Testes usados para mostrar que um indivíduo adulto está ciente do mundo à sua volta não funcionam com essas crianças, pois dependem de sua capacidade de relatar o que está percebendo. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science descreve um novo método de leitura cerebral capaz de provar que os bebês são visualmente conscientes — eles vêm um objeto, sabem que o viram e se lembram disso. E isso acontece a partir dos cinco meses de idade, segundo a pesquisa.

Para provar a tese, os pesquisadores estudaram um fenômeno psicológico conhecido como máscara visual. Nele, os cientistas apresentam um objeto para um indivíduo adulto, mas o retiram do campo de visão rapidamente. Se ele for retirado rápido o suficiente, pode sumir de sua percepção — sua consciência não chega a notar a existência do objeto, mesmo que seu cérebro o tenha registrado.
Os neurocientistas descobriram que leituras cerebrais são capazes de diferenciar os momentos em que o objeto é mostrado de forma rápida demais e passa despercebido de quando ele fica tempo suficiente para marcar seu lugar na memória do indivíduo. No primeiro caso, o cérebro emite um sinal elétrico nos primeiros 200 a 300 milissegundos, indicando que percebeu o objeto de forma inconsciente. No outro caso, existe um segundo sinal elétrico, de natureza diferente, que mostra que o objeto foi visto pelo indivíduo e marcou seu lugar em sua consciência.
No novo estudo, os pesquisadores quiseram ver se a mesma atividade cerebral podia ser vista em bebês. Para isso, selecionaram três grupos de crianças: trinta bebês de cinco meses de idade, 29 de doze meses e 21 de quinze meses. Cada uma teve 128 eletrodos instalados em sua cabeça, que mediam a atividade cerebral enquanto os pesquisadores lhes apresentavam cartões com faces humanas desenhadas.
A pesquisa mostrou que os bebês apresentavam os mesmos dois tipos de atividade elétrica que os adultos, indicando que a mesma arquitetura de percepção já está presente em seu cérebro desde os cinco meses de idade. O sinal, no entanto, foi mais forte e duradouro nas crianças mais velhas. Segundo os pesquisadores, isso mostra que esses mecanismos cerebrais passam por uma aceleração em seu desenvolvimento conforme o indivíduo cresce.
Os neurocientistas sugerem que o teste pode ser usado como um marcador neurológico da consciência nos bebês. Ele já se provou útil para indicar se pacientes que passavam por estados vegetativos estavam conscientes ou não. Agora, eles sugerem que seja usado com o mesmo objetivo em bebês que estejam passando por anestesia ou doenças severas.


Fonte: Revista Veja
 

Música traz benefícios a prematuros


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Prematuro: pesquisa mostrou que cantar ajuda os pequenos a saírem mais rápido da encubadora
 
Até mesmo os Beatles teriam tido dificuldade em reconhecer a própria canção quando Andrea Zalkin a cantou para o filho na unidade neonatal da maternidade.
Mas havia algo de involuntariamente pungente no título da canção que ela escolheu cantar para o bebê: Eight Days a Week (Oito Dias Por Semana, em tradução literal) é mais tempo do que se consegue encaixar no calendário. O bebê de Zalkin, Hudson, nascido 13 semanas precoce, teve muito pouco tempo.
À medida que ela cantava, monitores mostraram os batimentos cardíacos de Hudson desacelerando e a saturação de oxigênio aumentando. Efeitos colaterais como este estavam entre os resultados de um novo estudo sobre o uso da música como remédio para crianças prematuras.
O Centro Médico de Beth Israel, em Nova York, liderou a pesquisa. Realizado em 11 hospitais, o estudo descobriu que a música executada ao vivo pode ser benéfica para os bebês prematuros. Nele, os musicoterapeutas ajudaram os pais a transformar suas músicas favoritas em canções de ninar.
Os pesquisadores concluíram que a música ao vivo, tocada ou cantada, ajudou a abrandar batimentos cardíacos dos bebês, acalmar a respiração, melhorar hábitos de sucção importantes para a alimentação, melhorar o sono e promover estados de alerta silenciosos. Médicos e pesquisadores disseram que, ao reduzir o estresse e estabilizar os sinais vitais, a música pode permitir que crianças concentrem mais energia para ter um desenvolvimento normal.
O estudo, publicado no início de abril no jornal Pediatrics soma-se ao crescente corpo de estudos relacionados à música e os bebês prematuros. Alguns hospitais acreditam que a música é tão eficaz quanto, e mais segura do que, sedar bebês antes de procedimentos como ultrassonografias do coração e de monitoramento do cérebro.
Alguns neonatologistas disseram que os bebês que são tratados com musicoterapia costumam ir embora dos hospitais mais cedo, o que pode auxiliar no desenvolvimento e na união familiar, além de economizar dinheiro.
Os cientistas estão longe de conseguir determinar o impacto da música, e há certamente aqueles que são céticos a respeito de seu valor medicinal. Manoj Kumar, neonatologista do Hospital Infantil Stollery localizado em Edmonton (Canadá), disse que, embora “os estudos tenham demonstrado um benefício da frequência cardíaca e respiratória,” não está claro se realmente comprovou melhorias clínicas, como a remoção de tubos de oxigênio ou alimentação mais cedo, questões que o estudo da Pediatria não chegou a mencionar.

No Beth Israel, Zalkin disse que ter um bebê, de repente, pode ser algo bastante intimidante, ainda mais um que pesava um quilo e meio quando nasceu. Ela resolveu participar do programa de musicoterapia de Beth Israel após a conclusão do estudo.
“Os barulhos assustadores e as pessoas correndo de um lado para o outro, isso é algo que eu não posso mudar”, disse Zalkin.
A terapeuta Angela Ferraiuolo-Thompson mudou o ritmo da canção “Eight Days a Week” para uma valsa lenta e recentemente disse para que Zalkin cantasse a canção de maneira mais lenta para acalmar os soluços de Hudson.
“Isso muda como ele está respirando e a minha maneira de respirar, muda o comportamento dele”, disse Zalkin. “Terapia de música, é algo que você também consegue fazer.”

* Por Pam Belluck

Fonte: New York Times 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Cientistas criam técnica que torna o cérebro transparente

Cérebro transparente
O cérebro transparente de um rato foi o primeiro a ser exibido com a tecnologia. (Howard Hughes Medical Institute/Stanford University/Reuters)
Uma equipe multidisciplinar da Universidade de Stanford, na Califórnia, desenvolveu um método para estudar o cérebro sem alterar sua forma e conexões internas, graças a um processo químico que o torna transparente, anunciou nesta quarta-feira a instituição. Até o momento, o estudo do interior do cérebro implicava seccioná-lo, com a perda consequente de sua estrutura. Graças à nova técnica, batizada Clarity, o membro pode ser estudado como uma peça inteira, sem a necessidade de fatiá-lo.

O procedimento implica na troca das bicapas lipídicas - camadas que envolvem as células cerebrais e as mantêm opacas - por moléculas de um hidrogel transparente. A substituição não afeta a estrutura do cérebro.
Com isso, a nova técnica apresenta um grande potencial para acelerar as pesquisas sobre doenças como o Alzheimer e a esquizofrenia e lançar luz sobre os neurônios vinculados à Síndrome de Down e ao autismo.
"O estudo de sistemas intactos com esse tipo de resolução molecular e em toda sua dimensão foi um objetivo não alcançado na biologia, uma meta que o Clarity começa a cumprir", explicou coordenador do estudo, Karl Deisseroth, que faz parte do departamento de bioengenharia e psiquiatria da Universidade de Stanford.
Teste em ratos — O método, divulgado nesta quarta-feira em um artigo publicado na internet pela revista Nature, foi testado fundamentalmente com cérebros de ratos, mas também passou com sucesso por experiências com peixes-zebra e amostras de cérebro humano.
Os cientistas podem penetrar nele com tecnologia tridimensional, fazer medições e utilizar produtos químicos que permitam distinguir suas estruturas internas por cores. "Nunca mais o estudo em profundidade do nosso órgão tridimensional mais importante ficará limitado por métodos bidimensionais", indicou Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos.

Fonte: Revista Veja

terça-feira, 9 de abril de 2013

Perda de audição: o que é e como evitá-la


Getty Images
Mundo cada dia mais barulhento está gerando perdas auditivas irreversíveis, alertam especialistas
O barulho, e não a idade, é a principal causa da perda auditiva. A menos que se tome providências imediatas para proteger os ouvidos, mais cedo ou mais tarde muitos enfrentarão dificuldade para entender até mesmo simples conversas.
Essa perda auditiva permanente pode ser causada pelos barulhos do dia a dia que nós consideramos como fatos normais da vida.
“A triste verdade é que muitos de nós somos responsáveis por nossa própria perda auditiva”, escreveu Katherine Bouton em seu novo livro, Shouting Won't Help ( Gritar não Ajuda , em livre tradução).
A causa, ela explica, é “o barulho a que nos submetemos dia após dia”. Embora haja inúmeros regulamentos para proteger as pessoas que trabalham em ambientes barulhentos, há relativamente poucos regulamentos sobre a exposição repetida ao ruído fora do ambiente de trabalho: tocadores de música portáteis, shows de rock, secadores de cabelo, sirenes, cortadores de grama, aspiradores de pó, alarmes de carros e outras fontes incontáveis.
Nós vivemos em um mundo barulhento, e ele parece ficar mais barulhento a cada ano. Os ouvidos são instrumentos frágeis. Quando as ondas sonoras entram no ouvido, fazem o tímpano vibrar. As vibrações são transmitidas para a cóclea, no ouvido interno, onde um fluido as carrega para fileiras asseadamente organizadas de células ciliadas. Estas, por sua vez, estimulam as fibras nervosas, cada uma sintonizada em uma frequência diferente. Esses impulsos viajam através dos nervos auditivos até o cérebro, onde são interpretados como, por exemplo, palavras, música ou um veículo se aproximando.
Nascemos com um número fixo de células ciliares; uma vez que elas morrem, não podem ser substituídas, e a sensibilidade auditiva é perdida de forma permanente. Geralmente, a sensibilidade a sons de alta frequência é a primeira a desaparecer, seguida da incapacidade de ouvir as frequências da fala.
Além disso, os efeitos da exposição ao barulho são cumulativos, como Robert V. Harrison, especialista em audição da Universidade de Toronto (Canadá), observou recentemente na revista The International Journal of Pediatrics.
Embora comecemos com um excesso de células ciliares, com repetidos ataques barulhentos, um número suficiente delas é destruído para prejudicar a audição. Portanto, os danos às células ciliares ocorridos no início da vida, como acontece com muitos músicos do rock e com fanáticos por shows de rock, podem aparecer na meia-idade como uma dificuldade em entender as conversas em volta.
O volume do som é medido em decibéis (dB), e o nível no qual o barulho pode causar perda de audição permanente começa em cerca de 85 dB, típicos de um secador, um processador de alimentos ou de um liquidificador.
Michael D. Seidman, diretor de otorrinolaringologia no Hospital Henry Ford West Bloomfield, em Michigan, sugere algumas medidas para evitar a perda de audição no futuro:
Use plugs de ouvido para secar o cabelo ou cortar a grama com um cortador a motor, e para tapar as orelhas quando um veículo de emergência passa com a sirene alta. Proteção de ouvido é uma necessidade para pessoas que usam armas de fogo, assim como para pessoas que dirigem moto ou usam sopradores de neve ou de folhas, furadeiras ou serras elétricas.
Usando fones de ouvido, nunca ouça música no volume máximo . Alguns tocadores de música portáteis produzem níveis de som no ouvido compatíveis com os de um jato decolando. Se você ouve música com fones de ouvido interno ou externo em níveis que bloqueiam as conversas normais, você está, na verdade, liberando golpes letais para as células ciliares dos seus ouvidos, explica Seidman.
Leia com atenção os avisos na embalagem de seu fone de ouvido ou tocador de música . Com grande frequência as pessoas aumentam o volume para não ouvir os ruídos ao redor. Um plano melhor é ajustar um volume máximo enquanto estiver em um ambiente silencioso e nunca passar dele.
Se outras pessoas podem escutar o que você está ouvindo, o volume está muito alto . Alguns aparelhos portáteis vêm com a possibilidade de programar um volume máximo, o que pode fazer o preço a mais valer a pena para pais preocupados em proteger os ouvidos dos filhos.
Se for usar fones internos de ouvido, escolha aqueles que se encaixam confortavelmente e nunca inseri-los muito apertados no canal auditivo . Como alternativa, quando você estiver sozinho e sem risco de perder sinais importantes do ambiente, como um carro que se aproxima, considere usar fones externos com cancelamento de ruído, que bloqueiam os barulhos externos e permitem que você ouça música em um volume mais baixo.
Até mesmo brinquedos feitos para crianças pequenas podem gerar níveis de barulho prejudiciais ao ouvido . A Associação Americana de Fonoaudiologia e Linguagem lista como perigos potenciais as armas de brinquedo, bonecas falantes, carrinhos com buzinas e sirenes, walkie-talkies, brinquedos de borracha de apertar, instrumentos musicais e brinquedos com manivelas. De acordo com a associação, algumas sirenes de brinquedo e brinquedos de borracha podem emitir sons de até 90 dB, tão altos como um cortador de grama.
Pais com audição normal devem testar os brinquedos que emitem sons antes de entregá-los às crianças . A recomendação é: Se o brinquedo soar muito alto, não compre.
* Por Jane E. Brody

Fonte: The New York Times 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Obama lança programa para mapear cérebro humano


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, observa Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), discursar durante o lançamento da Iniciativa BRAIN
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, observa Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), discursar durante o lançamento da Iniciativa BRAIN (Official White House Photo/Chuck Kennedy)
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira um ambicioso programa multidisciplinar que, com um investimento inicial de 110 milhões de dólares, pretende traçar um mapeamento do cérebro humano para auxiliar a cura de doenças como Alzheimer e epilepsia.
"Os Estados Unidos são uma nação de sonhadores, de gente que se arrisca", afirmou Obama no Salão Oval da Casa Branca diante dos cientistas e empresários envolvidos na iniciativa. "Agora é o momento de alcançar um nível de pesquisa e de desenvolvimento que não observávamos desde os tempos mais intensos da corrida espacial", completou o presidente. "Os computadores, a internet e outros avanços nasceram com financiamento do governo, e o próximo grande projeto dos Estados Unidos será a iniciativa do cérebro", ressaltou Obama.
Oficialmente conhecida como Breakthrough Research And Innovation in Neurotechnology (Pesquiva de ponta e inovação em neurotecnologia - BRAIN, na sigla em inglês), a iniciativa tem uma atribuição de 110 milhões de dólares no projeto de orçamento para o período fiscal 2014, que, por sinal, o governo de Obama divulgará ainda neste mês.
No começo do programa, se Obama obtiver o apoio do Congresso, os Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health - NIH) gastarão 40 milhões de dólares, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (Defense Advanced Research Projects Agency - DARPA) do Departamento de Defesa repassará outros 50 milhões de dólares, enquanto a Fundação Nacional de Ciências (National Science Foundation - NSF) cederá outros 20 milhões.
Segundo declarações de cientistas envolvidos no projeto ao jornal The New York Times, a pesquisa demandará recursos federais da ordem de 300 milhões de dólares ao ano. Vários institutos particulares de pesquisa estão envolvidos no projeto, entre eles o Allen Institute, criado pelo milionário fundador da Microsoft Paul Allen, que destinará 60 milhões de dólares ao ano para o projeto, o Howard Hughes Medical Institute, maior instituição de pesquisa médica privada (30 milhões por ano), o Salk Institute (28 milhões de uma vez só) e a Fundação Kavli (4 milhões por dez anos).
Em busca da cura — Entre os objetivos da iniciativa lançada nesta terça-feira, destaca-se o auxílio aos cientistas para encontrar maneiras de tratar, curar e, inclusive, prevenir doenças como o Alzheimer, Parkinson e a epilepsia, além de tentar encontrar maneiras de reparar traumatismos crânio-encefálicos e patologias psiquiátricas.
"Fizemos avanços científicos e tecnológicos assombrosos em apenas poucas décadas, mas ainda não deciframos o mistério desses 1.300 gramas de matéria situados entre nossas orelhas", disse Obama. "Há ali 100 bilhões de neurônios que fazem trilhões de conexões."
Retorno financeiro — Obama já tinha anunciado sua decisão de lançar um programa de prospecção cerebral durante seu discurso sobre o Estado da União, no último dia 12 de fevereiro, quando se referia a outra iniciativa parecida: "cada dólar investido no Projeto Genoma Humano rendeu 141 dólares em benefícios econômicos."
O governo dos EUA investiu 3,8 bilhões de dólares no Projeto Genoma Humano ao longo de 13 anos e, de acordo com alguns analistas, os resultados gerados pela ampla pesquisa geraram aproximadamente 796 bilhões de dólares em atividade econômica.
Mapeamento minucioso — A iniciativa do BRAIN foi iniciada em uma conferência de neurocientistas em 2011 na Inglaterra, onde foi proposto um esforço de grande magnitude e coordenado para o desenvolvimento de tecnologias para o estudo da atividade do cérebro e para "medir cada faísca de cada neurônio" em um circuito neural.
O estudo das complexas estruturas neurais do cérebro poderia combinar ferramentas tradicionais, como imagens de ressonância magnética, com tecnologias mais inovadoras, como os nanossensores e as sondas sem fios de fibra óptica implantadas no cérebro, além de células modificadas geneticamente que podem ser conectadas com células do cérebro para registrar sua atividade.
Ralph Greenspan, co-diretor do Instituto Kavli para o Cérebro e Mente na Universidade de Columbia, afirmou que "o projeto de mapeamento cerebral é diferente do Projeto Genoma, já que essa questão se mostra muito mais complexa. Foi muito fácil definir qual era a meta do Projeto Genoma Humano. Mas, neste caso, temos uma questão mais difícil e fascinante: quais são os padrões de atividade em todo o cérebro e, em última instância, como eles funcionam", afirmou Greenspan.
Além das novas nanotecnologias, o plano mobilizará a enorme capacidade de processamento, análise e combinação de dados nos computadores, o que atraiu empresas como Google, Microsoft e Qualcomm.
Cientista-em-chefe — A iniciativa norte-americana divulgada por Obama não é a única anunciada neste ano sobre o cérebro. Em janeiro, foi lançado um projeto europeu com orçamento de 1 bilhão de euros (1,283 bilhão de dólares) para uma pesquisa chefiada por um grupo suíço, destinada a produzir um modelo do cérebro baseado em uma simulação feita por um supercomputador, usando as pesquisas feitas até agora sobre as funções cerebrais.
No evento de lançamento do projeto na Casa Branca, Obama foi apresentado como o "cientista-em-chefe" pelo diretor do NIH, Francis Collins, e sua administração não hesita em demonstrar que, apesar dos tempos de austeridade, os investimentos em ciência são essenciais.
"Estou feliz por ter sido promovido a cientista-em-chefe - levando-se em conta minhas notas em física, não sei se eu merecia", disse o presidente. "Mas dou à ciência a importância adequada, então talvez eu tenha algum crédito", completou.
No entanto, a iniciativa também tem seus críticos. "Uma coisa é que se atribuam fundos para a neurociência. Outra coisa é termos um projeto centralizado de dez anos para 'resolver o cérebro'', criticou em seu blog o biólogo Michael Eisen, da Universidade da Califórnia.

Fonte: Revista Veja

terça-feira, 2 de abril de 2013

Pais ajudam crianças autistas a darem e receberem afeto

Aos dois anos de idade, o caçula da família Fonseca, João Pedro, foi diagnosticado como portador do transtorno autista. Desde então, o menino fez - e faz - cair por terra os estereótipos disseminados sobre o problema no desenvolvimento infantil que afeta um milhão de pessoas do Brasil, conforme contabilizou o Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
"Quem olha para o João Pedro, hoje com nove anos, cantando, feliz, brincando e sendo este menino que é carinho puro, duvida que ele seja autista. Deve ser porque eu nunca duvidei do turbilhão de sentimentos e capacidades que sempre moraram dentro do meu filho”, avalia Denise Fonseca, 40, que é professora e faz parte de um grupo de mães de autistas do Rio de Janeiro, o Mundo Azul.
“Graças à terapia precoce e a nossa não desistência, todas essas sensações foram, pouco a pouco, traduzidas em beijos e abraços diários”, completa.
 
Causas e consequências 
Os especialistas ainda não conseguem afirmar com clareza quais são as causas do autismo - condição que não é detectada por exames no pré-natal e, na maior parte das vezes, só se manifesta a partir dos dois anos de idade. Mas os estudiosos sabem que os principais sintomas do espectro autista - dificuldade na fala, na comunicação, de fazer contato visual e estabelecer relação com o entorno - contribuíram para disseminar duas informações equivocadas e perigosas sobre eles. 
“Um dos maiores perigos de acreditar que o autista é incapaz de afeto e que não vive no mesmo mundo que o nosso é que, assim, ele acaba subestimado e diminui as chances de desenvolvimento da criança”, alerta a psicomotricista e pedagoga Eliana Boralli Mota, fundadora da AUMA (Associação dos Amigos da Criança Autista).“Eu trabalho há 24 anos na área e conheci autistas de todos os lugares: Brasil, América Latina, Europa e Japão. Em todos os casos, sempre encontrei neles o idioma universal do afeto. Mas é preciso um trabalho para ajudá-los a organizar estas sensações e então manifestá-las", orienta Eliana. 
 
Preconceito no consultório 
Os potenciais afetivos e de capacidades dos autistas são minados pelo preconceito e pela falta de informação presentes, inclusive, em parte dos psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Eliana, por exemplo, antes de virar especialista na área, levou a filha Nathália, na época com três anos, à clínica de um dos nomes mais famosos do tratamento de autistas dos anos 1990.
“O médico disse que minha filha nunca seria capaz de falar. Sentenciou que, em 15 anos, ela estaria internada em uma clínica, com camisa de força”, lembra a mãe que ficou incomodada com a rapidez de um prognóstico tão severo, dado após um único contato com a menina.
“Eu não me conformei com aquelas informações e fui atrás de outras possibilidades. Hoje, a Nathália está com 27 anos, é alfabetizada, uma pessoa cheia de vontades e bem temperamental. Tenho um orgulho danado quando a vejo expressar sensações das mais elaboradas. Ela sempre diz ter saudade de mim", diz a mãe que atua para levar estas possibilidades de convívio afetivo dos autistas a outros pais.
Arquivo pessoal
João Pedro foi diagnosticado como portador do transtorno autista aos dois anos de idade
Sensações aguçadas
As descrições científicas sobre os autistas confirmam que o caminho entre "sentir" e "manifestar" é mais complicado para eles do que para os não portadores do transtorno. De acordo com as descrições dos catálogos médicos “há modificação na captação e organização sensorial da audição, visão, paladar, olfato e tato”. Estas alterações comprometem a capacidade de imitação, percepções, coordenação motora e integração por vias sensoriais.
“A maior dificuldade do autista é se colocar no lugar do outro", define a fonoaudióloga Aline Kabarite, diretora do Instituto Priorit - entidade que oferece atendimento multifatorial (psicologia, dança, esporte, teatro e terapia) a cerca de 100 crianças e adolescentes autistas.
Aline explica que as sensações para o autista são, em alguns casos, muito mais aguçadas. “Às vezes, um som que passa despercebido para outras pessoas provoca um incômodo terrível nos autistas. Um abraço não desperta, imediatamente, prazer, e sim, desconforto”, informa.
Por isso, explica ela, o trabalho com os autistas tem como objetivo fazer com que eles fiquem adaptados a uma forma de linguagem que torne mais fácil expressar as sensações e receber essas informações.
“É um refinamento social e é importante que os pais reconheçam as formas de afeto que inicialmente podem estar ocultas”, diz ao citar exemplos. “Enquanto a criança autista não reconhece como processar o carinho da mesma maneira que nós estamos acostumados, para ela fazer um desenho, preparar um café da manhã ou colocar a mão no ombro podem ser maneiras mais elaboradas de expor suas sensações afetivas.”


Receio inicial
Com o trabalho multifatorial, afirmam os especialistas, paulatinamente, essas expressões de sensações ficam menos codificadas e já não exigem a “tecla SAP” por parte dos pais, irmãos ou professores. É fato que alguns autistas apresentam sintomas mais leves, outros mais moderados e existem os casos severo. Essas modulações interferem na interação com o entorno.
Em todos os casos, solicita Roberta Marcell, especializada em neuropsicologia e saúde mental e desenvolvimento infanto-Juvenil pela Santa Casa do Rio de Janeiro, o importante é não abrir mão da comunicação pelo caminho do afeto com os filhos.
Divulgação
Eliana e a filha Nathália, com 27 anos: 'Disseram que ela nunca falaria. Nathália hoje é alfabetizada e expressa sensações elaboradas, como a saudade'
“Mesmo que os pais tenham dificuldade em reconhecer o carinho dos filhos, eles não devem desistir de demonstrar o amor que sentem pela criança. Essa construção de relação não deve ser abandonada nunca.”
Alessandra Rodrigues Pereira, 35, é exemplo. Quando recebeu o diagnóstico de autismo do filho Eduardo, então com um ano e sete meses de vida, foi invadida por um temor. “Naquele momento, eu perdi meu filho. Não apenas o filho idealizado, eu perdi aquele bebê saudável, que dava lindas gargalhadas, mandava beijos. Naquele momento, eu temia o futuro.”
A suspeita de que Eduardo se desenvolvia de maneira diferente das outras crianças veio com uma comparação próxima. O garoto é irmão gêmeo de Luísa e ela crescia em um compasso diferente do que regia o irmão. Alessandra, funcionária pública do Ceará, procurou ajuda terapêutica para o filho o mais rápido possível. A decisão surtiu efeito, pois, com ela, a mãe também aprendeu que aquele estereótipo “pessoa isolada, estagnada, que passava o tempo inteiro balançando o corpo e não se comunicava com ninguém não correspondia à realidade.”
“Hoje eu tenho uma criança que corre, sorri, tenta mostrar o que quer – embora não fale”, diz a mãe sobre o menino que faz acompanhamento com psicóloga, neuropediatra, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional e tem aquela bela ajuda de Luísa que trata o irmão sem ressalvas ou limitações.
Eduardo sempre surpreende Alessandra “com a mãozinha dele no meu cabelo enquanto estou dirigindo”. Nathália sempre quando observa a mãe cansada, pergunta “o que aconteceu com você?”, questionamento que Eliana quase não ouve de outras pessoas. João Pedro, fã de Skank e NX Zero – grupos que aprendeu a gostar por influência do irmão Jorge - parece ter o radar ligado sobre o que acontece em sua volta. Só um exemplo, cita a mãe Denise: “Se escuta, lá longe, alguém espirrando, já grita ‘saúde’”.

Fonte: IG

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Estudo reforça que não há relação entre vacinas e autismo


O público alvo da Campanha de Vacinação contra a gripe são idosos, crianças entre seis meses e dois anos de idade, gestantes em qualquer período da gravidez, indígenas, profissionais da saúde e a população prisional
Calendário de vacinação: de acordo com a pesquisa, até os dois anos de vida o bebê entra em contato com 315 antígenos (Thinkstock)
Embora evidências científicas já tenham demonstrado que o calendário de vacinação infantil não tem relação com o desenvolvimento de autismo, cerca de um terço dos pais ainda não se sentem confortáveis sobre o assunto. Aproximadamente 10% se negam a vacinar ou atrasam as vacinas dos filhos, porque acreditam que isso é mais seguro do que seguir a agenda proposta. A principal preocupação está no alto número de vacinas que a criança recebe até os dois anos de vida. Mas, de acordo com estudo publicado no The Journal of Pediatrics, os pais não têm motivos para se preocupar. Segundo a pesquisa, não há associação entre o grande número de doses dadas em um espaço curto de tempo e o desenvolvimento do autismo.
No levantamento feito pelo médico Frank DeStefano e equipe foram analisados dados de 256 crianças com transtornos do espectro autista (TEA) e 752 sem a doença. Todas tinham nascido entre 1994 e 1999. Foi analisado o número máximo de antígenos que cada criança recebeu em um único dia de vacinação e também a exposição individual e cumulativa de cada criança aos antígenos das vacinas. Os antígenos são substâncias que levam o sistema imunológico a produzir anticorpos para combater doenças.
Determinou-se, então, o número total de antígenos que são dados em um único dia e no total de dois anos. Os autores descobriram que o número de antígenos das duas situações eram iguais para crianças com autismo e para aquelas sem a doença. Embora o calendário da vacinação contenha hoje mais vacinas do que o calendário do fim da década de 1990, o número máximo de antígenos a que uma criança é exposta até os dois anos é de 315 — em comparação a milhares do fim da década de 1990. Como diferentes tipos de vacina contêm diferentes quantidades de antígenos, apenas somar o número de vacinas que a criança recebe não reflete na quantia de antígenos. Um exemplo é a vacina para coqueluche. Na versão antiga, a criança chegava a produzir cerca de 3.000 anticorpos diferentes, enquanto na nova, essa produção é de apenas seis anticorpos.
O sistema imunológico de uma criança é capaz de responder a um grande número de estímulos imunológicos. Desde o nascimento, ela é exposta a centenas de vírus e a um número incontável de antígenos por meio de outras fontes que não a vacina. “A possibilidade de que essas vacinas estejam relacionadas ao desenvolvimento do autismo não tem base no que se sabe sobre a neurobiologia da doença”, dizem os autores no estudo. Em 2004, uma revisão realizada pelo Instituto de Medicina já havia concluído que não há relação causal entre as vacinas e o autismo.

Fonte: Revista  Veja