sexta-feira, 30 de março de 2012

O Funcionamento das Cordas Vocais


quarta-feira, 28 de março de 2012

Crianças e adolescentes estão lendo menos, indica pesquisa

VALE ESTE Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro (Foto: Editoria de Arte/G1)


Do G1, em São Paulo

Crianças e adolescentes estão lendo menos livros, segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que a Fundação Pró-Livro vai publicar na tarde desta quarta-feira (28), elaborada em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com dados antecipados com exclusividade para o G1, o estudo do mercado dedicado a conhecer o perfil do leitor brasileiro apontou queda no índice de leitura em todas as faixas etárias de crianças e adolescentes.
Na primeira faixa etária, a das crianças (de 5 aos 10 anos), a média registrada foi de 5,4 livros por criança. Em 2007, porém, a mesma marca era de 6,9 livros por leitores desta faixa etária. Entre os pré-adolescentes (11 a 13 anos), o índice caiu de 8,5 livros em 2007 para 6,9 livros em 2011. Entre os adolescentes (14 a 17 anos), a média também caiu de 6,6 livros para 5,9 livros na pesquisa divulgada nesta quarta-feira (veja gráfico ao lado). “Esperamos que os cenários apresentados possam contribuir para a avaliação e a implementação de políticas públicas que melhorem os índices de leitura no Brasil”, destacou a presidente do Instituto Pró-Livro, Karine Pansa.
Entre as crianças, os livros infantis predominam no gênero preferido com 66%, seguido pelos livros didáticos (47%) e as histórias em quadrinhos (36%). Na faixa dos 11 aos 13 anos, os livros didáticos repetem a marca de 47%, seguidos pelos infantis (34%), quadrinhos (33%) e contos (30%). Na faixa etária de 14 a 17 anos, cresce a influência dos livros didáticos (55%), e aparecem os romances com 41%, contos (30%), livros de poesia (28%) e livros juvenis (26%).
A obrigação de ler o livro por exigência da escola é a maior motivação de crianças e jovens para a leitura, de acordo com a pesquisa. O índice neste item começa em 79% para crianças de 5 a 10 anos, e cai um pouco para 72% na faixa dos 11 a 13 anos, e para 70% dos 14 aos 17 anos.
O índice de leitura por prazer, gosto ou necessidade espontânea vai de 40% a 47% entre as crianças e jovens ouvidos na pesquisa.
A pesquisa mostra ainda que a Bíblia é um gênero muito presente na leitura de crianças e jovens, com média de 24% nas faixas etárias dos mais novos e na dos mais velhos.
Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro (Foto: Editoria de Arte/G1)

Escolas e pais não estão preparados para inclusão

Violência contra criança em Brasília levanta debate sobre a necessidade de melhorar formação de professores para as diferenças

Priscilla Borges, iG Brasília
Uma mordida em uma sala de aula em Brasília provocou nos últimos dias reações de indignação, tristeza, frustração e, principalmente, preocupação. Ao contrário do que se poderia esperar, a violência contra uma criança de seis anos não partiu de um colega, mas de uma educadora. A agressão, protagonizada por uma estagiária em treinamento para ser professora, alerta para uma realidade já conhecida por especialistas, mas pouco percebida pela maioria da sociedade: as escolas não estão preparadas para a inclusão.
O episódio ocorreu em uma escola particular de área nobre que há mais de 30 anos atende crianças que necessitam de atendimento diferenciado para aprenderem, como a criança agredida. Essa, aliás, foi a razão pela qual a família procurou a instituição há cerca de três anos. A experiência do colégio, no entanto, não foi capaz de impedir a grave situação.



Segundo relatos ouvidos pelo iG da família e na escola, a criança disputava alguns brinquedos com um colega, quando a professora auxiliar, que era estagiária, teria tentado impedir uma briga entre eles. O menino tentou se desvencilhar e mordeu o braço dela. No depoimento que deu à escola, a auxiliar confessou que não soube como agir, se desesperou e revidou a mordida. No rosto da criança.
A mãe, quando viu marca na bochecha do filho, pensou que fosse batom. Lavou. Passou demaquilante. Mas não saiu. Ao perguntar à criança o que tinha ocorrido, custou a acreditar no que ele dizia: a professora auxiliar havia o agredido. Desesperada, voltou à escola para saber o que tinha acontecido, se alguém havia visto algo. Saiu de lá com promessas de investigação e começou a vasculhar na memória comentários da criança sobre o colégio. “Ele já havia me dado diversos sinais de que não estava feliz”, recorda.
Para os especialistas, o caso exemplifica a falta de preparo das escolas e da sociedade para lidar com as diferenças. “O aluno ideal, que fica sentadinho e quietinho, sempre disponível para aprender, não existe. A inclusão desperta os educadores para a real função da escola: atender alunos diferentes, garantindo a todos o direito de aprender”, destaca Amaralina Miranda de Souza, coordenadora da área de educação especial inclusiva da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).
“A maior parte dos colégios, infelizmente, não está pronta para a inclusão. Temos normas e diretrizes para promover a educação inclusiva, adequadas e avançadas, mas esse ainda é um desafio a superar”, ressalta César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ele diz que os sistemas de ensino não tomaram providências para garantir esse direito.

Primeiro desafio: os professores
Os especialistas são unânimes em afirmar que, para garantir a inclusão plena das crianças que possuem necessidades especiais, a formação daquele que lida diretamente com elas, o professor, precisa mudar. A maioria dos docentes brasileiros não aprendeu durante a faculdade como trabalhar com os diferentes tipos de deficiências, síndromes e transtornos possíveis de acometer qualquer criança.
“Se todos os professores fossem capacitados para lidar com todas essas síndromes, ninguém jamais seria excluído. Mas eles não saem da faculdade preparados”, lamenta Antonia de Maria Soares, diretora da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, que há 40 anos atende estudantes com necessidades especiais. Hoje, 10% do total de 345 alunos recebem atendimento diferenciado. A maioria deles é deficiente auditivo e acompanha as aulas por meio de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A diretora da escola em que a criança foi agredida admite que não é fácil encontrar profissionais capacitados e dispostos a enfrentar as dificuldades do ensino especial. Para superar essa dificuldade, o colégio faz treinamento com os profissionais contratados.
Até agora, a escola não havia vivenciado um caso de agressão contra uma criança. A diretora conta que já teve professor que pediu para sair da escola com menos de um mês de trabalho e outro que precisou ser demitido porque não conseguia se adaptar. A estagiária que agrediu a criança foi desligada na manhã seguinte à agressão, por justa causa. “Não poderíamos admitir esse tipo de reação. Mas não podemos crucificá-la. As crianças gostavam dela e não é fácil ser agredido também”, afirma.
Denise Machado Guimarães, coordenadora de ensino especial da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, também lamenta que os professores sejam tão condenados quando “perdem a cabeça”. “Não podemos defender esse tipo de atitude, é claro. Mas julgamos situações que não conhecemos, dificuldades que não sabemos. O professor ainda é pouco ouvido nesse processo da inclusão pedagógica de crianças especiais”, pondera.
Amaralina de Souza acredita que a formação dos professores já melhorou em relação ao tema. Na UnB, por exemplo, os alunos do curso de pedagogia já frequentam duas disciplinas obrigatórias sobre educação especial. Até dois anos atrás, essa capacitação era optativa. Segundo a especialista, com a lei que garante o direito de matrícula de crianças com necessidades especiais em qualquer escola, o assunto se tornou indispensável. O próximo passo, na avaliação de Amaralina, é incluir o tema em disciplinas também dos cursos de licenciatura.