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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Memória musical é preservada em pessoas com Alzheimer

Idosa ouvindo música
Recordações musicais podem se manter intactas em pessoas com Alzheimer (Istock/Getty Images)
Um estudo realizado por neurocientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e Cognição Humana em Leipzig, na Alemanha, revelou que pessoas com Alzheimer podem guardar recordações musicais. O estudo, publicado na edição deste mês da revista científica Brain, mostrou que as lembranças associadas à musica são armazenadas em regiões cerebrais distintas daquelas que guardam as demais lembranças -- que são esquecidas com o avanço da doença. A descoberta sugere que quando o cérebro ouve música, ele desencadeia um processo diferente para recordá-la, em comparação a outras atividades.
Para realizar o experimento, os cientistas utilizaram imagens de ressonância magnética funcional para analisar a atividade cerebral de 30 pessoas saudáveis enquanto ouviam uma seleção musical da década de 70 - algumas mais populares e outras nem tanto.
Os pesquisadores então perceberam que as regiões cerebrais ativadas para que as pessoas se recordassem das músicas - o giro cingulado anterior, na zona média do cérebro, e a região motora pré-suplementar, no lobo frontal -- eram diferentes das regiões responsáveis pelas memórias associadas às emoções, experiências pessoais que aconteceram ao longo da vida, conhecimentos adquiridos, entre outras.
Os resultados da pesquisam podem esclarecer por que a terapia com música é uma das mais eficazes para tratar a doença durante seu desenvolvimento. Estima-se que 35 milhões de pessoas têm Alzheimer no mundo. No Brasil, são 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer.
Fonte: Revista Veja

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Estudo mostra que nossas memórias são 'editadas'

A memória se “atualiza” com as nossas novas experiências, diz estudo
A memória se “atualiza” com as nossas novas experiências, diz estudo (Thinkstock)
Um novo estudo sugere que a nossa memória não é tão confiável como costumávamos acreditar. Segundo pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, o cérebro continuamente insere fragmentos do presente em lembranças do passado, e está longe de ter a precisão de uma filmadora.
A memória se "atualiza" com as nossas novas experiências. O amor à primeira vista, por exemplo, pode ser fruto desse truque do cérebro. "Quando você pensa no momento em que conheceu seu parceiro atual, pode se lembrar de um sentimento de amor e euforia, mas isso talvez seja uma projeção de seus sentimentos atuais", diz Donna Jo Bridge, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern e uma das autoras do estudo, que publicado nesta quarta-feira no periódico Journal of Neuroscience.
O estudo é considerado o primeiro a mostrar de forma precisa as falhas que a memória apresenta, e como ela é capaz de inserir elementos do presente no passado quando as lembranças são revividas. Segundo Donna, as memórias se adaptam a um ambiente em constante mudança para nos ajudar a lidar com o que é importante a cada momento. "Nossa memória não é como uma câmera, ela se ajusta e edita eventos para recriar uma história que se encaixe no seu mundo naquele momento. Ela é construída para ser atual."
A "edição" acontece no hipocampo, área do cérebro encarregada da memória que, segundo o novo estudo, atua como equivalente a um editor de vídeo e equipe de efeitos especiais, reconstruindo as lembranças.

Testes – No experimento, 17 voluntários estudaram a posição de 168 objetos em uma tela de computador com imagens de fundo diferentes — como um oceano ou a vista aérea de uma fazenda. Em seguida, eles deveriam tentar colocar alguns dos objetos de volta na posição original, mas em uma nova imagem de fundo. Essa tarefa foi quase sempre malsucedida.
Na última etapa do estudo, os participantes viam um objeto em três posições diferentes na tela (com a imagem de fundo usada no primeiro teste) e deveriam escolher a correta. As opções eram: onde eles viram o objeto pela primeira vez, onde eles o colocaram na segunda etapa e um lugar novo.
"As pessoas sempre escolheram a mesma localização em que tinham colocado o objeto no segundo teste", explica Donna. "Isso mostra que sua memória original da localização foi modificada para mostrar o lugar em que eles se lembravam no novo plano de fundo. A memória tinha atualizado a informação, inserindo uma nova memória por cima da anterior", afirma. Os participantes realizaram os testes enquanto sua atividade cerebral era monitorada por ressonância magnética.
"Todos gostamos de pensar na memória como uma coisa que nos faz relembrar vividamente a nossa infância ou aquilo que fizemos na semana anterior, mas a memória é feita para nos ajudar a tomar boas decisões no momento e, por isso, ela tem que ficar atualizada. Uma informação que é relevante agora pode se sobrepor ao que estava lá antes", afirma Joel Voss, integrante da equipe de pesquisadores. "Apesar de o estudo ter se passado em um laboratório, é possível supor que a memória se comporte dessa forma no mundo real", diz Donna.

Fonte: Veja

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Estudo revela como diferentes regiões do cérebro trabalham juntas

Neurônios
Neurônios usam o mesmo padrão para comunicar o movimento ao músculo e para interagir entre si (Thinkstock)
Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, descobriram o processo por meio do qual diferentes conjuntos de neurônios cooperam para promover uma ação. O estudo, publicado nesta segunda-feira no periódico Nature Neuroscience, descreve a maneira, até então desconhecida, que faz com que duas regiões cerebrais se comuniquem, enviando sinais mais rápidos ou mais lentos entre elas e trabalhando em conjunto para concluir uma tarefa.
Com isso, os pesquisadores podem ter resolvido um enigma dos estudos em neurociência. É sabido que o cérebro, formado por bilhões de neurônios, é organizado em regiões responsáveis por tarefas diferentes. Elas normalmente trabalham independentemente e, para promover algumas ações, trabalham juntas. Não se conhecia, no entanto, o processo pelo qual dois conjuntos de neurônios se comunicam quando precisam cooperar e como não interferem um no outro ao trabalhar sozinhos.
Sinais em conjunto – A pesquisa teve início com a análise da forma como o cérebro se prepara para fazer movimentos rápidos e certeiros — um estudo importante para a produção de próteses controladas pelo cérebro, objetivo final dos cientistas. Para isso, os pesquisadores treinaram macacos para fazer movimentos precisos do braço. Os animais faziam uma breve pausa antes da ação, de modo que o cérebro se preparava antes do movimento. A ideia era ver a diferença entre os comandos cerebrais produzidos para a preparação do ato e para a ação em si.

Os pesquisadores mapearam e analisaram os sinais enviados pelos músculos do braço e pelas duas regiões cerebrais envolvidas na movimentação do membro. Por meio de amostras de 100 a 200 neurônios de cada área do cérebro, puderam perceber o tempo levado por cada neurônio, individualmente, para enviar o sinal do movimento. Os cientistas também analisaram os neurônios em conjunto.
Durante a preparação da ação, neurônios nas duas regiões cerebrais entravam em atividade. Nesse estágio, alguns enviavam sinais rapidamente, outros lentamente. Já no momento da ação, a sinalização era sincronizada. Os pesquisadores perceberam, então, que essa forma de enviar sinais é também como as diferentes áreas do cérebro se comunicam para trabalhar juntas ou não na mesma ação. "Nossos neurônios estão sempre conectados", afirma Matthew Kafman, um dos autores do estudo. "Por isso é importante saber que sinais são comunicados de uma área a outra."

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Cortical activity in the null space: permitting preparation without movement

Onde foi divulgada: periódico Nature Neuroscience

Quem fez: Matthew T. Kaufman, Mark M. Churchland, Stephen I. Ryu e Krishna V. Shenoy

Instituição: Universidade Stanford, nos Estados Unidos

Resultado: Ao estudar como o cérebro de um macaco se prepara para fazer o movimento do braço, os cientistas descobriram que os neurônios se organizam em conjunto e enviam sinais mais ou menos velozes ao músculo. Essa também é a maneira como diferentes regiões do cérebro se comunicam entre si

Fonte: Veja

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Cientistas identificam área cerebral que ajuda a tomar decisões

Cérebro
Conexões de diversas partes do cérebro com o córtex frontal mostram como os humanos aprendem com as decisões que não tomaram e dá pistas de por quais motivos nós falamos e os macacos não (Thinkstock)
Uma nova área cerebral, identificada apenas em humanos, parece ser a responsável por nos ajudar a mudar de ideia quando percebemos que fizemos a pior escolha. Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, encontraram no cérebro humano uma região do córtex frontal que não tem atividade equivalente em macacos. Essa área, envolvida no planejamento estratégico, tomada de decisão e execução de múltiplas tarefas, também monitora o quanto são interessantes as oportunidades perdidas.
"Achamos que ter a capacidade de planejar o futuro, ser flexível nas escolhas e aprender com os rumos que não seguimos são coisas impressionantes nos homens. Identificamos uma área no cérebro que parece ser exclusivamente humana e que, provavelmente, tem a ver com essas habilidades cognitivas", afirmou Matthew Rushworth, um dos autores do estudo que será publicado na edição de fevereiro do periódico Neuron.

O objetivo da pesquisa era encontrar semelhanças e diferenças no córtex frontal ventrolateral de humanos e macacos. Essa região, envolvida em processos cognitivos sofisticados do homem, como a linguagem e a capacidade de projetar ações futuras, só existe em humanos e outros primatas.
Para analisar de que forma ele funciona e se conecta a outras partes do cérebro, os cientistas submeteram 25 voluntários a ressonâncias magnéticas. Depois de ver em detalhes as conexões de cada parte do córtex frontal ventrolateral, identificaram doze áreas em que ele funcionava de maneiras diversas.

Na segunda etapa, os pesquisadores repetiram o procedimento em 25 macacos. Em vez das doze regiões encontradas nos humanos, havia onze. "Isso pode estar relacionado à capacidade do homem em ser particularmente bem sucedido em tarefas que requerem planejamento estratégico e tomada de decisão", afirmou Franz-Xaver Neubert, principal autor do estudo.
Origem da fala – Outra diferença importante entre o cérebro de homens e macacos é a área ligada ao sistema auditivo de ambos. Nos humanos, as partes do cérebro que ajudam a compreender as palavras faladas são intensamente conectadas ao córtex frontal ventrolateral. Nos macacos, além de mais raras, as ligações do sistema auditivo são feitas com partes do cérebro ligadas a respostas emocionais e sociais. Essa pode ser uma das explicações de por que os homens falam e os macacos não.

Fonte: Veja

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Estudo afirma que cérebro de idosos não sofre declínio cognitivo

“O cérebro de pessoas mais velhas não fica fraco, ele apenas sabe mais”, afirma autor do estudo
Uma nova pesquisa realizada na Alemanha desafia a conhecida noção de que o cérebro humano sofre um declínio cognitivo com o passar dos anos. Segundo os autores, o que acontece é que uma pessoa idosa armazenou uma quantidade maior de informações ao longo da vida, e por isso o cérebro leva mais tempo para processá-las – mas a sua capacidade permanece igual.
O estudo, publicado no periódico Topics in Cognitive Science, critica os métodos de avaliação das habilidades cognitivas utilizados nas pesquisas atuais, que mostram a existência de um declínio na atividade cerebral. "O cérebro humano trabalha mais devagar na idade avançada, mas apenas porque nós armazenamos mais informação ao longo do tempo", afirma Michael Ramscar, pesquisador da Universidade de Tubinga, na Alemanha, e principal autor do estudo.
Vale uma comparação com computadores: assim como os humanos, esses sistemas são feitos para absorver certa quantidade de informação diariamente. Se os pesquisadores deixam um computador aprender apenas certa quantidade, ele funciona de forma semelhante ao cérebro de um jovem. Mas se o mesmo computador for exposto a uma quantidade e informações correspondendo àquela com a qual nos deparamos ao longo de uma vida, seu desempenho será como o de uma pessoa idosa. A capacidade do sistema não muda, mas uma quantidade maior de dados leva mais tempo para ser processada.
"Imagine uma pessoa que sabe de cor dois aniversários e sempre os lembra com perfeição. Você acha que essa pessoa tem uma memória melhor do que aquela que sabe os aniversários de 2 000 pessoas, mas acerta 'só' nove de dez tentativas?", questiona o pesquisador.

Sem esquecimento – Realizando testes com computadores, os cientistas perceberam que, para replicar os resultados obtidos com humanos mais velhos, era necessário manter a mesma capacidade de processamento, e acrescentar uma quantidade de palavras no banco de dados tão grande quanto um adulto aprende ao longo da vida. Para Ramscar, isso mostra que os conteúdos aprendidos não são esquecidos.
Os resultados também ajudam a explicar os problemas que pessoas mais velhas costumam ter em se lembrar dos nomes das pessoas. Segundo os autores, existe uma variedade muito maior de nomes atualmente do que há duas gerações. Essa mudança cultural aumenta a quantidade de nomes que uma pessoa aprende ao longo da vida, de forma que localizá-los na memória se torna mais difícil na idade avançada do que costumava ser – até mesmo para os computadores.
Os pesquisadores concluem que testes cognitivos diferentes são necessários para avaliar pessoas mais velhas, levando em consideração a natureza e a quantidade de informações que seu cérebro precisa processar. "O cérebro dos idosos não fica fraco. Pelo contrário, ele apenas sabe mais", afirma Ramscar.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Myth of Cognitive Decline: Non-Linear Dynamics of Lifelong Learning

Onde foi divulgada: periódico Topics in Cognitive Science

Quem fez: Michael Ramscar, Peter Hendrix, Cyrus Shaoul, Petar Milin e Harald Baayen

Instituição: Universidade de Tubinga, na Alemanha

Resultado: Os pesquisadores concluíram que, na idade avançada, o cérebro não perde capacidade, mas apenas leva mais tempo para processar toda a informação armazenada.

Fonte: Revista Veja

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cientistas descobrem que os dois lados do cérebro são usados na fala

A descoberta modifica a visão até então aceita pela ciência sobre a relação entre o cérebro e a fala
A descoberta modifica a visão até então aceita pela ciência sobre a relação entre o cérebro e a fala (Thinkstock)
Um novo estudo mostrou que os dois hemisférios do cérebro são utilizados para produzir a fala, e não apenas o esquerdo, como acreditavam os cientistas. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira, na revista Nature. Segundo os autores, a descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de melhores métodos de reabilitação para problemas na fala causados por derrames ou ferimentos cerebrais.
Para isso, foram selecionados participantes com epilepsia que já utilizavam esses eletrodos como parte de seu tratamento. Durante o estudo, os voluntários deveriam ler algumas palavras sem significado (como "kig" ou "pob") enquanto tinham sua atividade cerebral analisada. A escolha desses termos foi feita para separar a fala do idioma, e analisar apenas as partes do cérebro envolvidas na produção de sons - e não na atribuição de sentido a eles. Os resultados mostraram que os dois lados do cérebro eram utilizados durante a fala, o que a caracteriza como uma atividade bilateral.
"Com mais conhecimento sobre a relação entre o cérebro e a fala, podemos desenvolver maneiras de ajudar pessoas que estão tentando recuperar danos causados por um derrame ou acidente que resulte em danos ao cérebro", afirma Bijan Pesaran, professor da Universidade de Nova York e principal autor do estudo. Segundo o pesquisador, a partir disso pode ser possível desenvolver métodos de reabilitação que não envolvam um idioma específico.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Sensory–motor transformations for speech occur bilaterally

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: Gregory B. Cogan, Thomas Thesen, Chad Carlson, Werner Doyle, Orrin Devinsky e Bijan Pesaran

Instituição: Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e outras

Resultado: Os pesquisadores descobriram que os dois lados do cérebro são utilizados para produzir a fala
A pesquisa foi realizada com dados obtidos por meio de eletrodos implantados no cérebro de pacientes.

Fonte: Revista Veja

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Demência: o que fazer para evitar um desastre global

Demência Ilustração SPL
Processo de morte das células do cérebro tem início entre dez e 15 anos antes de que os problemas de memória se tornam aparentes
A demência foi identificada por autoridades de saúde como "um desastre global prestes a acontecer", o maior problema médico enfrentado pela geração atual.
A cada quatro segundos, uma pessoa é diagnosticada com alguma forma de demência no mundo. Calcula-se que o número de casos cresça dos 44 milhões atuais para 135 milhões em 2050.
A demência já custa ao mundo US$ 604 bilhões por ano.
O termo demência é usado para descrever quadros médicos em que ocorre a perda - temporária ou permanente - das capacidades cognitivas de um indivíduo. Há múltiplas causas, entre elas, disfunções metabólicas, infecções, desnutrição ou doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer.
Nesta semana, representantes do G8 - as oito maiores economias do planeta - se reunirão em Londres para discutir formas de lidar com o problema.
O governo britânico, que ocupa a presidência rotativa do G8, anunciou nesta quarta-feira que está dobrando a verba dedicada à pesquisa sobre demência para 132 milhões de libras (mais de meio bilhão reais) até 2015.
Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde em 2012, o Brasil é o nono país do mundo com o maior número de casos, com 1 milhão de pacientes com demência.
A BBC perguntou a especialistas da área quais seriam suas prioridades se recebessem os fundos necessários e carta branca para lidar com o problema.

Antecipar diagnósticos

No dia em que seu médico lhe diz que você tem demência, você pode pensar que está vivendo o estágio inicial do problema. No entanto, não é o caso.

O que é demência?

O termo é usado para descrever cerca de cem doenças degenerativas que levam à morte, em grande escala, de células do cérebro.
São afetados a memória, linguagem, agilidade mental, compreensão e juízo do paciente.
A forma mais comum de demência é o Mal de Alzheimer, responsável por 62% dos casos de demência.
A condição do paciente tende a piorar com o tempo, até que ele fique completamente dependente de cuidados.
Não há cura.
O processo de morte das células do cérebro tem início entre dez e 15 anos antes de que os problemas de memória se tornam aparentes.
Ou seja, quando o paciente faz o teste de memória e recebe o diagnóstico, ele já está sofrendo da doença há pelo menos dez anos.
A essa altura, um quinto dos principais centros de memória do cérebro já estão mortos.
Para alguns especialistas, isso talvez explique a ausência de êxito em testes com medicamentos para tratar o problema: eles estão tentando tratar a doença quando já é tarde demais.
O foco na antecipação do tratamento "é absolutamente essencial nas pesquisas", disse o neurologista Nick Fox, do National Hospital for Neurology and Neurosurgery, em Londres.
Já houve algum progresso. Agora já é possível ver algumas das proteínas associadas ao Mal de Alzheimer em tomografias do cérebro, mas o desafio é usar esses recursos para prever o desenvolvimento da demência.
"Houve imensos avanços em tecnologias que produzem imagens so cérebro. Vivemos uma nova era e isso é muito empolgante", disse Fox.
Outros métodos estão sendo investigados, como, por exemplo, técnicas que identificam a presença, no sangue de uma pessoa, de substâncias químicas que ofereçam indícios do desenvolvimento futuro da demência.
Outro ponto que os pesquisadores ressaltam é que há vários tipos de demência. O Mal de Alzheimer, a demência vascular e a demência com Corpos de Lewi têm sintomas similares, mas talvez requeiram tratamentos diferentes.

Interromper mortes de células

Não há remédios capazes de interromper nem desacelerar o progresso de qualquer forma de demência.
Havia muita esperança em duas drogas para tratar o Mal de Alzheimer - Solanezumab e Bapineuzumab - mas elas fracassaram nos testes.
Os experimentos sugerem, no entanto, que existe uma pequena chance de que a droga Solanezumab surta efeito em pacientes em estágios bem iniciais da doença.
Uma nova série de testes está sendo feita em pacientes com demência moderada.
"Se o Solanezumab tiver efeito sobre casos moderados de Mal de Alzheimer, então o caminho seria dar (a droga) cada vez mais cedo", disse Eric Karran, diretor de pesquisas da ONG britânica Alzheimer's Research UK.
Alcançar a cura é, obviamente, o sonho de todo especialista nesse campo. Mas retardar a evolução da demência já traria um impacto gigantesco.
Segundo cálculos, se conseguíssemos atrasar em cinco anos o desenvolvimento da doença, já cortaríamos pela metade o número de pessoas vivendo com demência.

Drogas para sintomas

Existem algumas drogas que ajudam as pessoas a viver com os sintomas da demência, mas não são suficientes.
Há medicamentos capazes de aumentar as sinalizações químicas entre as células do cérebro que sobreviveram.
Calcula-se que o número de casos cresça dos 44 milhões atuais para 135 milhões em 2050
Mas o mais recente medicamento desse tipo, Memantine, foi aprovado em 2003 nos Estados Unidos.
Desde então, não apareceu nenhum outro.
O médico Ronald Petersen, diretor do Alzheimer's Disease Research Centre na Mayo Clinic, Estados Unidos, disse à BBC: "Isso é terrível quando você leva em conta os bilhões que foram investidos nessa doença".
"Existem 44 milhões de pessoas com Mal de Alzheimer e também temos de tratá-las" (além de encontrar uma cura).
"Precisamos desenvolver drogas para tratar os sintomas e retardar o progresso da doença, como fazemos com (pacientes que sofreram) ataques cardíacos".

Minimizar riscos

Você quer cortar radicalmente suas chances de desenvolver câncer de pulmão? Não fume.
Quer evitar um ataque cardíaco? Faça exercícios e adote uma dieta saudável.
Mas se quiser evitar demência, não há respostas definitivas.
A idade é o maior fator de risco. Na Grã-Bretanha, uma em cada três pessoas com idade acima de 95 anos tem demência.
Há indícios de que exercícios regulares e dieta saudável tenham efeitos positivos em prevenir ou retardar o desenvolvimento da demência.
Mas ainda não se sabe com clareza de que forma o histórico familiar, o estilo de vida e o meio-ambiente se combinam para que um indivíduo tenha ou não demência.
O geriatra Peter Passmore, da British Geriatrics Society e da Queen's University Belfast, na Irlanda do Norte, disse que o melhor conselho até agora é: "Manter o coração saudável para evitar danos ao cérebro".
"Evite a obesidade, não fume, faça exercícios regularmente, controle a pressão sanguínea, o açúcar e o colesterol."
"Isso tem poucas chances de fazer mal e pode até fazer bem!"

Como cuidar eficazmente

A demência tem custos imensos para a sociedade, mas as contas médicas respondem por uma porção pequena da custo total.
O custo real está no tempo passado em casas para idosos e na renda perdida por familiares que abandonam seus empregos para cuidar de parentes doentes.
As pesquisas também precisam ser direcionadas para a busca da melhor maneira de se cuidar de pacientes com demência. E também de preservar a independência do paciente pelo maior tempo possível.
Estudos já mostraram que a ingestão de remédios antipsicóticos pode ser cortada pela metade se equipes que trabalham com os pacientes receberem o treinamento adequado.
Doug Brown, da Alzheimer's Society, disse que talvez um dos campos mais fáceis de pesquisa sobre demência seja o estudo de como cuidar dos pacientes.
"Podemos fazer muitos estudos sobre a assistência e os cuidados que oferecemos às pessoas com demência hoje para que vivem da melhor forma possível".

Fonte:

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Cérebros de homens e mulheres têm conexões diferentes

Cérebro do homem e da mulher
Conexões cerebrais mostram maior atividade do hemisfério dianteiro para o traseiro em homens (acima), e no da esquerda para a direita em mulheres (abaixo) (Ragini Verma/Proceedings of National Academy of Sciences)
 
Os cérebros dos homens e das mulheres têm conexões que parecem confirmar estereótipos sobre atitudes e comportamentos próprios de cada sexo, revelou um estudo publicado no periódico PNAS.
A pesquisa analisou a atividade cerebral de 949 voluntários (521 mulheres e 428 homens) de 9 e 22 anos. O levantamento mostrou no homem uma quantidade maior de conexões na parte dianteira do cérebro, centro de coordenação das ações, e na traseira, onde fica o cerebelo, importante para a intuição. As imagens revelaram também uma grande quantidade de conexões dentro de cada um dos hemisférios. Isso sugere que o cérebro masculino é estruturado para facilitar a conexão entre percepção e ação.
Nas mulheres, por outro lado, essas conexões unem o hemisfério direito, onde se encontra a capacidade de análise e tratamento da informação, e o esquerdo, centro de intuição, o que indica uma facilidade de comunicação entre a intuição e o pensamento analítico.

“Estes mapas mostram diferenças impactantes e complementares na arquitetura cerebral que podem ajudar a explicar porque os homens são brilhantes em algumas tarefas, e as mulheres, em outras”, afirmou Ragini Verma, professora de radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e autora do estudo.
A cientista explica que os homens são, em média, mais aptos a aprender e executar uma única tarefa, como andar de bicicleta, esquiar ou navegar, enquanto as mulheres têm uma memória melhor e uma inteligência social maior, o que aumenta a aptidão delas para executar várias tarefas simultaneamente e encontrar soluções para um grupo.
Estudo amplo – Estudos anteriores já tinham mostrado diferenças entre os cérebros masculino e feminino. Mas a conectividade neuronal de regiões cerebrais vinculadas a aptidões cognitivas nunca havia sido analisada em uma população tão grande.
"Os mapas detalhados do conectoma (mapa completo das conexões cerebrais) no cérebro não vão apenas nos ajudar a entender melhor as diferenças na forma como homens e mulheres pensam, mas também a compreender as causas dos distúrbios neurológicos, frequentemente vinculados ao sexo", afirma Ruben Gur, professor de psicologia na Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia e coautor do estudo.
As próximas pesquisas deverão identificar com mais precisão quais conexões neuronais são próprias de um único sexo e quais estão presentes em ambos, explicou o psicólogo.

Fonte: Agência France-Presse

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Robô-verme remove tumores cerebrais

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Vermes geralmente indicam decomposição e morte, mas inspiraram o protótipo de um robô que pode auxiliar neurocirurgiões a salvar vidas. Há quatro anos, a equipe de J. Marc Simard, professor de neurocirurgia da faculdade de medicina da Universidade de Maryland, Baltimore, está desenvolvendo um robô intracraniano que ajudará na remoção de tumores cerebrais.
Em forma de dedo mecânico, o robô possui múltiplas articulações que executam uma série de movimentos de sondagem. Com um instrumento de cauterização elétrica na extremidade, o robô aquece e destrói os tumores, enquanto um tubo suga os detritos. O robô também pode ser controlado remotamente enquanto o paciente permanece em um equipamento de ressonância magnética, oferecendo ao cirurgião uma excelente visão de tumores difíceis de localizar.
A invenção de Siemard foi inspirada em um programa de TV, em que cirurgiões plásticos usavam larvas esterilizadas para remover tecidos danificados ou mortos de um paciente.
“Era um sistema natural, que diferenciava o tecido bom do ruim”, explica Simard em um release. “Em outras palavras, as larvas removiam todo o tecido doente e deixavam apenas o sadio, e eram realmente pequenas. Imaginei que se uma coisa parecida removesse um tumor cerebral, seria um verdadeiro gol de placa”.
Além de reduzir o tamanho da incisão, o robô pode ser acionado por controle remoto sob a monitoração contínua do aparelho de ressonância, o que auxilia o cirurgião a definir os limites do tumor durante a cirurgia.
“Em uma operação convencional, realizamos uma ressonância magnética e usamos marcadores fixados no couro cabeludo ou no crânio para saber em que posição estamos no cérebro do paciente. Mas quando o cirurgião começa a remover o tumor, os tecidos mudam de lugar, de tal modo que os limites previamente estabelecidos já não existem mais, daí a necessidade de diferenciar o tecido normal de um tumor. É muito difícil determinar isso a olho nu, mas com a ressonância magnética, a capacidade de diferenciar os tecidos é muito maior”.
O protótipo que remove tumores ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento e exigirá extensos testes clínicos antes de chegar às salas de cirurgia.

Fonte: Nic Halverson
Discovery Notícias

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Como dar as próteses a sensação do tato?

como-proteses-sensacao-tato-discovery-noticias
As próteses de mãos permitem pegar objetos, mas não oferecem a sensação do tato. Isso significa que a pessoa tem de observar a mão sempre que quiser empurrar ou pegar um objeto.
No entanto, pesquisadores da Universidade de Chicago podem ter encontrado uma forma de acrescentar a sensação do tato às próteses. A pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, foi parcialmente financiada pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Defense Advanced Research Projects Agency), e não é difícil entender o interesse dos militares. Além dos sonhos de criar soldados-ciborgues, as novas próteses podem ajudar veteranos feridos.
O estudo, liderado pelo professor-assistente de biologia e anatomia, Sliman Bensmaia, identificou e induziu artificialmente os padrões de atividade neurológica que ocorrem quando macacos manipulam objetos.
Primeiro, os cientistas conectaram eletrodos no cérebro de macacos, em áreas que correspondem a cada um dos dedos. A ideia era descobrir que tipo de atividade cerebral ocorria quando os macacos pegavam ou tocavam alguma coisa.
Em seguida, os pesquisadores tocaram os dedos dos animais utilizando um dispositivo que aplicava determinada pressão. Os macacos recebiam uma recompensa sempre que identificavam corretamente o dedo que havia sido tocado – só precisavam olhar na direção certa. Depois, a mesma ação era repetida em sentido inverso, enviando um sinal através dos eletrodos ligados ao cérebro. O macaco, então, reagia como se tivesse sido tocado pelo dispositivo, e identificava os dedos, mesmo sem qualquer toque.
O passo seguinte foi a sensação de pressão. Os macacos foram treinados para identificar se a pressão em seus dedos era maior ou menor. Para fazer isso, a equipe de Bensmaia criou um programa de computador capaz de gerar o mesmo tipo de impulso elétrico que originava a sensação de pressão. Os animais reagiram novamente como se tivessem tocado alguma coisa.
Finalmente, os cientistas examinaram os sinais cerebrais produzidos por um “evento de contato”. Quando a mão do macaco foi tocada ou a pressão liberada, seu cérebro mostrou aumento de atividade. Esse pico de atividade e os sinais de pressão em cada dedo dizem ao cérebro que existe algo na mão, pouco antes do sinal começar a desaparecer. Os cientistas duplicaram o pico de atividade cerebral com sinais artificiais.
Programando esses sinais em uma perna artificial, por exemplo, é possível duplicar a sensação do tato. Os membros naturais enviam sinais para o cérebro por meio das células nervosas. Uma prótese pode fazer a mesma coisa por meio de eletrodos conectados em áreas específicas. O objetivo dos cientistas é que a pessoa que teve um membro amputado possa sentir o objeto que está tocando com a prótese.
O sistema ainda não foi testado em seres humanos, mas os resultados com macacos são promissores e podem solucionar não apenas o problema do tato, mas também a percepção da posição do membro e, possivelmente, ajudar no equilíbrio de uma pessoa com pernas artificiais.

Fonte: Ian O’Neill
Discovery Notícias

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cientistas criam método para 'ler pensamentos'

Imagens de ligações de neurônios do cérebro podem prever o quão inteligente você é, diz estudo
"Ler pensamentos": pesquisa utilizou situações cotidianas para avaliar a atividade cerebral dos pacientes   (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
Cientistas descobriram um jeito de "ler mentes". A técnica, por enquanto, só funciona com pensamentos numéricos e não permite descobrir exatamente em que a pessoa está pensando, mas torna possível saber se alguém está pensando em valores. A descoberta pode levar a diversas aplicações no futuro, como permitir que pacientes que perderam a capacidade da fala após um derrame, por exemplo, se comuniquem por meio do pensamento.
Teorias "conspiratórias" afirmam que a técnica pode ser utilizada para criar um chip que mapeie pensamentos. "Se fosse um jogo de baseball, nós teríamos acabado de comprar o ingresso para entrar no estádio", compara Josef Parvizi, neurologista da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Situações reais – Publicada nesta terça-feira no periódico Nature Communications, a pesquisa é a primeira a medir a atividade cerebral de voluntários não apenas em ambientes laboratoriais, mas em ações cotidianas. Os três voluntários do estudo foram pacientes que estavam internados em um hospital, aguardando uma cirurgia para epilepsia resistente a medicamentos. Para descobrir o local do cérebro que originava as convulsões e verificar a possibilidade de removê-lo cirurgicamente sem afetar outras funções do organismo, esses pacientes tiveram parte do crânio removida para a implantação de eletrodos diretamente no cérebro. Enquanto aguardavam os resultados dos exames, os participantes permaneceram internados, mas podiam realizar atividades como conversar com amigos e familiares, comer e assistir televisão.
Os pacientes responderam um questionário com perguntas de verdadeiro ou falso. Algumas envolviam raciocínio matemático (como “2+4=5”?) e outras memória episódica, ou seja, eventos que podem ser lembrados conscientemente ("você tomou café esta manhã?"). As ações dos participantes durante os dias em que estavam sendo monitorados com os eletrodos também foram filmadas, para que os pesquisadores pudessem comparar as atividades com o comportamento das células nervosas.
Dessa forma, os cientistas descobriram que a atividade na parte do cérebro chamada sulco intraparietal, relacionada à capacidade de lidar com números, aumentava apenas quando os voluntários faziam cálculos ou pensavam numericamente. Um dos pacientes, por exemplo, falava com um amigo sobre ter recebido “um pouco mais” de um analgésico, e outro mencionou “uma crise epiléptica de 10 a 15 minutos”. Em ambos os casos, a atividade no sulco intraparietal disparou, da mesma forma como quando as perguntas de matemática do teste foram respondidas.
Dificuldade – Aplicar essa técnica a uma leitura específica de pensamentos ou de linguagem, porém, seria muito mais complicado. A ciência ainda não descobriu como o cérebro processa conceitos específicos, como palavras ou números. A nova pesquisa revelou onde ocorre o processamento numérico, mas não o circuito específico responsável pelo número dois, por exemplo. Por enquanto, de acordo com o neurologista Josef  Parvizi, apenas é possível dizer que uma pessoa está ou não pensando em números.
As técnicas utilizadas anteriormente para este tipo de estudo, como a ressonância magnética, impossibilitam a análise da atividade cerebral em um contexto da vida real, uma vez que o paciente precisa ficar imóvel em uma câmara escura para que as imagens sejam obtidas. O cruzamento dos dados levou à conclusão de que o padrão de atividade cerebral nos dois ambientes é muito semelhante.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Numerical processing in the human parietal cortex during experimental and natural conditions

Onde foi divulgada: periódico Nature Communications

Quem fez: Mohammad Dastjerdi, Muge Ozker, Brett L. Foster, Vinitha Rangarajan e Josef Parvizi

Instituição: Universidade Stanford, EUA, e outras

Dados de amostragem: 3 pacientes com epilepsia que tiveram eletrodos implantados no cérebro

Resultado: Os pesquisadores conseguiram identificar uma região do cérebro que, quando ativa, significa que a pessoa está pensando em números, valores ou quantidades.

Fonte: Revista Veja

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Como surge a criatividade no cérebro humano

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Você já se perguntou como funciona o cérebro de uma pessoa criativa? há anos, cientistas que estudam o cérebro humano e suas funções se perguntam como funciona a imaginação do homem, e por que somente algumas pessoas são capazes de criar obras de arte e inventar novos artefatos. Depois de uma série de estudos recentes, parece que finalmente chegaram a um resultado satisfatório.
Os pesquisadores Alexander Schlegel , Peter Kohler, Sergey Fogelson , Prescott Alexander , Dedeepya Konuthula e Peter Ulric Tse, do Departamento de Ciências Psicológicas e Cerebrais do Dartmouth College, concluíram que a imaginação humana deriva de uma ampla rede de áreas cerebrais, que manipulam ideias, imagens e símbolos coletivamente. Ou seja, a capacidade de criar em qualquer área, seja arte ou música, exige a capacidade de combinar diferentes representações mentais para formar outras novas.
Para realizar o estudo, os pesquisadores se concentraram nas formas visuais de imaginação. Eles pediram a um grupo de participantes para imaginar determinadas formas e manipulá-las pela combinação com outras formas.
Ao fazer o exercício, cada participante foi monitorado por um scanner de ressonância magnética que media a atividade cerebral. Os resultados mostraram que uma rede de áreas cerebrais foi ativada durante o exercício, sugerindo que funcionavam de forma conjunta.
As tarefas envolviam quatro áreas principais do cérebro: o córtex occipital, o córtex parietal posterior, o lóbulo quadrado e o córtex pré-frontal dorsolateral, áreas do cérebro que normalmente estão associadas aos processos da visão, atenção e execução de funções em geral.
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Além disso, o estudo mostrou que outras regiões também foram ativadas durante o experimento, o que reforça a ideia de que o trabalho mental criativo ocorre em uma rede bem mais ampla.
Embora o estudo da imaginação humana exista há muito tempo, este é a primeira pesquisa que fornece “novas evidências empíricas” que sustentam essa teoria, explicam os pesquisadores.
Segundo Schlegel, os resultados revelam o que torna o homem único em comparação com outros animais, e podem contribuir para o aprimoramento da inteligência artificial. “Quanto mais entendermos o funcionamento do cérebro, melhores máquinas poderemos projetar”, afirmou o cientista.

Fonte:
Discovery Notícias

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cientistas detectam atividade cerebral em coma profundo

Eletroencefalografia: estudo mostra que, mesmo em coma profundo, pode ocorrer atividade cerebral no hipocampo, região relacionada ao aprendizado e à memória
Eletroencefalografia: estudo mostra que, mesmo em coma profundo, pode ocorrer atividade cerebral no hipocampo, região relacionada ao aprendizado e à memória (Thinkstock)
Cientistas descobriram um novo tipo de estado de coma, mais profundo do que o conhecido atualmente. Nesse novo estado, o coma está em um estágio além do marcador de morte cerebral atual — a linha reta do eletroencefalograma, que indica nenhuma atividade cerebral. No novo tipo de coma, no entanto, uma pequena atividade cerebral volta a acontecer. O estudo foi descrito no periódico médico Plos One.
Os pesquisadores puderam observar essa atividade cerebral em um paciente que se encontrava em coma profundo e estava recebendo medicamentos antiepilépticos. “O médico Bogdan Florea, da Romênia, entrou em contato com nossa equipe porque observou um fenômeno inexplicável no eletroencefalograma de um paciente em coma. Percebemos que havia uma atividade cerebral, até hoje desconhecida, no cérebro desse paciente”, conta Florin Amzica, principal autor do estudo e professor da Universidade de Montreal.
Para estudar melhor o fenômeno, os pesquisadores decidiram recriar o estado do paciente em gatos, animal usado como modelo para estudos de neurologia. Com o anestésico isoflurano, induziram 26 gatos a um coma profundo, mas reversível. Os animais deixaram de apresentar atividade no córtex, região dominante do cérebro, passando a apresentar uma linha reta no eletroencefalograma. Porém, em seguida, todos apresentaram oscilações geradas no hipocampo (parte do cérebro responsável pela memória e pelo aprendizado), que eram transmitidas para o córtex, da mesma forma como havia sido observado no paciente.
Morte cerebral — Os autores ressaltam, no entanto, que a descoberta não significa que o conceito de morte cerebral utilizado até hoje esteja incorreto. “Pessoas que decidiram ou precisaram desligar os aparelhos de um parente não precisam se preocupar ou desconfiar dos médicos. Os critérios atuais para diagnosticar morte cerebral são muito rigorosos. Nossa descoberta pode, em longo prazo, levar a uma redefinição de critérios, mas estamos longe disso”, afirma Amzica.

Potencial terapêutico — Um dos potenciais da descoberta é a possibilidade do uso terapêutico de um coma extremamente profundo. Quando alguns pacientes se encontram em condições muito severas, os médicos induzem o coma para proteger o organismo e o cérebro, até que a pessoa possa se recuperar.
Segundo Amzica, o coma mais profundo — produzido nos gatos — pode oferecer uma proteção ainda maior. Isso porque a ausência total de atividade cerebral do coma induzido pode levar à atrofia no cérebro, algo prejudicial ao paciente. Assim, um estado de coma em que uma pequena parte da atividade é mantida pode ter o efeito contrário, e ser benéfico. Ainda serão, entretanto, necessários mais estudos para que essa hipótese seja confirmada.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Human Brain Activity Patterns beyond the Isoelectric Line of Extreme Deep Coma

Onde foi divulgada: periódico Plos One

Quem fez: Daniel Kroeger, Bogdan Florea e Florin Amzica

Instituição: Universidade de Montreal, Canadá, e Centro Médico Regina Maria, na Romênia

Resultado: Os pesquisadores encontraram um novo tipo de atividade cerebral no hipocampo, que ocorre em um estado de coma profundo, quando não há mais atividade na região principal do cérebro

Fonte: Veja

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dores crônicas podem ter origem no cérebro

Dor lombar: se o incômodo durar mais de um ano, o cérebro pode estar mais envolvido com sua origem do que o próprio lugar lesionado (Thinkstock)
Uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira afirma que a estrutura do cérebro de um indivíduo pode ajudar a prever se ele vai conseguir se recuperar de uma crise de dor lombar ou se ela vai se tornar crônica, podendo lhe acompanhar pelo resto da vida. O estudo, publicado na revista Pain, dá suporte à ideia de que o cérebro desempenha um papel crítico nas origens da dor crônica — mais importante que o próprio lugar dolorido —, um conceito que pode levar a mudanças na forma como os médicos tratam os pacientes.
Segundo os pesquisadores, a dor crônica (que dura, no mínimo, mais de um ano) afeta um número cada vez maior de pacientes em todo o mundo. Só nos Estados Unidos, ela atinge cerca de 100 milhões de pessoas e custa até 635 bilhões de dólares em tratamentos. "Esse tipo de dor está se tornando um enorme fardo sobre a população. Essa pesquisa é um bom exemplo das medidas que estamos tomando para investigar esse assunto e reduzir a carga de dor crônica no futuro”, diz Linda Porter, conselheira do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que financiou o estudo.
A dor lombar atinge a parte baixa das costas e representa 28% de todas as dores que levam os pacientes a procurar ajuda médica. Em 23% dos casos, o incômodo não some após o período de um ano, levando ao diagnóstico de uma dor lombar crônica. Os pesquisadores não sabem ao certo qual a origem do problema.
Durante muito tempo, eles pensaram que a causa poderia ser encontrada no próprio local da lesão. Mas, nos últimos anos, alguns estudos têm apontado que mudanças nas estruturas cerebrais podem ter um papel mais central no processo. "Agora, nós podemos ter encontrado um marcador anatômico para a dor crônica no próprio cérebro", afirma Vania Apkarian, professor de fisiologia da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, autor principal da pesquisa.
Substância branca — Para chegar a esse resultado, os cientistas fizeram uma varredura no cérebro de 46 pacientes que procuraram um hospital reclamando de dores lombares. A única condição é que ele não tivessem sentido nenhum tipo de dor no local por pelo menos um ano antes de procurar ajuda médica.
Durante todo o ano seguinte, os pesquisadores escanearam seus cérebros e avaliaram a intensidade de sua dor por meio de exames e questionários. Cerca de metade dos indivíduos se recuperaram em algum momento durante o período, mas a outra metade se manteve com a dor até o final do ano. Esses últimos foram classificados pelos pesquisadores como pacientes com dor lombar persistente.
Anteriormente, os mesmos cientistas já haviam mostrado que o volume de matéria cinzenta — composta pelos neurônios e suas ramificações — no cérebro dos pacientes com dores crônicas diminuiu ao longo do tempo. Dessa vez, sua intenção foi analisar a distribuição da substância branca, formada pelas extremidades dos neurônios — os axônios —e responsável pela comunicação entre as diferentes áreas do cérebro.
Como resultado, descobriram uma diferença consistente na substância branca entre os sujeitos que se recuperaram e aqueles que experimentaram a dor durante todo o ano. O núcleo accumbens e o córtex pré-frontal medial foram duas das regiões que estiveram envolvidas com a dor persistente. "Esse resultado sugeriu que a estrutura do cérebro de uma pessoa pode se predispor a uma dor crônica", diz Apkarian.
Em busca de mais dados que pudessem dar apoio à ideia, os pesquisadores compararam essas imagens cerebrais com imagens extraídas dos cérebros de outros indivíduos, que não estavam inicialmente envolvidos na pesquisa. Assim, descobriram que a estrutura da substância branca daqueles que tiveram dor persistente se assemelhava com a de indivíduos que haviam sido diagnosticados com dor crônica. Em contraste, a matéria branca dos sujeitos que se recuperaram parecia semelhante à de pessoas saudáveis.

Levando sua teoria um pouco mais adiante, os cientistas analisaram se essa diferença na estrutura da substância branca poderia ser capaz de ajudar a prever quais pacientes iriam se recuperar e quais continuariam a sentir dor. E descobriram que as imagens cerebrais podiam prever pelo menos 80% dos desenvolvimentos futuros. "Nosso estudo demonstra a noção de que certas redes cerebrais estão envolvidas com a dor crônica", diz Apkarian. "Compreender estas redes pode nos ajudar a diagnosticar melhor a dor crônica e desenvolver tratamentos mais precisos."

Fonte: Veja

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Rede de neurônios é responsável pela imaginação, diz estudo

cérebro comunicação
Imaginação e criatividade: uma "área de trabalho" envolvendo diversas partes do cérebro é responsável por essa habilidade humana (Thinkstock)
Uma das mais intrigantes capacidades do cérebro humano é a de imaginar: manipular representações mentais para criar imagens - mesmo que elas não existam no mundo real. Se alguém diz “imagine uma girafa com patas de leão”, cada pessoa cria uma imagem desse animal bizarro em sua mente, ainda que, obviamente, nunca o tenha visto. Nenhuma das áreas cerebrais identificadas até hoje, porém, fornece uma explicação satisfatória para a origem da criatividade e da imaginação. Um novo estudo, de pesquisadores da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos, sugere que a resposta para esse problema pode estar em não olhar tão de perto: para os cientistas, a imaginação é controlada por uma ampla rede neural – e não por uma área específica do cérebro.
O estudo identificou uma “área de trabalho mental” no cérebro, uma rede de neurônios que conscientemente manipula imagens, símbolos, ideias e teorias, além de permitir o foco mental necessário para resolver problemas complexos e ter novas ideias.
Avanço tecnológico – Alguns estudiosos já teorizavam que a imaginação humana estaria relacionada a uma rede neural, mas havia uma grande dificuldade em encontrar evidências para isso. A descoberta trazida pela pesquisa só foi possível com o uso de novas técnicas de análise cerebral, que permitiram o estudo da atividade em rede. Com a tecnologia mais antiga, dificilmente seria possível identificar essa rede, uma vez que a análise era focada em uma atividade isolada, insensível à maneira como ocorre a distribuição de informações.

Pesquisa – Os pesquisadores pediram a quinze participantes que imaginassem formas visuais abstratas e as combinassem mentalmente em novas figuras, mais complexas, ou que as desmanchassem em partes menores. Ao medir a atividade cerebral dessas pessoas durante o estudo, os pesquisadores esperavam encontrar intensa atividade no córtex visual, região responsável pelo processamento de imagens. Porém, eles perceberam que doze regiões do cérebro estavam ativas, envolvidas com a manipulação de imagens, formando uma rede, que seria a “área de trabalho mental” prevista pelos especialistas.
“Nossas descobertas nos aproximam da compreensão de como a organização do nosso cérebro nos diferencia de outras espécies e fornece uma área interna tão rica para pensarmos de forma livre e criativa. Entender essas diferenças pode nos ajudar a entender de onde vem a criatividade humana e talvez até nos permitir recriar o mesmo processo criativo em máquinas”, afirma Alex Schlegel, principal autor da pesquisa, publicada nesta segunda feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Fonte: Veja

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Estudo com células-tronco pode curar a hidrocefalia em fetos

Cientistas europeus e americanos podem ter encontrado uma cura para a hidrocefalia, transtorno que atinge cerca de três milhões de crianças por ano, ao substituir as células danificadas da crosta cerebral por células-tronco em cirurgia no período fetal.

A notícia foi dada à "Agência Efe" pelo pesquisador argentino Esteban Rodríguez, do Instituto de Anatomia, Histologia e Patologia da Universidade Austral do Chile, que participa na ilha espanhola de Fuerteventura (nas Canárias) do 26º Congresso da Sociedade Anatômica Espanhola.

A hidrocefalia é um acúmulo de líquido cefalorraquidiano dentro do cérebro e, segundo Rodríguez, "não é só um transtorno líquido, mas de todo o cérebro, pois produz um dano cerebral que, inclusive, é anterior à hidrocefalia".



O pesquisador explicou como acontece um caso de hidrocefalia congênita fetal: "Em condições normais o líquido cefalorraquidiano está em permanente circulação, a partir dos ventrículos laterais, onde é produzido, até onde se absorve. Quando há dificuldade de circulação ou produção do líquido, ele se acumula nas cavidades ventriculares, o que causa o crescimento da cabeça".

A doença neurológica afeta quase dois em cada mil recém- nascidos. Até hoje não havia sido encontrada cura para ela, que mata metade das vítimas emaproximadamente 15 anos. A medicina até agora só consegue fazer tratamentos que diminuam o dano cerebral cirurgicamente.

Já Rodríguez, que estuda a patologia há 15 anos, acredita ter descoberto o mecanismo de desenvolvimento da doença e atribui às células-tronco a possível via para a cura.

A pesquisa de sua equipe está centrada em mostrar que fetos hidrocefálicos, tanto humanos como animais, têm uma doença das células- tronco que desencadeia duas patologias: a hidrocefalia e o transtorno neuronal.

E a alternativa que buscam é "substituir essas células-tronco por células-tronco normais para que sigam criando neurônios que formem a crosta cerebral sem causar dano neurológico". As células-tronco para fazer neurônios poderiam ser extraídas de tecidos tanto do feto como da própria mãe e seriam transplantados em cirurgia.

A equipe é composta por sete centros de investigação de vários países, trabalha há dois anos com a possibilidade dos transplantes. A pesquisa ainda estáem nível experimental, mas o cientista argentino acredita que se seguirem nesta linha com sucesso os primeiros resultados podem ser alcançados em um ano e meio.

"Se as células transplantadas vão para o lugar danificado e se diferenciam em neurônios, poderíamos realizar as primeiros tentativas em humanos", acredita.

Rodríguez alertou que, além da hidrocefalia congênita, existe a adquirida, que pode acometer qualquer pessoa em qualquer etapa da vida devido, por exemplo, à aparição de um tumor, e a normotensão registrada em idosos sem que eles tenham tido tumores prévios.

Fonte: EFE - Eloy Vera

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Implante transparente pode criar 'janela para o cérebro'

Implante transparente feito pela Universidade da Califórnia-Riverside (Foto: Divulgação)
Pequeno implante poderá, segundo pesquisadores, tornar exames e tratamentos mais eficientes
Pesquisadores dos EUA afirmam ter projetado um implante que cria uma "janela para o cérebro" e permite que médicos vejam através do crânio - algo que pode abrir novas oportunidades de tratamento.
O dispositivo, descrito em um estudo na publicação científica Nanomedicine: Nanotechnology, Biology and Medicine, é feito com uma versão transparente de um material usado para implantes de quadril e é capaz de substituir uma pequena parte do crânio.
A equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside diz que a novidade pode, no futuro, permitir que raios laser sejam mais eficientemente disparados dentro do cérebro, maximizando seus efeitos para tratar distúrbios neurológicos.
"(O implante) é um primeiro passo crucial em direção a novos conceitos que estamos desenvolvendo, cujo objetivo é promover formas clinicamente viáveis para acesso visual ao cérebro, quando necessário, em áreas amplas, de forma recorrente, sem a necessidade de craniectomias (intervenção cirúrgica que retira parte do cérebro)", diz o estudo.

Acesso ao cérebro

Os pesquisadores explicam que tomografias e novos tratamentos a laser para pacientes vítimas de câncer ou derrames requerem cada vez mais acesso ao cérebro. No entanto, esse acesso costuma ser limitado, já que parte do crânio precisa ser removida e recolocada a cada intervenção médica.
Com o implante transparente, essa exigência deixaria de existir.
"(O implante) é colocado sob o couro cabeludo, temporária ou permanentemente, e permite o uso de fibras óticas para distribuir laser a partes do cérebro mais superficiais ou profundas", explicam os cientistas.
O material escolhido - zircônia estabilizada con ítria, usado em alguns implantes de cerâmica para quadris e para coroas dentárias - foi adaptado para se tornar transparente.
Segundo os cientistas, o material é seguro para implantes.
"Neste caso, temos uma ideia que parece ficção científica, mas que se tornou fato científico, com grande potencial para impacto positivo nos pacientes", diz o professor de engenharia mecânica Guillermo Aguilar, um dos autores do estudo.

Fonte: BBC

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cientistas criam 'minicérebro humano' em laboratório

Minicérebro criado a partir de células-tronco (PA)

Estruturas do tamanho de ervilhas foram criadas a partir de células-tronco e células de pele
Miniaturas de "cérebros humanos" foram desenvolvidos em laboratório por cientistas austríacos, em um feito que, segundo especialistas, pode transformar nossa compreensão sobre males neurológicos.
As estruturas criadas, que são do tamanho de ervilhas, alcançaram o mesmo nível de desenvolvimento de um feto de nove semanas, mas são incapazes de pensar.
Segundo os cientistas, que são do Instituto de Biotecnologia Molecular da Academia de Ciências Austríaca, elas reproduzem em laboratório algumas das etapas iniciais de desenvolvimento cerebral.
O cérebro humano é uma das estruturas mais complicadas existentes no universo. O estudo, publicado no periódico Nature, já foi usado para ampliar a compreensão a respeito de doenças raras.

Desenvolvimento

Os cientistas usaram células-tronco embrionárias ou células de pele adulta para produzir a parte do embrião que se torna o cérebro e a espinha dorsal - o ectoderma neural.
Essa parte foi colocada em gotículas minúsculas de gel, que permitiram que o tecido crescesse, e em um bio-reator giratório, que provê nutrientes e oxigênio.
As células puderam crescer e se organizar em diferentes partes do cérebro, como o córtex e uma versão inicial do hipocampo, bastante ligado à memória em um cérebro adulto plenamente desenvolvido.
Os pesquisadores creem que essa estrutura chega perto - ainda que não perfeitamente - do desenvolvimento inicial do cérebro fetal.
Os tecidos chegaram a seu tamanho máximo, cerca de 4mm, em dois meses.
Os "minicérebros" sobreviveram por quase um ano, mas não cresceram além disso. Eles não contavam com suprimento de sangue, apenas de tecido cerebral. Ou seja, nutrientes e oxigênio não puderam penetrar na estrutura.
"Nossos organóides servem para modelar o desenvolvimento do cérebro e para estudar qualquer coisa que cause defeitos nesse desenvolvimento", explicou Juergen Knoblich, um dos pesquisadores.
Segundo ele, o objetivo é ampliar o conhecimento a respeito de distúrbios mais comuns, como a esquizofrenia e o autismo, partindo do princípio de que indícios deles podem surgir na fase de desenvolvimento do cérebro.
A técnica também pode ser usada para substituir camundongos em testes de medicamentos e tratamentos.

'Extraordinário'

Pesquisadores já haviam conseguido produzir células cerebrais em laboratório, mas a iniciativa austríaca é a que chegou mais perto de criar um cérebro humano.
Por isso, a novidade chamou atenção entre cientistas.
"É surpreendente", disse à BBC Paul Matthews, professor do Imperial College, em Londres. "A noção de que podemos tirar uma célula da pele e tranformá-la - ainda que seja no tamanho de uma ervilha - em algo que se assemelha a um cérebro é simplesmente extraordinária."
Segundo ele, apesar de o minicérebro não estar se comunicando ou pensando, ele "é o tipo de ferramenta que nos ajuda a entender muitos dos principais distúrbios cerebrais".
Pesquisadores já estão usando a descoberta para investigar uma doença chamada microcefalia, cujos portadores têm cérebros menores do que o normal.
Ao criar um minicérebro com células de pacientes de micocefalia, a equipe conseguiu estudar mudanças no desenvolvimento cerebral dessas pessoas. Percebeu, por exemplo, que as células desses pacientes se adiantavam em sua transformação em neurônios.

Questões éticas e possibilidades

Os pesquisadores em Viena não veem, no momento, nenhum dilema ético em seu trabalho, mas Knoblich afirma que não seria "desejável" fazer cérebros muito maiores do que os já desenvolvidos.
Na opinião de Zameel Cader, neurologista consultor no hospital John Radcliffe, em Oxford, a pesquisa ainda não traz problemas éticos.
"(O minicérebro) está longe de ter consciência do mundo exterior", disse à BBC.
Para Martin Coath, da Universidade de Plymouth, "se (o minicérebro) se desenvolve de maneiras que reproduzem as do desenvolvimento do cérebro humano, o potencial para o estudo de doenças é claro. O teste de medicamentos, porém, é mais problemático. A maioria deles age em coisas como humor, percepção, controle do corpo, dor. E esse tecido que simula um cérebro não tem nenhum dessas coisas ainda".

Fonte:

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Estudo mostra que o cérebro não é completamente 'enganado' por ilusão de ótica


Pesquisadores pretendem agora mapear outras áreas do cérebro, especialmente as ativadas pela região conhecida como ‘ponto G’
De acordo com pesquisadora, os processos cerebrais da percepção são distintos daqueles responsáveis pelas ações guiadas visualmente (Thinkstock)
A ilusão de ótica é um fenômeno conhecido, no qual algumas imagens "enganam" o cérebro, alterando a percepção dele sobre algo.  Porém um novo estudo, realizado no Canadá, mostra que mesmo diante desse tipo de situação, o cérebro não é completamente enganado. Os resultados foram publicados na edição de junho do periódico Psychological Science.

A pesquisa se baseou em uma ilusão de ótica que faz com que as pessoas subestimem a quantidade de objetos em um espaço. Durante os testes, foi apresentada aos participantes uma tela com uma série de bolinhas com tracinhos de um lado, e bolinhas ligadas em pares do outro lado. Eles não sabiam, porém, que havia o mesmo número de bolinhas de cada lado da tela, e a ilusão provocada pela ligação entre eles fez com que os participantes testados afirmassem que o lado com as ligações tinha menos bolinhas do que o outro.
Resposta rápida — Comprovado o efeito da ilusão de ótica, os pesquisadores pediam aos participantes para tocar a bolinha da tela que aparecesse preenchida de preto. Porém, só depois que os participantes começavam a mover a mão em direção à tela é que um dos círculos aparecia em preto. "Nós fizemos os participantes iniciarem o movimento antes que eles soubessem para onde estavam se movendo", disse ao site de VEJA Jennifer Milne, pesquisadora da Universidade de Western Ontario e líder do estudo.
Jennifer Milne e Melvyn Goodale
Ilusão de ótica utilizada no estudo
Quando o círculo preto aparecia, cada participante deveria tocá-lo o mais rápido possível. Para demonstrar que a ação estava sendo guiada pelo sistema motor, responsável pelo planejamento de movimentos, e não por decisões conscientes, os participantes deveriam cumprir a tarefa muito rapidamente – em menos de um segundo.
Nesse tipo de situação, quando o movimento começa antes de o alvo aparecer, a estratégia utilizada pelo sistema motor é fazer um movimento que tenda para o lado no qual o "alvo" (círculo preto) tem mais chances de surgir – ou seja, o lado que tem mais círculos.  Se a ilusão de ótica fez com que os participantes acreditassem que um lado ( aquele com as ligações) apresentava menos bolinhas do que o outro, seria de se esperar que trajetória da mão dos participantes tendesse para esse outro lado, sem as ligações.
"O sistema motor prepara um plano de movimento para cada um dos possíveis alvos. Como ele ainda não sabe onde o alvo vai aparecer, o movimento tende a ir para o lado onde há mais elementos, simplesmente porque as chances de o círculo preto aparecer lá é maior", explica Jennifer.
Porém, o que os pesquisadores observaram é que, apesar da ilusão de ótica, o movimento continuava tendendo para o centro. Isso significa que, apesar de a visão ter sido "enganada", acreditando que um lado tinha menos bolinhas do que outro, o sistema motor "sabia" que na verdade havia o mesmo número dos dois lados, e agiu independentemente da ilusão.
De acordo com a pesquisadora, esses resultados indicam que os processos cerebrais da percepção são distintos daqueles responsáveis pelas ações guiadas visualmente. "Esse experimento nos permitiu separar esses dois processos, que normalmente se desenvolvem ao mesmo tempo", afirmou a autora.
Para Jennifer, os resultados dessa pesquisa podem influenciar também a área de robótica e a programação de inteligência artificial, uma vez que ajudam a esclarecer o processamento de informações no cérebro humano.

Fonte: Revista Veja

terça-feira, 4 de junho de 2013

Será que utilizamos apenas 10% de nosso cérebro?


Um dos mitos mais conhecidos sobre o cérebro é o de que utilizamos apenas 10% de sua capacidade. É uma ideia atraente, pois sugere que poderíamos ser muito mais inteligentes, bem sucedidos e criativos se conseguíssemos aproveitar os outros 90% que podemos estar desperdiçando.
Infelizmente, isso não é verdade.
Não é bem claro a que se referem esses tais 10% de utilização.
Se a afirmação se refere a 10% de regiões cerebrais, é fácil de ser refutada.
Usando uma técnica chamada imagem de ressonância magnética funcional, neurocientistas podem identificar as partes to cérebro que são ativadas quando uma pessoa faz ou pensa em algo.
Uma simples ação, como abrir e fechar a mão ou dizer algumas poucas palavras, requer uma atividade de muito mais de uma décima parte do cérebro. Mesmo quando se supõe que a pessoa não está fazendo nada, o cérebro está trabalhando bastante, controlando funções como respiração, atividade cardíaca ou memória.

Nada ocioso

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Até durante o sono o cérebro se mantém ativo, como mostra esta imagem
Se os 10% mencionados se referirem ao número de células do cérebro, ainda assim a afirmação não procede.
Quando qualquer célula nervosa deixa de ser utilizada ela se degenera e morre ou é colonizada por outras áreas vizinhas. Não permitimos que as células de nosso cérebro fiquem ociosas. Elas são valiosas demais.
Segundo o neurocientista Sergio Della Sala, o cérebro necessita de muitos recursos. Manter o tecido cerebral consome 20% de todo o oxigênio que respiramos.
Como pode então uma ideia sem fundamento biológico ou fisiológico ter conseguido se espalhar desse jeito?
É difícil rastrear a fonte original do mito.
O psicólogo e filósofo norte-americano William James escreveu no livro As energias do homem que "utilizamos somente uma pequena parte de nossos possíveis recursos mentais e físicos".
Ele pensava que as pessoas podiam progredir mais, porém não se referia ao volume do cérebro nem à quantidade de células, tampouco a uma porcentagem específica.
A referência aos 10% é feita em um prólogo da edição de 1936 do popular livro de Dale Carnegie Como ganhar amigos e influenciar pessoas. Algumas pessoas dizem que Albert Einstein foi a fonte da afirmação.
Della Sala tem tentado encontrar essa citação, mas ninguém que trabalha no arquivo Albert Einstein pôde sequer confirmar que tenha existido. Parece mais um outro mito.

Zona duvidosa

Existem dois fenômenos que talvez possam explicar o mal-entendido.
"Existem os 10% que pensam, e os 90% que ajudam a pensar."
Nove de cada dez células do cérebro são do tipo neuróglias ou células gliais, que são células de apoio, que provêm assistência física e nutricional. Os outros 10% das células são os neurônios, que se encarregam de "pensar".
Assim, talvez as pessoas tenham interpretado que os 10% das células que se ocupam do trabalho duro de pensar poderiam aproveitar também as neuróglias para aumentar a capacidade cerebral pensante. Só que essas células são totalmente distintas e não podem simplesmente se transformar em neurônios para nos dar mais potência mental.
Existem os 10% que pensam, e os 90% que ajudam a pensar.
Há no entanto, um grupo de pacientes, cujas imagens do cérebro revelaram algo extraordinário.
Em 1980, um pediatra britânico chamado John Lorber mencionou na revista Science que alguns dos pacientes com hidrocefalia, que tinham muito pouco tecido cerebral, ainda assim tinham um cérebro que podia funcionar.
O caso, sem dúvida, demonstra que todos nós podemos usar nossos cérebros para fazer mais coisas do que sabemos, já que é sabido que as pessoas se adaptam a circunstâncias extraordinárias.
É certo, claro, que se nos propusermos, podemos aprender coisas novas. E cada vez há mais evidência que mostra que nosso cérebro muda. Porém, não é que estejamos explorando uma nova área do cérebro. Acredita-se que quando novas conexões entre as células nervosas são feitas, perdemos velhas conexões quando já não as necessitamos.
O que mais intriga neste mito é que ele pode ter nascido e se cristalizado com base em informação que não é correta.
Talvez falar em 10% seja uma forma atrativa porque oferece um potencial enorme para se melhorar.
Todos queremos ser melhores. E podemos, se nos cuidarmos.
Porém nunca vai acontecer de encontramos uma porção de nosso cérebro em desuso.

Fonte: