segunda-feira, 23 de maio de 2011

Médicos 'desligam' metade do cérebro de criança em operação pioneira

Angelina e os pais, Stephen e Lisa (Foto: BBC)
               Após a cirurgia de Angelina, pais dizem que estão tendo vida 'normal' pela primeira vez na vida




Em uma cirurgia pioneira, médicos "desligaram" metade do cérebro de uma menina de um ano de idade portadora de uma doença neurológica rara que acarreta frequentes convulsões.
Angelina Mills, de Norfolk, no leste da Inglaterra, apresentou os primeiros sintomas da síndrome de Sturge-Weber no nascimento, quando a doença normalmente se manifesta.
A síndrome congênita é causada por má formação nos vasos de um dos lados do cérebro, normalmente o mais fraco. É comum que a doença seja acompanhada de convulsões e cause dificuldade de aprendizado.
Como praxe, o tratamento da síndrome de Sturge-Weber é sintomático, através do uso de medicamentos anticonvulsantes, terapia física para reduzir a fraqueza, cirurgia plástica para remover a mancha e monitoramento de sinais de glaucoma.
A cirurgia que "desligou" o lado afetado do cérebro de Angelina, conduzida no hospital infantil de Great Ormond Stret, em Londres, foi considerada "pioneira".
Abalo
"Sabíamos que havia uma chance de Angelina ter a síndrome porque havíamos lido (sobre isso) na internet, mas eu continuava otimista", disse à BBC o pai da menina, Stephen Mills.
Ele contou que não quis acreditar a princípio que sua filha sofresse da condição, apesar de Angelina ter nascido com uma mancha vermelha no rosto, um dos sintomas da doença, causada pelo inchaço dos vasos.
"As primeiras convulsões abalam tanto que é difícil acreditar no que está acontecendo. Não parecia real."
A mãe de Angelina, Lisa Massingham, disse que a doença praticamente eliminou a vida social da família, que evitava fazer programas fora de casa por temor de convulsões.
"Durante nove meses, desde que ela tinha 18 semanas, nunca saíamos de casa com Angelina. Ela tinha convulsões todos os dias. Era assustador", afirmou.
"Sabíamos que tantas convulsões poderiam levar a um ataque e ela poderia morrer."
Choque
O casal disse que ficou em choque quando o hospital sugeriu desligar a camada mais externa do lado direito do cérebro de Angelina.
A princípio, disse Stephen, os pais tinham dificuldade até de falar no assunto.
"A princípio, aceitar algo tão drástico foi demais para mim, quanto mais conversar sobre isso com Lisa", disse.
"Não conseguíamos liberar as nossas emoções", acrescentou Lisa.
Depois da cirurgia, Angelina agora é "uma criança totalmente diferente", diz a mãe. A menina é bastante "ativa" e a família pode levar uma vida normal.
"Desde a operação, ela nunca mais teve convulsões. Cruzo os dedos todos os dias para não voltem a acontecer, e elas nunca mais aconteceram", disse a mãe.
"Angelina é uma garota brilhante e vê-la me traz inspiração todos os dias."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2011/05/110523_crianca_cerebro_pu.shtml

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Paraplégico consegue levantar e se mover após tratamento com estímulo elétrico

Americano havia perdido movimentos após acidente de carro; especialistas advertem que possibilidade de 'cura' ainda está longe.

Da BBC Brasil

O americano Rob Summers (Foto: AP) 
O americano Rob Summers (Foto: AP)
Um americano que perdeu os movimentos do tronco para baixo após sofrer um acidente de carro agora consegue se levantar, graças a um estímulo elétrico em sua espinha dorsal. Rob Summers, do Estado de Oregon, disse que ficar de pé sozinho 'é uma sensação incrível'.
Ele consegue mover voluntariamente seus dedos do pé, quadris, joelhos e tornozelos, além de andar em uma esteira com ajuda de terceiros, segundo pesquisa publicada no periódico especializado The Lancet. Mas um especialista britânico adverte que o caso não deve ser interpretado como a descoberta da cura para casos de paraplegia.
Eletrodos
Summers foi um bem-sucedido jogador de basquete até 2006, ano em que foi atropelado e teve sua espinha dorsal danificada.Com isso, sinais enviados pelo seu cérebro, que antes 'viajavam' pela espinha dorsal, foram bloqueados, e ele ficou paralisado. Agora, médicos implantaram 16 eletrodos em sua espinha.
Summers começou a ensaiar diariamente tentativas de se levantar e mover as pernas, enquanto sinais eletrônicos eram enviados para a espinha dorsal. Em questão de dias, ele conseguiu se levantar sozinho e, depois, obteve controle sobre suas pernas, de forma a dar alguns passos, por curtos períodos de tempo e com o amparo de ajudantes.
Ele recobrou, também, controle sobre funções corporais, como o funcionamento de sua bexiga. 'Nenhum de nós acreditou', disse o professor Reggie Edgerton, da Universidade da Califórnia.
Para Summers, 'foi uma longa jornada, de incontáveis horas de treinamento, que mudaram a minha vida completamente'. 'Para alguém que, durante quatro anos, não pôde mover sequer um dedo, ter a liberdade e a habilidade de levantar sozinho é uma sensação incrível', disse.
Advertências
Há outros quatro pacientes na fila para receberem tratamento semelhante ao de Summers.
O estudo prova que o estímulo elétrico pode ter sucesso, mas, para o professor Geoffrey Raisman, do Instituto de Neurologia da universidade britânica UCL, ainda que o caso seja de grande interesse, a aplicação desse tipo de tratamento no futuro 'não pode ser julgada com base em apenas um paciente'.
'Do ponto de vista das pessoas que sofreram lesões na espinha dorsal, futuros testes do procedimento podem criar mais uma abordagem de obter benefícios. Não se trata da cura.'
A médica Melissa Andrews, do Centro de Recuperação Cerebral, de Cambridge, 'as pessoas devem ler (o estudo) e saber que a possibilidade existe, mas pode não chegar amanhã. É o mais perto (da cura a paralisias) que já chegamos, e a melhor esperança no momento'.
Para Summers, sua história é uma 'mensagem de esperança para pessoas paralíticas quanto à (possibilidade) de andar novamente. É uma grande possibilidade'.

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/05/paraplegico-consegue-levantar-e-se-mover-apos-tratamento-com-estimulo-eletrico.html

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os andadores podem ser perigosos

Andador de bebê
O andador infantil está sempre no centro de polêmicas quanto aos seus benefícios e malefícios. Mas a questão não é tão simples para que seja classificado como bom ou mal à criança. Os riscos de acidentes existem.
Uma informação importante é que no Canadá a venda dos andadores infantis foi proibida. Países como os Estados Unidos também querem a sua proibição. O motivo mais importante para a eliminação desses andadores é o grande números de acidentes graves envolvendo crianças e andadores. A maioria das crianças que se acidentaram com o andador sofreu traumatismo craniano e, em alguns casos, faleceram.
Ingrid Emanuelson, uma pesquisadora sueca, publicou uma análise dos casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos. Ela considerou o andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground.
Os andadores em que a crianças ficam sentada no meio com os pezinhos empurrando o utensílio podem chegar à velocidade de 1 metro por segundo. Qualquer objeto que trave a sua rodinha pode tombar o andador e a primeira parte do corpo a ser projetada ao chão é a cabeça. Daí o risco.
A escada é outro perigo: ”É muito comum a queda do andador em escadas, e as lesões decorrentes desta queda sempre são graves, com trauma de crânio e hospitalização”, relata o pediatra Emílio Carlos Elias Baracat.
Há outro tipo de andador em que a criança só se apoia e empurra. Estes também podem acarretar acidentes, mas em menor proporção e gravidade do que os anteriores. Não chega a velocidades grandes. E se a criança escorregar é mais difícil que a cabeça seja a primeira parte do corpo a tocar o chão.
Atenção dos responsáveis é fundamental - Os pais pensam no andador como uma ajuda para a independência dos filhos. Com os filhos colocados dentro do aparato, os pais se consideram mais tranquilos para que possam fazer a comida, passar roupa ou assistir televisão, deixando-os sozinhos. Engano grande. Com o andador, a atenção deve ser redobrada.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um estudo com 40 crianças (metade usou andador e outra metade não) e concluiu que o andador não traz benefícios e nem prejuízos quanto ao desenvolvimento motor da criança.
“Uma das principais restrições ao andador dizia respeito ao alto número de acidentes que ele pode provocar, mas percebemos que isso é consequência da negligência dos pais. Independentemente do uso do andador, eles devem estar sempre atentos aos filhos nessa fase de exploração e descobertas”, afirma Marisa Mancini, orientadora do projeto do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG.
Se os pais optarem pelo andador, seu uso deve ser sempre supervisionado e com tempo limitado para que a criança possa explorar o seu ambiente de formas diferentes, se desenvolvendo bem tanto motora como cognitivamente.

http://guiadobebe.uol.com.br/os-andadores-podem-ser-perigosos/

Falta acessibilidade nos colégios regulares

Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Andressa frequenta uma escola estadual pouco adaptada a cadeirantes.  Ela terá aula de matemática só no ano que vem, porque para chegar na sala existe uma escadaria Andressa frequenta uma escola estadual pouco adaptada a cadeirantes. Ela terá aula de matemática só no ano que vem, porque para chegar na sala existe uma escadaria
Inclusão

Falta acessibilidade nos colégios regulares

Estrutura arquitetônica inadequada atrapalha locomoção de alunos com deficiência física. Principalmente em escolas estaduais
Publicado em 09/05/2011 | Jônatas Dias Lima e Rafael Costa, especial para a Gazeta do Povo



Quando Cleia Camargo dos Santos transferiu a filha Andressa, 17 anos, de uma escola especial para uma de ensino regular não esperava ter de lutar tanto para conseguir uma rampa. Assim como o irmão Geovani, 15 anos, Andressa nasceu prematura e teve paralisia cerebral. Por ser cadeirante, depende de infraestrutura adequada para ter acesso aos ambientes do colégio, mas, como em 77% das escolas do país que atendem do 6.º ao 9.º do ensino fundamental, segundo o Censo Escolar 2010, o colégio de Andressa não apresenta as condições básicas para receber pessoas com deficiência.
As dificuldades para Andressa estudar no ensino regular começaram no momento da matrícula. Segundo a mãe Cleia, o Colégio Estadual Maria Montessori, em Curitiba, não queria aceitar a aluna por não ter condições para receber cadeirantes. Quando Cleia conseguiu a vaga, o problema passou a ser vencer a ausência de uma estrutura básica de acessibilidade. “No começo íamos sempre eu e meu marido e erguíamos a cadeira de rodas para subir a escada. Demorou um pouco para fazerem rampas“, conta Cleia. Uma das rampas hoje existente foi paga por um candidato a deputado estadual.

Uma estrutura preparada para receber pessoas com deficiência física nas escolas regulares não pode se limitar a colocar rampas ao lado de escadas.

Geovani, irmão de Andressa, estuda em uma escola municipal adaptada
Simplesmente entrar no edifício da escola, porém, não deu a Andressa acesso igual aos demais alunos. “Eu dependia dos outros para tudo. Para descer no refeitório quatro amigos tinham de ajudar. O banheiro eu não usava”, conta a estudante, lembrando dos primeiros meses no colégio. Hoje, o antigo banheiro dos professores foi adaptado e está em uso. Uma longa escadaria, entretanto, ainda impede que Andressa assista às aulas de matemática no segundo andar, disciplina que só estudará no próximo ano, após uma adaptação na grade curricular.
O caso de Geovani foi resolvido de maneira mais simples. A Escola Municipal Eny Caldeira já contava com as rampas e barras necessárias para cadeirantes e, desde o início do ano letivo, o aluno pode chegar aos mesmos ambientes que os outros estudantes. “Tinha sempre alguém para acompanhá-lo no recreio e as crianças o aceitaram muito bem”, conta a mãe.
Desde que os filhos saíram da Escola de Educação Especial Nabil Tacla, que atende apenas até o 4.º ano do ensino fundamental, a rotina de Cleia e do marido Daniel mudou completamente. Até o ano passado, um ônibus adaptado para pessoas com deficiência fazia o transporte de Andressa e Geovani, ambos tinham fisioterapia, hidroginástica e eram atendidos por um ortopedista no local. Agora, em escolas regulares, Cleia terá de deixar o emprego para manter o acompanhamento médico dos filhos.

Números
De acordo com a prefeitura, das 179 escolas municipais de Curitiba, cerca de 70% já passou por processo de adaptação. As unidades, no entanto, só são reformadas quando uma criança com deficiência passa a frequentar as aulas. Na rede estadual a situação é mais crítica. Segundo a Secretaria de Estado da Educação, dos 2.150 prédios escolares, apenas 110 têm condições de acessibilidade (pouco mais de 5%). A secretaria justifica que o baixo número de escolas adequadas deve-se ao tempo de construção dos edifícios: 50% têm mais de 30 anos e as primeiras normas arquitetônicas referentes à acessibilidade datam de 1983.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Cirurgiões criam novo crânio para menino com doença genética

BBC Brasil | 05/05/2011 11:39


Foto: Kitty Gale/Landmark Films
 
Finley esperou 12 meses para realizar a cirurgia
Em um dos lados da sala de cirurgia, o menino Finley, com um ano de idade, está inconsciente.
O crânio do paciente foi removido e seu cérebro está exposto. Do outro lado da sala, o especialista em cirurgias plásticas de reconstrução David Johnson corta, serra e separa as diversas partes do crânio de Finley antes de juntá-las novamente para criar um crânio com novo formato.
Dentro de 30 minutos, o médico começará a colocar o crânio remodelado sobre o cérebro de Finley, costurando o couro cabeludo do paciente, em zigue-zague, de uma orelha até a outra.
No andar de cima, na sala de espera do John Radcliffe Hospital, em Oxford, na Inglaterra, os pais de Finley aguardam, ansiosos, pela notícia de que a operação correu bem e de que seu bebê está seguro.
Foram doze longos meses de espera para o casal Diane e Lee Amey.

Diferente
Quando Finley nasceu, em Salisbury, na Inglaterra, seus pais logo notaram que ele era diferente. "Sua cabeça tinha um formato estranho, com um chifre, como um rinoceronte", disse o pai. "Suas mãos estavam grudadas e seus olhos eram esbugalhados".
A família foi vista pela Unidade Craniofacial do John Radcliffe Hospital e os médicos constataram que Finley sofria de uma rara condição genética chamada Síndrome de Apert.
Crianças que sofrem desta síndrome apresentam vários problemas associados ao crescimento.
Todos nós temos suturas em nossos crânios, elas permitem que o cérebro em crescimento empurre as placas do crânio para que ele se expanda. Em crianças com Síndrome de Apert, no entanto, as suturas são coladas. Isto explica o formato distorcido do crânio de Finley e os olhos esbugalhados.
Na medida em que o cérebro cresce, a pressão pode aumentar dentro do espaço restrito no interior do crânio da criança e isto pode ser perigoso. O hospital faz complexas cirurgias para remodelar o crânio dos bebês, criando espaço para que o cérebro cresça.
É uma cirurgia extraordinária.
"É como carpintaria em 3D", disse David Johnson. "Muitas das técnicas que usamos são similares (às da carpintaria), porém o material com que trabalhamos é osso".
Após quatro ou cinco horas, a cirurgia de Finley é concluída e ele é levado para a UTI.
Os pais veem um bebê que parece diferente após a cirurgia e que é capaz, pela primeira vez, de fechar seus olhos. No entanto, esta não é a última cirurgia a que o menino terá de ser submetido.

Síndrome de Apert
Bebês que sofrem da Síndrome de Apert nascem com os dedos das mãos e dos pés colados, então Finley será submetido a outras cirurgias para que consiga usar suas mãos.
E embora o problema com seu crânio tenha sido resolvido, sua face não crescerá em proporções normais.

Dentro de alguns anos, uma outra operação vai separar os ossos de seu rosto. Depois, ao longo de alguns meses, uma estrutura de metal colocada em sua cabeça irá empurrar os ossos de sua face para a frente.
A equipe do John Radcliffe Hospital faz três grandes cirurgias de cabeça por semana. No entanto, apenas 20% dos pacientes com Síndrome de Apert têm uma alteração genética que requer várias operações.
Na maioria dos casos, os bebês nascem com uma das suturas da cabeça colada, normalmente em consequência de pressão mecânica no útero. Nesses casos, apenas uma operação para remodelar seus crânios é necessária.
Além dos cirurgiões plásticos, as crianças são vistas por neurocirurgiões, fonoaudiólogos, optometristas e psicólogos.

Os terapeutas oferecem suporte aos pais durante períodos de estresse e também os auxiliam a lidar com o estigma associado à síndrome.
"O mais difícil são as pessoas olhando para ele", disse o pai de Finley, Lee Amey. "No começo, achava isso muito difícil, mas hoje incentivo as pessoas a fazer perguntas para que eu possa explicar o que aconteceu".
"Finley não é diferente de ninguém. Ele apenas parece diferente".