Ontem, 19 de junho, visitei o Centro de Pesquisa Vitória, com a finalidade de convidar a Fisioterapeuta Claudiana
Chiarello para dar uma palestra em um curso que estou realizando para o CRAID (Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente). Claudiana me deu uma aula sobre o PediaSuit e gostaria de compartilhar esta novidade com vocês através desta reportagem da Gazeta do Povo.
Arthur é um dos pacientes do centro.
Uma revolução no tratamento fisioterapêutico acontece no
Centro Universitário Campos de Andrade, a Uniandrade,
com o uso de equipamentos com tecnologia de ponta. A novidade é o uso
de uma roupa especial, que cumpre a função de um esqueleto externo
possibilitando uma série de intervenções específicas realizadas pelos
profissionais, que garantem resultados de desenvolvimento
surpreendentes. O método desse tratamento recebeu o nome de
Pediasuit.
Hoje crianças com idade entre 02 e 12 anos são atendidas por uma equipe
de 06 fisioterapeutas, que usam o método no Centro de Pesquisa Vitória,
instalado no campus da universidade.
A história do tratamento
O método Pediasuit é o resultado de uma série de modificações e aprimoramentos desde o primeiro tratamento. A palavra
suit (roupa, em inglês) funciona como um sufixo e está presente nos nomes dos outros métodos.
Em 1971, o
Pinguin Suit
foi desenvolvido pelo programa espacial russo para neutralizar os
efeitos nocivos da falta de gravidade e hipocinesia e todas suas
consequências sobre o corpo dos astronautas. Mais tarde, a tecnologia da
“suit terapia” passou a ser compartilhada por profissionais de
reabilitação.
Em 2006, o Pediasuit foi criado, juntamente com
dois fisioterapeutas brasileiros e um fisiologista americano nos EUA.
Eles perceberam que o traje precisava de melhorias e adaptações além de
integração sensorial. A idéia era fazer uma roupa tão fácil de usar que
pudesse ser ensinada aos terapeutas do mundo todo.
O Centro de Pesquisas Vitória
Pouco depois da chegada do
Pediasuit ao Brasil, Mari Elen Andrade, mãe de uma criança com paralisia
cerebral conheceu o método e submeteu a filha ao tratamento de terapia
intensiva. Ao acompanhar os avanços proporcionados pelo tratamento, Mari
Elen iniciou uma jornada para trazer o tratamento à Curitiba e contou
com o apoio das fisioterapeutas
Ana Cláudia Szczypior Costin e
Claudiana Chiarello
Claudiana Chiarello usa a cama elástica combinada aos equipamentos do Pediasuit. Fernando se diverte
Ana Cláudia e Claudiana foram a três centros de
tratamento no Brasil, localizados em São Paulo capital, Campinas, no
interior de São Paulo, e Salvador, na Bahia, além de realizarem o curso
para certificação pelo Método Pediasuit em Fortlauderdale, Flórida, nos
Estados Unidos.Em julho de 2011 o
Centro de Pesquisas Vitória
foi criado, na Uniandrade, tendo como primeira paciente a pequena
Vitória, de 03 anos, filha de Mari Elen e que deu nome ao centro.
A menina Vitória, que deu nome ao centro de pesquisas da Uniandrade
Tratamento intensivo com acompanhamento de ponta
Os
moldes do tratamento realizado em Curitiba são resultado do estudo e
aprimoramento do que foi observado em outros polos, antes da abertura do
centro curitibano. Sob a orientação de pesquisa do Doutor em Engenharia
Biomédica,
Eduardo Borba Neves, a equipe realiza o
tratamento combinando as diferentes metodologias, fazendo um trabalho
inovador e diferenciado, adequado ao quadro de cada paciente.
O
paciente atendido entra em uma rotina de treinamentos digna de atletas. O
tratamento inicial é feito em um módulo intensivo, com duração de cinco
semanas, variando de
70 a 80 horas. A manutenção entre os módulos intensivos, é realizado no centro, 3 vezes por semana.
Os
resultados são então analisados e os profissionais detectam quais são
as necessidades de continuidade do tratamento em cada caso.
O acompanhamento da evolução do paciente conta com o suporte de um aparelho chamado
Biofeed,
uma criação notável de um paranaense, também deficiente: o cientista da
computação e mestre em engenharia biomédica, Leonardo Silva, de 39
anos. O aparelho tem como princípio fazer a leitura do movimento de uma
pessoa através da colocação de sensores posicionados em lugares
específicos do corpo.
Rafaela, acompanhada pela fisioterapeuta Ana Cláudia Costin, tem os seus movimentos medidos e monitorados pelo Biofeed
O Biofeed é então um sistema de apoio ao
terapeuta, usado para a avaliação de pacientes, ou atletas. Ele lê a
amplitude do movimento das pessoas, mostra a informação no computador e
possibilita a análise da evolução do tratamento, não só em uma ótica
qualitativa, mas também quantitativa.
Tratamentos e quadros
A
terapia com o macacão terapêutico ortopédico combinada com a
fisioterapia intensiva tem sido benéfica para crianças com diagnósticos,
incluindo:
- Paralisia Cerebral
- Atraso no desenvolvimento motor
- Traumatismo Crânio-Encefálico
- AVC
- Deficiências neurológicas
- Deficiências ortopédicas
- Doenças genéticas
- Incapacidades pós-cirúrgicas
- Lesões da medula espinhal
- Transtornos vestibulares
- Síndrome de Down
A sensação de quem vestiu a camisa
Depois
de conhecer a história do Centro, do método e conversar muito com Ana
Cláudia, Claudiana e Mari Elen, fui convidado a experimentar o macacão.
Fui à sala de tratamento e me deparei com um ambiente bem colorido, com
uma série de adereços lúdicos e vi de perto as instalações usadas no
Pediasuit. Foi a chance que tive também de conhecer a própria Vitória.
A
roupa é divida em duas partes, uma para o tronco e outra para os
membros inferiores. O macacão sozinho é relativamente simples, composto
por um colete e uma espécie shorts. A inovação vem com a combinação de
infinitos ganchos, com uma série de elásticos especiais que permitem as
fisioterapeutas a fazerem ajustes diretos na postura, ou no
posicionamento muscular do paciente. A roupa te aperta, te puxa e te
coloca no prumo em menos de cinco minutos.
Além do macacão, o
Centro de Pesquisas Vitória conta com instalações que permitem trabalhos
de fortalecimento e alongamento muscular, correção de postura e marcha,
com o uso de cabos, pesos e grades que cercam o paciente em um ambiente
monitorado e controlado pelas fisioterapeutas.
O autor no blog experimentou o método e foi parar na esteira
Eu fiquei na mão das doutoras por 40 minutos e
sai de lá moído. As crianças treinam por três horas (com intervalo),
todos os dias, e quem já fez fisioterapia sabe que esse pessoal não dá
moleza não. Garanto que elas dão baile em muitos atletas. É uma
experiência e tanto.
A equipe do Centro de Pesquisa Vitória é composta
pelos fisioterapeutas, Dr. Eduardo Borba Neves; Dra. Claudiana R.
Chiarello, Dra Ana Cláudia M. S. Costin; Dr.Armando F. Szinke, Dr Marcelo
Rosário; Dra. Michele C. N. Oliveira e a sua Diretora Mari Elen Campos de
Andrade.
Centro de Pesquisa Vitória
Rua Marumby, 283 – Campo Comprido, no campus do Centro Universitário Campos de Andrade.
Telefone – 41 3219-4101
Email - vitoria@uniandrade.edu.br
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/inclusilhado/?id=1237298