Dentro da barriga da mãe, o bebê estava protegido da maior parte das
ameaças do mundo exterior. Agora que está do lado de fora, ele dá a
impressão de que qualquer coisa pode quebrá-lo. Mas a criança não é tão
frágil quanto parece.
É verdade que alguns cuidados são necessários, mas você não precisa
enlouquecer imaginando que tudo pode fazer mal a seu filho. A
infectologista pediátrica Daisy Maria Machado, da USP; a pediatra
Alessandra Kimie Matsuno, da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto), da USP, e o pediatra Renato Procianoy, presidente do
Departamento Científico de Neonatologia da SBP (Sociedade Brasileira de
Pediatria), apontam o que é exagero e com o que você deve se preocupar
no início da vida da criança.
É melhor pedir para que as visitas não venham no primeiro mês do bebê?
Não é proibido receber visitas nos primeiros 30 dias de vida da
criança. A chegada de um bebê traz alegria para toda a família e é
natural que os parentes queiram conhecê-lo. O que se recomenda é evitar
muitas pessoas de uma única vez e que as visitas sejam demoradas. O
tempo ideal de permanência é de, no máximo, 45 minutos. Assim torna-se
possível respeitar o período de descanso da mãe –que ainda está se
adaptando ao novo ritmo de sono– e do bebê. Além disso, é preciso
combinar o melhor horário de modo a não atrapalhar as mamadas.
As visitas podem pegar o bebê no colo?
Essa não é a situação ideal, já que o recém-nascido precisa de sossego e
de interação com o pai e a mãe, não com desconhecidos. Mas, como muitas
vezes é impossível evitar, peça aos visitantes que lavem bem as mãos
com água e sabão antes. E não permita que peguem a criança se estiverem
com qualquer doença infecciosa, ainda que seja aparentemente um simples
resfriado. E não é preciso usar álcool em gel para desinfetar as mãos.
Basta lavar bem com água e sabão.
É preciso esterilizar mamadeiras e chupetas?
Pelo menos nos primeiros seis meses de vida, o ideal é que a criança
receba apenas leite materno. Caso precise usar a mamadeira, ela deve ser
esterilizadas antes de cada uso. Para isso, leve os utensílios ao fogo
em uma panela com água até que levante fervura (consulte o modo de
higienização na embalagem da mamadeira). Se preferir, é possível usar
esterilizadores, que permitem controlar o tempo de exposição ao calor e
evitar de danificar o produto. No caso da chupeta, basta esterilizar uma
vez por dia (isso se ela não cair no chão, por exemplo).
O bebê não deve sair de casa no primeiro mês?
Pode sair de casa, só não deve frequentar lugares com aglomeração de
pessoas, como festas infantis, supermercados e shoppings. Desde que o
tempo esteja bom, os passeios ao ar livre estão liberados também. O
sistema imunológico da criança é frágil e por isso é bom evitar expô-la a
vírus e a bactérias que circulam no ar.
Atenção, ter tomado as primeiras doses das vacinas não garante que a
criança esteja completamente imunizada. O bebê só completa o chamado
primeiro esquema de vacinação por volta de seis meses, por isso o que
vale é o bom senso ao escolher os primeiros passeios.
É preciso visitar o pediatra periodicamente nos primeiros meses?
Sim, isso é imprescindível para que o crescimento e o desenvolvimento
do bebê sejam acompanhados de forma bem orientada. Segundo a SBP, o bebê
deve fazer a primeira consulta com o pediatra ainda na primeira semana
de vida. Estando tudo bem, a criança retorna quando estiver prestes a
completar o primeiro mês. No primeiro semestre de vida do bebê, as
visitas devem ser mensais. A partir do segundo semestre, podem acontecer
de dois em dois meses.
A casa deve ficar na penumbra e em silêncio?
Não, a casa deve manter seu ritmo e rotina. Assim o bebê vai, aos
poucos, reconhecer o ambiente e diferenciar o dia da noite. É claro que é
melhor evitar muito barulho, para não assustar a criança nem deixá-la
agitada demais.
É proibido usar lencinhos umedecidos nos primeiros meses de vida?
Os lenços umedecidos devem ser evitados no dia a dia. O melhor é limpar
a região genital da criança com algodão embebido em água morna no
momento da troca da fralda, pois algumas crianças apresentam reações
alérgicas às substâncias químicas contidas nesse tipo de produto. No
entanto, o lencinho umedecido pode ser utilizado em casos especiais,
como em um passeio ou em lugares em que a mãe não tenha possibilidade de
realizar a limpeza da maneira recomendada.
Se o casal tiver um animal, é melhor deixá-lo na casa de alguém até o bebê crescer?
Não há necessidade de retirar o animal da casa, mas é conveniente não
deixar que ele tenha acesso ao quarto da criança. É também aconselhável
evitar o contato direto do bebê com o bicho, pelo menos nos seis
primeiros meses de vida. Mas como não há um consenso da comunidade
científica sobre o assunto –porque há crianças com problemas de alergia e
diferentes tipos de bichos– é bom que os pais tomem orientações com o
pediatra do filho e observe se ele apresenta algum sintoma.
O recém-nascido não deve ter contato com outras crianças?
O recém-nascido pode e deve ter contato com as crianças da família.
Mas, se possível, é melhor evitar receber muitas visitas de crianças
pequenas, que sempre querem tocar o bebê e pegá-lo no colo.
Devido à imaturidade do sistema imunológico, e pelo fato de ainda não
ter recebido todas as vacinas contra as doenças da infância, o ideal é
que crianças não frequentem escolas ou creches nos primeiros meses de
vida. Mais uma vez, não há consenso entre os especialistas, mas, em
linhas gerais, os pediatras costumam sugerir esperar até o segundo ano
da criança, quando seu sistema imunológico estará fortalecido.
Mas os pais que precisam deixar seus filhos nesses locais mais
precocemente não precisam se culpar. Nem sempre o ideal é o possível, e
isso deve ser levado em consideração. Nesses casos, uma conversa com o
pediatra do bebê pode ajudar. O especialista pode informar sobre quais
são as doenças mais comuns em crianças que frequentam berçários e
escolas e suas formas de prevenção. O médico do bebê ainda pode dar
dicas para os pais escolherem melhor a instituição que irá cuidar de
seus filhos, auxiliando-os a observar aspectos de higiene do lugar, se
exige caderneta de vacinação em dia e como a instituição controla o
acesso de crianças doentes.
O bebê pode dormir sozinho no quarto?
Sim, pode e deve. Muitos pais têm dúvidas sobre a melhor posição para o
bebê dormir. A recomendação do Ministério da Saúde e da SBP, entre
outras instituições, diz que o bebê deve dormir de barriga para cima,
pois pesquisas mostram que essa posição reduz em até 70% o risco de
morte súbita, uma das principais causas de óbitos de crianças com até um
ano.
A moleira do bebê não deve ser tocada?
Não existe apenas uma moleira ou fontanela (seu nome científico) na
cabeça do bebê. Mas a que está localizada no alto da cabeça, chamada de
fontanela anterior, é a mais conhecida e temida pelos pais. Realmente,
trata-se de uma região um pouco mais sensível, uma vez que nela os ossos
do crânio não se encontram totalmente unidos. Mas isso não significa
que não possa ser tocada. A mãe pode passar a mão tranquilamente na hora
do banho, fazer carícias, pentear. E não se impressione ao ver a região
pulsar, o que é resultado da pressão arterial no cérebro. Isso é
normal, especialmente quando a criança chora. Até por volta do 15º mês
de vida, ela deve estar fechada.
Fonte: http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2012/10/02/o-bebe-nao-e-de-vidro-saiba-como-cuidar-do-recem-nascido-sem-exagerar.htm