quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dislexia, daltonismo, problema na fala: eles tiram as diferenças de letra

Foto: Arquivo pessoal

Crianças contam como lidam com estes fatores no dia a dia e mostram que a detecção de uma condição adversa não precisa assustar

Flávia Pegorin, especial para o iG São Paulo | 29/11/2011 12:41


O último censo do IBGE aponta que 24% dos brasileiros sofrem de algum tipo de deficiência. As crianças não escapam às estatísticas – mas a maioria dos casos compreende diagnósticos leves, de situações perfeitamente contornáveis, adaptáveis ou mesmo curáveis. Naturalmente, grande parte dos pais fica preocupadíssima ao perceber um sintoma diferente em seu filho – ele não fala como as outras crianças, enxerga cores de um jeito diferente ou tem dificuldades específicas na escola. Mas o modo de encarar o problema e a busca por soluções ou melhoria na qualidade de vida da criança é o essencial nessa hora.


A fonoaudióloga Renata Tramontina Ceribelli, especializada em crianças, diz que é comum pais e filhos chegarem ao consultório receosos e, em questão de minutos, abraçarem completamente o tratamento de fala.
“Muitas pessoas demoram a procurar um fonoaudiólogo quando percebem a dificuldade na fala dos filhos. Muito porque os pediatras não estimulam, acreditando sempre que ‘vai passar’. Mas, na maioria dos casos, as crianças são bem mais rapidamente auxiliadas quando chegam cedo ao especialista”, diz Renata.
Com exercícios de voz, no espelho e muitos jogos, o bom profissional da área logo conquista a atenção da criança – e, não raro, elas adoram fazer as sessões, pois percebem a própria melhora. Isso porque, nos primeiros anos de escola, é comum que os amigos notem e corrijam a criança que troca letras ou gagueja, por exemplo. “E esse é um motivo a mais para procurar ajuda: os pais também devem aprender a auxiliar o filho sem corrigi-lo seriamente a todo instante, o que pode prejudicar o tratamento”, lembra a fonoaudióloga.


Foto: Arquivo pessoal
Regina com as filhas Nadine, no alto, e Raissa: a caçula pergunta se "hoje é dia de fono"
Foi uma das coisas que aprendeu a dona de casa Regina Cunha, mãe de Raissa, 4 anos, e Nadine, 12 anos. A caçula vem, há algumas semanas, tratando com sessões de fonoaudiologia as onze trocas de letras – um volume alto para a idade – que produzia ao falar. A professora da menina, Carla, por exemplo, vira “Caila” – uma troca séria para a faixa etária de Raissa. “A escola sinalizou o problema e decidimos procurar logo um especialista para que ela não virasse motivo de gozação entre os amiguinhos”, conta Regina.
A previsão é que o tratamento de Raissa leve de seis a oito meses. Mas ela nem liga. Semanalmente vem a pergunta em casa: “mãe, hoje tem fono?”.“Acredito que a química entre a criança e quem a atende é determinante”, diz Regina. Raissa ama as sessões porque sua terapeuta inventa toda sorte de brincadeiras para mostrar a ela as correções.

Bernardo e a almofada de pancadas
Bernardo, de 12 anos, já sabe por exemplo que tem direito a mais tempo para resolver uma prova. O menino tem dislexia e, por conta disso, passou momentos difíceis até pais e professores perceberem o problema. “Bernardo tinha 8 anos quando fomos chamados na escola por causa do rendimento dele”, conta a mãe, a médica veterinária Heloísa Pappalardo Collet. Ele “comia” letras ao ler e escrever e tinha sérios problemas para ser alfabetizado. Todos achavam Bernardo “lento, imaturo”. A própria mãe, com grande sinceridade, conta que ela e o marido invariavelmente brigavam com o menino por causa das notas baixas e o obrigavam a estudar nos fins de semana.
Com a ajuda da ABD, Associação Brasileira de Dislexia, Bernardo ganhou vida nova. Alegre, muitíssimo criativo e cheio de amigos, ele hoje comemora quando vai bem em uma prova e, com a nota alta em mãos, costuma lembrar a mãe: “hoje é dia de bater na almofada!”. A tal almofada foi confeccionada por Heloísa (“uma coisa feiosa que eu fiz em preto e laranja com a palavra ‘dislexia’ bordada”) – e quando Bernardo se sai bem, ganha licença para “esmurrar a dislexia”.
“Nós aprendemos a lidar com o problema e ele mais ainda”, diz Heloísa. O garoto frequenta um colégio puxado em São Paulo e, apesar de ter um problemão para aprender alemão, no inglês ele vai muito bem graças às aulas de conversação. “Tenho dislexia e não tenho vergonha", diz orgulhoso para quem quiser ouvir.

Foto: Arquivo pessoal 
Enzo é daltônico: "tenho que avisar na escola e nem ligo"
Enzo e os mapas escolares
Esconder uma condição não é algo que as crianças precisem fazer. Enzo Facca, 12 anos, explica para os amigos, sem medo de ser feliz, que ele não enxerga a diferença entre certas cores. Enzo é daltônico – condição percebida pelos pais “em três etapas”, por volta dos 5 anos.
“Primeiro, num jogo de futebol em que os times tinham camisas vermelhas e marrons, ele não entendia quem jogava para qual lado”, lembra a mãe de Enzo, Claudia. ”Depois foi um semáforo em pane, que piscava o verde e o vermelho, e ele não notava. Então um dia pedimos um livro que estava na estante e, com o nome escrito em vermelho no fundo verde, ele simplesmente não achava o volume”. conta.
Com a suspeita inicial para lá de confirmada, o pai do menino se embrenhou no problema e vasculhou a rede atrás de sites e estudos sobre o daltonismo. Luiz soube, entre outras coisas, que apenas 8% da população sofre de daltonismo e o teste mais comum, o Teste de Ishihara, já está um pouco ultrapassado e detecta apenas o padrão da inversão de cores. Testes mais novos já podem mostrar, por exemplo, quais cores cada pessoa enxerga melhor e o grau de daltonismo.
Enzo também já domina o assunto. “Faço os testes na internet de vez em quando só de brincadeira, junto com o meu pai. E sei que preciso avisar na escola quando não vejo alguma cor, como na hora de estudar mapas. Mas, fora isso, na maior parte do tempo, eu nem ligo de ter daltonismo”.

Foto: Getty Images 
Marca registrada do Facebook, o azul foi escolhido porque Mark Zuckerberg é daltônico
Bahia e Minas Gerais podem perder as divisas dependendo das cores usadas, mas Enzo não perde sua confiança. Certo ele, pois o cotidiano mostra que lidar com pequenos percalços do corpo humano deve ser natural. Por exemplo: Mark Zuckerberg, fundador do celebrado Facebook, é daltônico - daí a cor azul dominante na rede social, já que Mark não distingue verdes e vermelhos. A lista de disléxicos famosos é ainda maior, contando com personalidades como Charles Darwin, Pablo Picasso e Walt Disney. Isaac Newton lidou com a gagueira por toda a vida, o cantor Justin Timberlake tem DDA e o ex-presidente Bill Clinton possui um sério caso de surdez. Coisas da vida, ora.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Técnica de estimulação do cérebro 'reverte' efeitos de Alzheimer

Cérebro/ Wikimedia Commons

Atualizado em  28 de novembro, 2011 - 14:00 (Brasília) 16:00 GMT


Região do cérebro associada à memória foi estimulada com eletricidade e voltou a crescer
Cientistas canadenses estão trabalhando em uma técnica que talvez possa fazer algo tido como impossível: reverter o Mal de Alzheimer.

Até o presente, acreditava-se que o encolhimento do cérebro, a deterioração de suas funções e a perda de memória associados à condição eram irreversíveis.
A equipe da University of Toronto está usando uma técnica conhecida como Estimulação Cerebral Profunda, que envolve a aplicação de eletricidade em certas regiões do cérebro.
Em dois pacientes, o processo esperado de deterioração da área do cérebro associada à memória não apenas foi revertido como também voltou a crescer.
As conclusões do estudo foram anunciadas durante uma conferência da Society for Neuroscience em Washington, nos Estados Unidos, em novembro, mas ainda não foram publicadas.
A Estimulação Cerebral Profunda vem sendo usada em milhares de pacientes com Mal de Parkinson e, mais recentemente, Síndrome de Tourette e depressão.
No entanto, não se sabe ainda com precisão como a técnica funciona.
O procedimento é feito sob anestesia local. Um exame de ressonância magnética identifica o alvo dentro do cérebro. A cabeça é mantida em uma posição fixa, uma pequena região do cérebro é exposta e eletrodos são posicionados próximo à região do cérebro a ser estimulada.
Os eletrodos são conectados a uma bateria que é implantada sob a pele perto da clavícula.
Comentando o novo estudo, o professor John Stein, da University of Oxford, na Inglaterra, disse: "A maioria das pessoas diria que não sabemos por que isso funciona".
A teoria de Stein é que, no Mal de Parkinson, células do cérebro ficam presas em um padrão de descargas elétricas seguidas por silêncios e, depois, novas descargas.
A estimulação contínua e em alta frequência perturbaria esse ritmo, sugere o especialista. Ele admite, no entanto, que "nem todo mundo aceitaria essa descrição".
Mistério
Sabe-se ainda menos sobre que papel a estimulação do cérebro poderia ter sobre o Mal de Alzheimer.
No Mal de Alzheimer, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher. Nela funciona o centro de memória, convertendo memória de curto prazo em memória de longo prazo.
Danos a essa região produzem alguns dos primeiros sintomas do Mal de Alzheimer: perda de memória e desorientação.
Nos estágios finais da condição, células morreram ou estão morrendo em todo o cérebro.
O estudo canadense envolveu seis pacientes com a condição. A estimulação foi aplicada ao fórnix, a parte do cérebro que leva mensagens ao hipocampo.
O chefe do estudo, Andres Lozano, disse que o grau esperado de encolhimento do hipocampo em pacientes com Alzheimer é em média 5% ao ano.
Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento de 5% e, outro, 8%.
"Quão importantes são esses 8%? Imensamente importantes. Nunca vimos o hipocampo crescer em (pacientes com) Alzheimer em nenhuma circunstância", disse Lozano à BBC. "Foi uma descoberta incrível para nós".
"Esta é a primeira vez que se demonstra que a estimulação do cérebro em um ser humano faz crescer uma área do seu cérebro"
Em relação aos sintomas, o especialista disse: "Um dos pacientes está melhor após um ano de estimulação do que quando começou, então seu alzheimer foi revertido, digamos assim".
Cedo
Lozano disse que experimentos feitos em animais demonstraram que esse tipo de estimulação pode criar mais células nervosas.
Stein disse estar "muito animado" com os primeiros resultados, mas o fator crítico seria poder demonstrar "se suas memórias melhoraram".
Milhares de pacientes com Mal de Parkinson já foram tratados com Estimulação Cerebral Profunda.
A médica Marie Janson, da entidade beneficente britânica Alzheimer's Research UK, disse que seria significativo se o encolhimento do cérebro pudesse ser revertido. "Se você pudesse retardar o começo do Alzheimer por cinco anos, você cortaria pela metade o número de pessoas afetadas".Para testar se a técnica está realmente funcionando e se assegurar de que o resultado obtido não foi um simples acaso, a equipe canadense vai fazer uma pesquisa maior. "Uma palavra de cautela é apropriada, isto é apenas o princípio e um número muito pequeno de pacientes está envolvido".
Em abril, os pesquisadores pretendem inscrever cerca de 50 pacientes com grau médio de Alzheimer. Todos terão eletrodos implantados, mas apenas metade terá os aparelhos ligados.
A equipe vai comparar os hipocampos dos dois grupos para verificar se existem diferenças.
Eles estão estudando especificamente pacientes com graus leves de Alzheimer porque dos seis pacientes estudados, apenas os dois que tinham sintomas leves melhoraram.
Uma teoria que estão considerando é que após um certo grau de danos, pacientes atingem um ponto a partir do qual não existe retorno.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Músico com memória de 10 segundos após infecção surpreende ciência


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar da amnésia, habilidade musical de maestro britânico permanece intacta

BBC Brasil | 22/11/2011 06:58

Cientistas creem estar perto de descobrir por que uma pessoa que sofre de amnésia e perde a memória de quase tudo na sua vida consegue ainda reter conhecimentos musicais. A resposta pode estar no fato de que as memórias musicais são armazenadas em partes diferentes do cérebro que a de outras memórias.
Quando o maestro britânico Clive Wearing contraiu uma infecção no cérebro em 1985 – uma encefalite por herpes – ficou com uma capacidade de recordar apenas os eventos ocorridos 10 segundos antes. A infecção danificou uma parte do seu cérebro conhecida como lobo temporal médio.

Cilve como maestro, sete meses antes da amnésia
Embora apresentasse um dos casos mais graves de amnésia conhecido pelos cientistas, a habilidade musical do condutor permaneceu intacta. Hoje com 73 anos, Wearing consegue ler partitura e tocar música no piano, e chegou inclusive a reger seu antigo coral.
Em um congresso da Sociedade para a Neurociência realizado neste mês em Washington, um grupo de cientistas alemães descreveu o caso de um violoncelista profissional – identificado apenas como PM – que contraiu encefalite por herpes em 2005. Incapaz de recordar as coisas mais simples – como a imagem de sua própria casa –, PM manteve intacta a sua memória musical.

Anatomia do cérebro
Segundo o médico que estudou o paciente, Carsten Finke, do Hospital Universitário de Charite, em Berlim, o lobo temporal médio do cérebro, severamente afetado em casos de encefalite por herpes, é "altamente relevante" para a memória de eventos e como, onde e quando eles ocorrem. "Mas estes casos sugerem que a memória musical pode ser armazenada de forma independente do lobo temporal médio", afirma o dr. Finke.
A equipe de cientistas alemães também estudou o caso de um paciente canadense nos anos 1990 que perdeu toda a sua memória musical após uma cirurgia que danificou especificamente uma parte do cérebro chamada de giro temporal superior. O caso levou a equipe a sugerir que as estruturas do cérebro usadas para armazenar memória musical "devem ser o giro temporal superior ou os lobos frontais".
Entretanto, o médico acredita que são necessárias novas pesquisas para confirmar a hipótese. "O que é realmente novo nesses casos é que mesmo em casos de amnésia densa e grave ainda existem ilhas de memória intactas, a memória musical", afirmou.
"Esta memória pode ser usada como um ponto de acesso a esses pacientes. Podemos pensar, por exemplo, em relacionar música a atividades específicas, como tomar medicação, ou submetê-los a musicoterapia para recuperar qualidade de vida."

Velhos hábitos
A neuropsicóloga Clare Ramsden ressalta que a memória musical é diferente dos outros tipos de memória. "Não é apenas conhecimento, é algo que você faz", define. A sua entidade, Brain Injures Rehabilitation, voltada para a reabilitação cerebral, estudou os casos de três músicos, incluindo Clive Wearing. As conclusões mostram que as atividades musicais envolvem diferentes partes do cérebro.
"Nossa pesquisa está começando a mostrar que as pessoas com dano nos lobos frontais têm suas habilidades musicais afetadas de forma diferente de pessoas como Clive, cujos lobos temporais médios foram danificados", disse Ramsden.
"Clive ainda consegue ler partituras e tocar música. As pessoas com danos nos lobos frontais podem ter dificuldades de ler uma partitura e tocar uma música pela primeira vez, mas são boas em músicas que elas já sabem."
Para o professor Alan Baddeley, autor de estudos sobre Wearing pela Universidade de York, todos os casos "mostram que a memória não é unitária" e que "há mais de um tipo de memória". "A amnésia não destroi hábitos, mas os pacientes perdem a capacidade de adquirir e reter informação sobre novos eventos."

Handel
A esposa de Clive, Deborah, é autora de um livro, Forever Today ("Para sempre hoje", em tradução livre), que relata como a vida do casal mudou desde a amnésia do marido. "Mesmo tendo um piano no quarto há 26 anos, ele não sabe disso até que o instrumento seja mostrado para ele", contou Deborah à BBC.
Entretanto, diz, "se você der para ele uma música nova, a visão dele percebe a partitura e ele toca a música no piano, mas sem aprendê-la". "Clive não sabe que tocava piano, nem que ainda sabe como tocar."
A esposa diz que, mesmo sem saber, o ex-maestro melhora sua apresentação cada vez que toca uma determinada música, e que ele ainda é capaz de tocar, instintivamente, canções que sabia de cor no passado. "Ele aprendeu Messias de Handel quando era criança e ainda sabe cantá-la."
Deborah diz que a música "é o único lugar onde podemos estar juntos, porque enquanto a música está tocando ele é completamente si mesmo". "Quando a música para, ele volta a cair do abismo. Não sabe nada sobre sua vida. Não sabe nada do que aconteceu com ele em toda sua vida."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Hondurenho de 17 anos desenvolve sistema para controlar computador com os olhos


Luis Cruz demonstra o Eyeboard (Foto: Reprodução)
 
Luis Cruz, um jovem hondurenho de apenas 17 anos de idade, criou um projeto que procura dar amplo acesso a uma tecnologia que pode fazer a diferença por um preço baixo. Mesmo com sua pouco idade, ele desenvolveu em um ano o que chamou de Eyeboard, um tipo de dispositivo para rastreamento ocular que oferece interação com o computador para usuários com deficiências motoras. Por se utilizar de tecnologias simples e facilmente disponíveis no mercado, o sistema tem um custo de US$ 300, cerca de R$ 530 de acordo com a atual cotação.
Este não é o primeiro sistema a ser lançado com essas características. A diferença da interface criada por Luis Cruz, no entanto, está na facilidade de acesso: o hondurenho conseguiu criar todo o sistema com um custo final baixo, o que o torna viável para usuários de países em desenvolvimento.  Além disso, ele também disponibilizou o código aberto do software, oferecendo o projeto para que outros programadores acelerem o desenvolvimento da interface. Aos 17 anos, Luis ajuda para que dispositivos do tipo se tornem uma realidade possível para os usuários que deles necessitam.
Luis Cruz dedicou os últimos 12 meses à criação do Eyeboard. O jovem passou o ano de 2010 construindo e desenvolvendo a interface de rastreamento ocular, que trabalha com a medição do potencial de repouso da retina, utilizando eletrodos em cada lateral dos olhos. O olho humano é polarizado: carrega uma carga positiva na parte da frente, e, na de trás, há um grupo de nervos ligados à retina com carga negativa.
Quando o olho se move, os eletrodos medem a variação dessas cargas através da pele. O Eyeboard não possui a mesma precisão dos sistemas que utilizam lentes de contato ou  o monitoramento de vídeo. O preço, por outro lado, torna o invento muito mais viável e atrativo. E, mesmo com os eletrodos aplicados em um par de óculos de sol, o sistema é bom o suficiente para seguir os movimentos dos olhos com certa eficiência.
Embora o sensor só acompanhe os movimentos oculares na horizontal, o software desenvolvido por Cruz já possibilita a seleção de letras na tela, permitindo que o usuário possa digitar palavras inteiras usando apenas os movimentos dos olhos. O Eyeboard ainda está em uma fase embrionária de desenvolvimento, mas sua produção deve se manter na faixa de preço estimada de US$ 300. O próximo passo do projeto é integrar o software da interface ao computador, permitindo o gerenciamento do sistema operacional.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Menino de sete anos aprende a andar com máquina criada pelo pai



Um mecânico de carros na Argentina inventou uma máquina que permitiu que seu filho de sete anos conseguisse caminhar, apesar de todos os prognósticos pessimistas dos médicos.
Jorge Cardile, que trabalha em uma oficina em Buenos Aires, construiu um "reabilitador de caminhadas" em um mês, feito a partir de uma bicicleta e tábuas de madeira.
Com o tempo – e com todas as suas economias – ele foi aperfeiçoando a invenção.até chegar ao protótipo que permitiu que seu filho exercitasse os músculos das pernas e corrigisse sua postura.
Ao ver o sucesso do filho, Jorge convidou outros pacientes a testarem a invenção. Agora dezenas de pacientes estão procurando a pequena clínica que montou.
Jorge Cardile diz que sua invenção ajuda todas as pessoas com problemas motores. Ele está agora em busca de uma empresa que ajude a produzir sua invenção em maior escala, mas isso tem sido difícil.
Sua inspiração, nas suas palavras, é o seu ídolo – o filho – que agora caminha apesar de todos os prognósticos pessimistas.

Cérebros de crianças autistas têm mais neurônios, diz estudo


As crianças autistas têm mais neurônios e apresentam um cérebro mais pesado que as demais, revela um estudo publicado nesta terça-feira (8) no Journal of the American Medical Association (JAMA). O estudo, baseado em análises de cérebros de crianças autistas falecidas, sugere que a anomalía na zona pré-frontal do cérebro pode ter origem no útero, destacam seus autores.

Os cientistas examinaram os cérebros de sete crianças autistas, com idade entre 2 e 16 anos, a maioria morta por afogamento. Ao comparar os cérebros dos autistas com os de outras crianças, a maioria morta em acidentes de trânsito, os pesquisadores encontraram 67% mais neurônios no córtex pré-frontal e 17,7% mais peso, em média, no primeiro grupo.

"Já que os neurônios corticais não são gerados após o nascimento, este aumento patológico no número de neurônios em crianças autistas indica causas pré-natais", destaca o estudo. O córtex pré-frontal é responsável pela linguagem, comunicação e comportamentos como o ânimo, a atenção e as habilidades sociais. Habitualmente, as crianças autistas têm problemas nestas áreas.

"Os fatores que normalmente organizam o cérebro parecem estar desconectados", destacam Janet Lainhart, da Universidade de Utah, e Nicholas Lange, da faculdade de Medicina e Saúde Pública de Harvard

"Devido ao fato de que os neurônios em todas as zonas do cérebro, exceto no bulbo olfativo e no hipocampo, são gerados antes do nascimento, estas descobertas se somam à crescente evidência biológica de que a neuropatologia do desenvolvimento do autismo começa antes do nascimento, possivelmente em todos os casos".

Estudos prévios sugeriam que os sinais clínicos do autismo tendem a convergir com um período de crescimento anormal da cabeça e do cérebro que começa a ser evidente entre os nove e os 18 meses.

O autismo inclui um amplo espectro de diferentes desenvolvimentos, desde a dificuldade para as relações sociais até a incapacidade de comunicação, passando pela execução de movimentos repetitivos, extrema sensibilidade a certas luzes e sons e problemas de comportamento.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Conheça quatro mitos sobre o funcionamento do cérebro humano


Especialistas explicam o que há de verdade e de mentira sobre o cérebro


BBC Brasil | 11/11/2011 
O cérebro humano é um dos organismos mais complexos do universo e apesar dos esforços dos cientistas, a massa cinzenta que habita nossas cabeças ainda guarda muitos mistérios.
Nos parágrafos a seguir, especialistas ouvidos pela BBC tentam, porém, romper com alguns mitos e inverdades a respeito do cérebro humano e do seu funcionamento.

Foi na década de 1970, quando estava na escola, que ouvi dizer, pela primeira vez, que nós usamos apenas 10% dos nossos cérebros.
"Que incrível", pensei. "Talvez haja uma maneira de conseguir acessar aqueles 90% de capacidade cerebral não utilizada. E o que não poderia ser feito com toda a minha massa cinzenta em ação?"
A ideia é absurda. Hoje, avanços em técnicas de mapeamento da atividade cerebral podem provar isso.
"(Exames) funcionais de imagem demonstraram que há poucas partes do cérebro que não podem ser ativadas por algo", disse a professora Sophie Scott, do Institute of Cognitive Science do University College, London.
Mesmo fazendo algo simples, como fechando nossas mãos, usamos muito mais do que 10% do cérebro. Um exame funcional revela que vastas quantidades de células do cérebro entram em ação enquanto planejam e iniciam a contração dos músculos nos dedos e na palma.

Foto: BBC Brasil
 
Pesquisador afirma que dois hemisférios do cérebro não são entidades separadas
"O cérebro tem um lado 'lógico' e um lado 'criativo'"
Anatomicamente, o cérebro está dividido em duas metades - o hemisfério esquerdo e o direito. Existe uma certa divisão de trabalho entre elas.
"Existem grandes diferenças entre os lados esquerdo e direito do cérebro", diz Scott.
"Mas não é o que as pessoas querem dizer quando usam esses termos no discurso comum".
Lendo livros de auto-ajuda e cursos de administração de empresas, você fica com uma noção de que os dois hemisférios são entidades separadas.
O esquerdo tende a ser mostrado como a morada da lógica e da racionalidade. O direito tende a ser descrito como a fonte da intuição e da criatividade. Portanto, se você é uma pessoa lógica, usa mais o lado esquerdo. Se você é do tipo sensível e artístico, usa mais o lado direito.
De acordo com o mito, todos nós seríamos mais bem sucedidos e realizados se aprendêssemos a explorar o potencial total de ambos os hemisférios.
Scott diz que há diferenças na forma como indivíduos lidam com problemas e refletem sobre o mundo, mas isso não tem nada a ver com as diferentes relações de poder entre os dois hemisférios de seu cérebro.
"Algumas pessoas têm ótima capacidade de imaginação visual. Algumas têm boa imaginação auditiva. Existem muitas variações na forma como recebemos informações e as processamos.
"Mas reduzir isso a cérebro esquerdo 'lógico' e cérebro direito 'criativo' não reflete o que vemos no funcionamento do cérebro. Além disso, isso sugere que você poderia estar usando um hemisfério mais do que o outro e não é assim que funciona".
Os dois hemisférios se comunicam e trabalham juntos por meio de uma rede complexa de cabos fibrosos conhecida como o corpo caloso, ela explica. Eles são complementares e trabalham juntos.

Foto: AP
 
Não existe evidências sobre a relação entre a lua cheia e a insanidade
"Lua cheia influi comportamento"
Segundo a crença popular, a lua cheia está associada à insanidade - daí viria a palavra lunático.

Entretanto, quando psicólogos e estatísticos estudaram o assunto, não conseguiram a influência da Lua sobre o cérebro humano e o comportamento.
Ou seja,  de que haja uma relação entre a ocorrência da lua cheia e acontecimentos como assaltos, prisões, suicídios, chamadas para números de emergência, internações psiquiátricas, envenenamentos e acidentes de automóvel.
Eric Chudler, responsável por vários estudos sobre o assunto, disse: "A maioria das informações - e houve muitos estudos - indica que não existe uma associação entre a fase da Lua e quaisquer desses comportamentos anormais".
Muitos dos que acreditam no mito da lua cheia são policiais ou profissionais de saúde, profissionais que frequentemente presenciam acontecimentos perturbadores.
Chudler sugere que quando esses eventos traumáticos ocorrem, pessoas nessas profissões estão mais inclinadas a notar lua cheia brilhando no céu do que as mais modestas luas crescentes ou meias luas.
Como resultado, eles apenas fazem associações entre fase da Lua e incidentes anômalos quando a Lua está em sua fase mais óbvia e simbolicamente significativa.

Foto: Reprodução 
Mozart não está só: estudo concluiu que qualquer música estimulante torna a pessoa mais alerta e entusiasmada
"Ouvir Mozart torna você mais inteligente"

O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart é central a uma teoria que floresceu na década de 1990 e que levou muitos a acreditar que tocar peças do músico para crianças melhoraria o desenvolvimento de seus cérebros, tornando-as mais inteligentes.
Muitas vezes, mitos são criados com base em fatos reais. Este em particular teve origem em um estudo publicado pela revista científica Nature em 1993.
A pesquisa descreveu um experimento no qual estudantes de uma universidade na Califórnia realizaram uma série de tarefas.
Os voluntários que ouviram uma peça de Mozart antes de fazer os testes se saíram um pouco melhor do que os que ouviram músicas para relaxamento ou não ouviram nada.
O efeito positivo da sonata de Mozart sobre o desempenho dos estudantes desapareceu após cerca de 15 minutos.

Dois anos mais tarde, a mídia havia transformado as observações do estudo em uma teoria segundo a qual tocar Mozart para crianças jovens melhorava sua inteligência.
Empresas começaram a vender CDs do gênio austríaco a famílias com crianças. Em 1998, nos Estados Unidos, o Estado da Geórgia distribuiu CDs de Mozart para mães com bebês recém-nascidos.
Alguns criaram teorias de que as estruturas musicais das composições de Mozart exerciam uma influência biológica sobre as conexões nervosas do cérebro.
Em estudos posteriores, a verdade acabou se mostrando bem mais prosaica:
Especialistas concluíram que qualquer música estimulante tocada antes de uma série de exercícios mentais torna você mais alerta e entusiasmado, então seu desempenho melhora.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que é SÍNDROME DO X-FRÁGIL?




É a causa mais freqüente de comprometimento mental com caráter hereditário, afetando o desenvolvimento intelectual e o comportamento de homens e mulheres.
A expressão "X-Frágil" deve-se a uma anomalia causada por um gene defeituoso localizado no cromossomo X , que, por sua vez, passa a apresentar uma falha numa de suas partes. O X está presente no par de cromossomos que determinam o sexo ( X Y nos homens e X X nas mulheres).
Essa falha ou "fragilidade do X" causa um conjunto de sinais e sintomas clínicos (ou uma síndrome). Daí o nome de Síndrome do X-Frágil (SXF).
A principal manifestação dos problemas da SXF revela-se no comprometimento da área intelectiva ou cognitiva: desde dificuldades de aprendizagem até graus leve, moderado, severo ou profundo de retardo mental.
Como causa geral de retardo mental, é a segunda causa mais freqüente, sendo suplantada somente pela Síndrome de Down. Diferentemente desta, porém, apresenta um caráter de herança e pode atingir vários membros de uma mesma família, sem revelar características físicas marcantes.
Os sinais e sintomas da SXF, por serem semelhantes a outros casos de atrasos e distúrbios gerais de desenvolvimento, necessitam de confirmação através de exame genético com técnicas especiais. A precisão dessa prova pode orientar ou redirecionar tratamentos, visando a torná-los mais específicos. Possibilita, igualmente, aconselhar as famílias afetadas sobre os riscos de recorrência e as possíveis opções reprodutivas.

Diagnóstico

O diagnóstico tornou-se mais preciso a partir de 1991, quando o gene FMR1 foi descoberto. Com base em estudo molecular (DNA), identifica-se o número de cópias CGG deste gene. Esse teste pode ser prescrito por qualquer médico. É realizado através de uma amostra de sangue encaminhada para análise em laboratórios de genética, especializados em diagnóstico molecular.
O exame pré-natal também é possível, sendo recomendado quando existe diagnóstico confirmado na família e sabe-se que a gestante é portadora da pré-mutação. Pelo fato de os sintomas da SXF serem bastante sutis, especialmente em crianças pequenas - e devido à alta freqüência entre a população - profissionais especializados recomendam a prova do X-Frágil para avaliar ou reavaliar casos de atraso de desenvolvimento e retardo mental de origem desconhecida.
O desconhecimento da síndrome e o fato de seus sintomas serem similares a outros quadros clínicos parecem contribuir para que muitos casos ainda se mantenham com diagnósticos obscuros e imprecisos. No caso da SXF, a família pode identificar a origem dos problemas e melhor compreendê-los para buscar tratamentos mais específicos. Além disso, o conhecimento dos padrões de transmissão da doença auxilia na previsão das probabilidades de um descendente herdá-la ou não.
O assessoramento e o aconselhamento genético, logo após a confirmação da doença, são auxílios decisivos para um casal planejar seu futuro, sabendo dos riscos de transmissão. Portanto, a confirmação da SXF - precoce ou mesmo tardia - é sempre recomendada. Não somente para aconselhamento genético, mas também para redirecionar terapias que tenham sido ou estão sendo desenvolvidas, tornando-as mais específicas e compatíveis com as peculiaridades da doença.

Tratamento

Atualmente diversos centros de pesquisa investigam as causas e possíveis soluções para a Síndrome do X-Frágil:
• A terapia genética estuda a possibilidade de inserir no cromossomo X um gene perfeito substituindo o gene FMR 1 alterado;
• Na terapia de reposição, a proteína FMRP viria de uma fonte externa;
• Estudos recentes buscam a possibilidade de reativar o gene FMR 1;
• A psicofarmacologia focaliza o uso de medicamentos mais específicos para atenuar ou eliminar os sintomas da síndrome;
• Terapias especiais e estratégias de ensino podem ajudar a pessoa afetada a melhorar o seu desempenho, facilitando a conquista da independência que lhe for possível;
São as intervenções de atendimentos especializadas que podem minimizar os problemas da SXF. Mas, os custos dos diversos atendimentos requeridos pelos seus sintomas são elevados em todos os níveis, seja para a família ou para os próprios serviços especializados. Juntamente com a carga emocional, esses fatores são estressantes para as famílias afetadas, visto que os problemas causados pela SXF permanecem por toda a vida.
Dependendo das necessidades de cada caso, são realizados diversos tratamentos ao longo das etapas de desenvolvimento de um indivíduo afetado. Eles envolvem acompanhamento clínico em diversas especialidades, com ênfase nas áreas de:
• Acompanhamento pediátrico, neurológico e/ou psiquiátrico (com intervenções psicofarmacológicas);
• Estimulação precoce para o desenvolvimento da área psicomotora;
• Atendimento fonoaudiológico, para aquisição da fala (motricidade oral / fonoarticulação), desenvolvimento e organização da linguagem oral e escrita;
• Psicoterapia familiar e/ou individual;
• Atendimento psicopedagógico clínico (para os transtornos de aprendizagem, organização e desenvolvimento do potencial intelectivo);
• Educação escolar, especial ou regular;
• Terapia ocupacional e outros.
As crianças devem ser acompanhadas por neurologista, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e outros profissionais tanto da saúde como da educação. As áreas de atendimento especializado são definidas de acordo com cada indivíduo e devem se revistas ao longo de seu desenvolvimento.
Educadores e terapeutas devem: minimizar estímulos que não sejam tão importantes naquele momento; dividir as atividades em blocos de acordo com seu tempo de atenção; reduzir a necessidade de contato visual e informar a criança sobre mudanças na sua rotina.
Pesquisas sobre a SXF, juntamente com dados de experiência clínica coletados nos últimos anos, podem redirecionar tais atendimentos, tornando-os cada vez mais compatíveis com os problemas da síndrome.
Especialmente no atendimento da área intelectiva, é recomendável que procedimentos, metodologias e recursos sejam adaptados - e até criados - para desenvolver mais intensamente as áreas mais fortes e minimizar as áreas mais prejudicadas, presentes nos indivíduos com X-Frágil, conforme descrições já disponibilizadas por tais pesquisas.
Os recursos de informática em multimídia, por exemplo, podem ser adaptados para enfatizar e facilitar a via de estimulação visual (gráfica/animada) e auditiva que essas pessoas necessitam para melhor desenvolver suas aprendizagens. A utilização do computador tem sido enfatizada, a partir de experiências terapêuticas e educacionais realizadas tanto na área da linguagem (fala/leitura/escrita) como no desenvolvimento das habilidades de raciocínio.
O que se persegue, portanto, são estudos e pesquisas que sinalizem procedimentos e recursos cada vez mais específicos para as pessoas afetadas pela SXF. Busca-se o diagnóstico, o tratamento mais precoce e especializado possível da doença. Objetiva-se mediar, intensa, metódica e continuamente o desenvolvimento máximo do potencial de inteligência e de aprendizagem disponíveis em cada indivíduo afetado.
Às pessoas afetadas pela SXF, deve-se propiciar e facilitar as aprendizagens escolares e ocupacionais que possam atingir, estimulando tanto a aquisição de habilidades mentais como a adoção de condutas adequadas para sua inserção digna na sociedade.
Pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil tendem a imitar, portanto é imprescindível que se dê um modelo adequado. Eles sentem-se bem quando a rotina é seguida.

Publicado originalmente em: http://www.xfragil.com.br/index.html

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Luz infravermelha pode ser arma contra câncer, diz estudo


Célula cancerígena/Wikimedia Commons
O tratamento, ainda em testes, com infravermelho teria menos efeitos colaterais 

Um tratamento com luz infravermelha pode ser uma ferramenta promissora no combate ao câncer, segundo pesquisadores nos Estados Unidos.
O estudo, publicado na revista Nature Medicine, mostra como uma droga poderia ser acoplada a tumores, sendo ativada apenas quando atingida por raios infravermelhos.
O tratamento seria portanto mais preciso do que os atuais, sem danificar tecidos vizinhos.
Atualmente, os tratamentos contra câncer podem ser separados em três categorias: os que usam radiação, cirurgias para a retirada de tumores e o uso de drogas para matar células cancerígenas.
Todos eles apresentam efeitos colaterais negativos e pesquisadores seguem buscando terapias mais precisas.
Neste estudo, os cientistas do Instituto Nacional do Câncer de Maryland, nos EUA, usaram anticorpos que tinham como alvo proteínas nas superfícies de células cancerígenas.
Eles então acoplaram a substância química IR700 ao anticorpo. A IR700 é ativada quando atingida por luz infravermelha, que pode penetrar vários centímetros na pele.
Para testar a combinação, os cientistas implantaram tumores nas costas de camundongos. Eles receberam a droga e foram expostos a raios infravermelhos.
"O volume do tumor foi reduzido significativamente... em comparação com os camundongos não tratados e a sobrevivência foi prolongada", dizem os cientistas.
"O ataque seletivo minimiza o prejuízo para as células normais."
Os autores dizem que a combinação se revelou "uma terapia promissora" para o tratamento do câncer.

Publicado originalmente na BBC Brasil

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cientistas testam terapia genética inédita para salvar visão de britânico

Jonathan Wyatt (Foto: Pallab Ghosh)
Atualizado em  28 de outubro, 2011 - 09:25 (Brasília) 11:25 GMT

Jonathan Wyatt passou pela nova terapia genética (Foto: Pallab Ghosh)
Pesquisadores de Oxford, na Grã-Bretanha, trataram um paciente britânico com uma terapia genética inédita para evitar que ele perdesse a visão.
A técnica é uma versão avançada de um tratamento desenvolvido há quatro anos em Londres. Pela primeira vez, cientistas tentaram compensar um problema genético nas células que captam a luz, posicionadas no fundo do olho, injetando cópias de genes saudáveis.
O paciente é um advogado de Bristol, Jonathan Wyatt, de 63 anos, que sofre de uma condição genética conhecida como choroideremia. Wyatt foi o primeiro de 12 pacientes submetido à técnica experimental. A experiência com a nova técnica deve durar dois anos no Hospital John Radcliffe, de Oxford.
O médico de Wyatt, professor Robert MacLaren, acredita que só dentro de dois anos poderá terá certeza se a degeneração da visão do paciente parou de avançar. Se isto ocorrer, a visão do advogado terá sido salva.
"Se isto funcionar então vamos querer tratar pacientes muito mais cedo, na infância, quando eles ainda tem visão normal (...) para evitar que eles percam a visão", afirmou.
MacLaren afirma que, se esta terapia funcionar, poderá ser usada também para outras doenças da visão, incluindo a forma de cegueira mais comum entre idosos, a degeneração macular.
"Esta é uma doença genética e não tenho dúvidas de que, no futuro, vai haver um tratamento genético para ela", disse.

Visão prejudicada

Jonathan Wyatt enxergava normalmente até os 19 anos, quando começou a ter problemas para enxergar em ambientes escuros. Médicos disseram que a visão dele iria piorar e que ele poderia ficar cego.
Há dez anos ele começou a ter dificuldades para ler declarações durante julgamentos, em salas com menos iluminação.
"A pior ocasião foi quando eu estava lendo uma declaração para a corte e cometi um erro. O juiz me perguntou 'O senhor não sabe ler, Sr. Wyatt?'. Então decidi abandonar a advocacia", disse.
Atualmente ele trabalha em casa e, sem o tratamento, aguardava ficar cego dentro de poucos anos. O advogado espera que o tratamento permita que ele continue em sua profissão.
A doença de Wyatt, choroideremia, é rara e é causada por uma versão defeituosa do gene chamado REP1. O problema faz com que as células do olho que detectam a luz, que ficam no fundo do olho, morram.
Os portadores da doença tem uma visão normal, mas, no final da infância, começam a deixar de ver durante a noite.
A partir daí a visão entra em fase de gradual degeneração. Os médicos afirmam que os pacientes podem perder totalmente a visão quando estão por volta dos 40 anos. Não havia tratamento para este problema.
A nova terapia genética testada em Oxford é simples: o processo de morte das células detectoras de luz é suspenso quando cópias sem defeito do gene REP1 são injetadas nestas células.

Tratamentos em dez anos

A pesquisa de Oxford foi feita depois de um teste com terapia genética que começou há quatro anos no Hospital Moorfields, em Londres. O objetivo principal destes testes é demonstrar que a técnica usada em Londres é segura.
O tratamento, que adota um procedimento um pouco diferente, foi testado primeiro em adultos que já tinham perdido quase toda a visão e depois em crianças.
De acordo com o professor Robin Ali, que liderou esta pesquisa, os testes mostraram que a terapia genética é segura e que houve uma melhora significativa em alguns pacientes.
O presidente da Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha, John Bell, afirmou que estes testes de terapias genéticas em Oxford e Londres sugerem que vários problemas de visão sem cura poderão ter um tratamento "dentro dos próximos dez anos".