Australian Institute for Bioengineering and Nanotechnology
Nanopatch: novo método abre caminho para vacinas de uso fácil para doenças como a malária
Substituir a agulha por um nanoadesivo pode
transformar a prevenção de doenças mundo afora, disse o inventor da
tecnologia, o pesquisador Mark Kendall, da University of Queensland, em
Brisbane, Austrália.
Segundo ele, o novo método abre caminho para vacinas de uso fácil para doenças como a malária, por exemplo.
Outros especialistas deram boas vindas à novidade, mas disseram que o método pode não ser apropriado para todos os pacientes.
A série de conferências TEDGlobal (a sigla inglesa TED
quer dizer "Think, Exchange, Debate" ou "Pense, Troque, Debata") é
realizada anualmente em diferentes partes do mundo. Ela é financiada
pela fundação privada sem fins lucrativos Sapling Foundation, que
promove a circulação de grandes ideias pelo mundo.Método Antigo
A palestra de Kendall em Edimburgo teve uma simbologia histórica: há 160 anos, na capital escocesa, Alexander Wood pediu a primeira patente para a agulha e a seringa.
"A patente era quase idêntica às agulhas que usamos hoje. É uma tecnologia de 160 anos", disse Kendall.
Aliada à água limpa e saneamento, ela cumpriu
um papel fundamental no aumento da longevidade em todo o mundo,
acresentou. Mas para Kendall, talvez tenha chegado a hora de
atualizarmos essa tecnologia.
O nanoadesivo é baseado na nanotecnologia – que
permite manipular a matéria em escala atômica e molecular, ou seja, em
dimensões infinitamente pequenas.
Ele supera algumas das desvantagens mais óbvias de vacinas
convencionais, como o medo da agulha e a possibilidade de contaminação
provocada pelo uso de agulhas sujas.
Mas há outras razões pelas quais o método pode ser transformador, disse o professor.
Milhares de minúsculas saliências no adesivo perfuram a pele e liberam a vacina, que é aplicada, seca, sobre a pele."As saliências no adesivo trabalham com o sistema imunológico da pele. Nosso alvo são essas células, situadas a um fio de cabelo de distância da superfície da pele", disse Kendall.
"Talvez estejamos errando na mira e deixando de atingir o ponto imunológico exato, que pode estar na pele e não no músculo, que é onde as agulhas tradicionais vão".
Em testes feitos no laboratório de Kendall na University of Queensland, o adesivo foi usado para administrar a vacina contra gripe. A equipe australiana disse ter notado que as respostas para vacinas aplicadas por meio do nanoadesivo foram completamente diferentes daquelas aplicadas com o uso da seringa tradicional.
"Isso significa que nós podemos trazer uma ferramente completamente diferente para a vacinação", disse o pesquisador. A quantidade de vacina necessária, por exemplo, é muito menor – até um centésimo da dose normal. O preço de "uma vacina que custa US$ 10 pode ser reduzido para US$ 0,10, o que é muito importante no mundo em desenvolvimento", acrescentou.
Vacinas Sem Efeito
Outro ponto fraco das vacinas tradicionais é que, por serem líquidas, precisam ser mantidas no refrigerador, desde o laboratório até a clínica onde é feita a vacinação.
"Metade das vacinas aplicadas na África não estão funcionando direito por causa de falhas na refrigeração em algum momento".
Quando Kendall disse, durante a conferência, que a vacina nanoadesiva poderia ser mantida a 23ºC durante um ano, a plateia respondeu com aplausos calorosos. Um representante da Brithish Society for Immunology, a sociedade britânica de imunologia, deu boas vindas à tecnologia, mas fez algumas ressalvas.
"Essa abordagem traz esperanças de vacinação fácil e em grande escala, já que ela tem como alvo um tipo de célula imunológica chamada célula Langerhans, que existe em abundância na pele", disse Diane Williamson".
Adesivo: milhares de minúsculas saliências no adesivo perfuram a pele e liberam a vacina
"Essas células absorvem avidamente a vacina e são capazes de desencadear a resposta imunológica".
"Porém, um dos problemas em potencial na
aplicação (da vacina) sobre a pele é o tempo de aplicação e como
garantir a administração da quantidade adequada de vacina".
"Além disso, talvez haja problemas de
tolerância do adesivo em alguns pacientes. Mas se esses problemas
puderem ser superados, o nanoadesivo tem o potencial de substituir a
aplicação convencional, baseada em aplicação intramuscular por agulha".
O nanoadesivo começará a ser testado em breve na Papua
Nova Guiné, onde suprimentos de vacina são escassos.
Kendall disse que acha difícil imaginar um mundo sem agulhas e seringas
tradicionais, mas espera que o novo método possa ser utilizado em grande
escala.Fonte:
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