sexta-feira, 25 de março de 2011

Menino tenta levar vida normal após raro derrame aos 2 anos

Peter Wolffsohn
Aos 7 anos, Peter ainda precisa de ajuda com as tarefas diárias

O menino britânico Peter Wolffsohn tinha dois anos de idade quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC, também conhecido como derrame), sem que seus pais percebessem.
Os pais acharam que ele estava fazendo manha, mas no dia seguinte perceberam que alguma coisa estava errada.
Ele não falava muito, não aceitava fazer nenhuma atividade e não segurava seu copo direito.
Após uma ida ao consultório médico e a realização de vários exames, incluindo uma ressonância magnética, foi descoberto que o menino havia tido um derrame, problema normalmente associado a pessoas mais velhas.
Uma vez que os primeiros sintomas da doença haviam passado, Peter foi diagnosticado com hemiplegia permanente, a paralisia de um lado do corpo, atingindo o braço, a perna e o tronco.
"Eu achava que tudo iria voltar (ao normal)", disse sua mãe, Rachel, sobre a perda da fala e de movimentos de Peter por consequência do AVC.
Os médicos descobriram que Peter tinha artérias estreitas, então ele foi internado em um hospital por três semanas e teve de tomar remédios anticoagulantes por seis meses. Hoje, ele toma aspirina todos os dias para ajudar a afinar seu sangue.
Ajuda
Peter Wolffsohn
Uma tala no braço ajuda a evitar que seus músculos se contorçam

Cinco anos após o derrame, Peter reaprendeu a falar e gosta de ir à escola, mas ainda precisa de ajuda em vários aspectos de sua vida.
"Ela lida bem com a situação", diz a mãe.
"Na escola, ele tem apoio individual e em casa eu tenho que ajudá-lo com qualquer coisa que necessite do uso das duas mãos, como cortar a comida dele e dar banho."
"Ele usa uma tala na perna e uma tala de lycra no braço. Se não mantivermos seu pé, seu tornozelo e sua canela alinhados, ele pode ficar bem torto e pode precisar de cirurgia no futuro", diz ela.
Rachel também se preocupa com os quadris e joelhos do filho, porque seu pé está sendo empurrado para uma posição anormal pela hemiplegia. Peter também tende a ficar com o punho fechado, especialmente quando está se concentrando em algo.
Para evitar este tipo de problema, o menino faz muita fisioterapia para relaxar os músculos. O tratamento também inclui injeções de botox que agem como relaxante muscular.
"É preciso ajudar o cérebro a treinar novamente os músculos", explica a mãe.
Hemiplegia
A hemiplegia é causada por danos no cérebro que podem acontecer antes, durante ou logo após o nascimento de um bebê ou ainda durante a infância, em casos como o de Peter.
O problema não tem cura, mas há muito que pode ser feito para minimizar os efeitos.
"Quando ficam mais velhas, as crianças e jovens com hemiplegia podem ser incentivados a desenvolver melhor seu lado mais fraco através da participação em esportes e hobbies", diz Jean-Pierre Lin, pediatra do Hospital Infantil Evelina, em Londres.
Os efeitos colaterais da hemiplegia também podem incluir epilepsia, deficiência visual e dificuldades na fala e alguma crianças podem desenvolver problemas emocionais, de aprendizado ou de comportamento.
Mas Rachel está satisfeita com o apoio que Peter tem recebido em sua escola e diz que ele não tem problemas em falar que teve um derrame.
"Peter tem um professor de educação física incrível que fez muitas perguntas sobre o que ele pode e não pode fazer. Ele também impede que as crianças escolham times e deixem Peter por último, por exemplo."
Rachel espera que o filho consiga ter uma vida independente no futuro, mas sabe que eles terão de enfrentar dificuldades no caminho.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/02/110214_derramemenino_is.shtml

sexta-feira, 18 de março de 2011

HAL-5: o exoesqueleto da Cyberdyne que amplifica o seu condicionamento físico

Eduardo Moreira Para o TechTudo


HAL-5 (Foto: Divulgação)HAL-5 (Foto: Divulgação)
Muitos de vocês já ouviram falar no personagem dos quadrinhos Homem de Ferro. Ou, pelo menos, ouviu nos últimos tempos por algumas vezes o nome Tony Stark, o multimilionário excêntrico, mas viciado em tecnologia, que em um belo dia resolveu vestir uma exoesqueleto ultra sofisticado para combater o crime. Pois bem, no Japão, desenvolveram uma dessas armaduras mecânicas que, se não vão lhe dar poderes para salvar o mundo, pelo menos podem oferecer uma maior liberdade de movimentos para pessoas com limitações motoras. Bom, é o que o exoesqueleto HAL-5 promete.
O produto foi apresentado oficialmente um pouco antes do terremoto que atingiu o país, no International Forum on Cybernics 2011, realizado em Tóquio. O HAL-5 é de fabricação da empresa Cyberdyne, e na sua descrição, o produto promete expandir e melhorar as capacidades físicas do usuário, mas não com o objetivo de nerds fraquinhos intimidarem os fortões na escola. O exoesqueleto foi pensado para ser útil com pessoas que sofrem de paralisia ou ausência de membros, idosos que querem continuar a ter uma vida independente, e até trabalhadores em fábricas.
O HAL-5 é uma evolução de outros dois protótipos de exoesqueleto (HAL-3 e HAL-4), e faz parte do projeto Hybrid Assistive Limb, ou algo como “estrutura híbrida auxiliar”, sendo que essa última versão é aproximadamente 15 quilos mais leve nos membros inferiores do produto, e 25 quilos mais leve em sua estrutura completa, sendo assim mais eficiente. O exoesqueleto inclui pequenos motores acoplados nas articulações, além de um pequeno computador sem fio em uma bolsa integrada na cintura.
O grande problema do HAL-5 é o seu preço. Ele funciona com baterias, que possuem custo inicial entre US$ 14 mil e US$ 19 mil. O HAL-5 não tem preço oficial anunciado, mas podemos ter uma ideia do quanto ele pode sair caro se projetarmos no preço do seu primeiro protótipo, lançado em 2006, que foi avaliado em aproximadamente US$ 50 mil. A Cyberdyne espera começar os primeiros testes clínicos do produto em 2012.

http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2011/03/hal-5-o-exoesqueleto-da-cyberdyne-vai-te-deixar-com-forca-de-um-super-heroi.html

quinta-feira, 10 de março de 2011

Terapia que usa acrobacia com bebês causa polêmica na Rússia

Oleg Tyutin durante sessão de ginástica com Pavel (foto: BBC)
Tyutin pratica ginástica com bebês de dias de idade

Uma terapia de ginástica para bebês que envolve acrobacias com as crianças vem criando polêmica na Rússia.
A prática, criada há 20 anos no país, é chamada de ginástica dinâmica para bebês. A ginástica é legalizada no país e acredita-se que existam centenas de profissionais ministrando as aulas na Rússia.
Um dos praticantes da ginástica e que ensina jovens mães é o psicoterapeuta Oleg Tyutin, que demonstrou para a BBC alguns dos movimentos com o bebê de Victoria Kurzina, Pavel, de apenas 17 dias.
Tyutin segurou a criança pelas pernas, de cabeça para baixo, e o balançou lentamente, como se o bebê fosse um pêndulo. Em seguida, Tyutin joga o bebê para cima e o pega de volta, segurando-o junto ao peito.
O psicoterapeuta afirma que a ginástica - que é legalizada no país, mas praticada apenas por profissionais da rede privada de saúde - é benéfica para os bebês.
"Quando eles nascem, os bebês são muito tensos", explicou Tyutin. "Eles têm medo do espaço amplo, aberto, em volta deles. Este procedimento ajuda o bebê a se adaptar ao novo ambiente, faz com que as crianças sejam mais abertas, mais sociáveis, mais relaxadas. Também os ajuda a se desenvolver mais rapidamente."
No entanto, depois da primeira aula de ginástica, a mãe de Pavel, Victoria Kurzina, não se sente confiante para fazer os exercícios sozinha com o filho.
"É um pouco assustador. Um especialista (fazendo a ginástica), bem, as mãos dele são firmes, ele tem toda a experiência, ele sabe o que fazer. Mas eu ainda estou aprendendo", afirmou.
Vídeo no YouTube
Em janeiro, um vídeo que demonstrava a ginástica foi colocado no site YouTube e gerou uma série de reclamações de internautas.
O vídeo, com acompanhamento musical, mostrava uma mulher russa balançando um bebê em volta de sua cabeça e ombros.
O YouTube tirou do ar o vídeo depois que foi indicado como muito chocante, mas a mulher na gravação, a parteira Elena Fokina, criticou a medida.
"As pessoas na Europa estão acostumadas a criar os filhos com excesso de cuidados, eles têm medo de tudo", disse Elena à BBC, falando pelo telefone do Egito, onde ela está morando atualmente.
"Sinto muitíssimo que o vídeo tenha sido retirado, é triste que muitos pais percam a chance de ver que há outra forma de criar um bebê."
Tyutin pratica a ginástica com sua neta, Varya (foto: BBC)
Tyutin pratica a ginástica também com sua neta, Varya
Mas, para o médico americano Robert Young, que trabalhou como pediatra na Rússia durante 13 anos, a ginástica é "potencialmente perigosa" e algo que ele "nunca recomendaria".
"Pais da Rússia não são diferentes dos pais do resto do mundo. Eles querem que seus bebês cresçam da melhor maneira possível. E aqui está uma técnica que propõe o progresso de seus filhos em seu desenvolvimento, socialmente, de todas as formas. É atraente, mas eu simplesmente não tenho certeza de que (a ginástica) faça isto e acho que existe o potencial para ferimentos aqui."
"O bebê pode escorregar, o bebê pode se mover acidentalmente quando está sendo girado e acertar a perna de alguém ou um móvel", afirmou o médico americano.
Neta
Para a pediatra russa Natalya Belova, a popularização da ginástica dinâmica para bebês é um reflexo dos problemas que a Rússia enfrenta.
"Quando o sistema geral está sob pressão, as pessoas começam a praticar coisas muito diferentes. Existem pessoas como estas em todos os países. (A ginástica) não é um crime, mas é importante examinar este procedimento e entender quais as consequências que pode haver para a criança", afirmou.
Ainda não há estudos sobre a ginástica dinâmica para bebês.
O procedimento não tem um certificado do Ministério da Saúde da Rússia e, por isso, as autoridades em Moscou não comentam a prática. O ombudsman da Presidência para os direitos da criança também negou o pedido da BBC para uma entrevista.
O psicoterapeuta Oleg Tyutin, por sua vez, rejeita as críticas e ressalta que a ginástica é segura se for praticada sob supervisão.
Tyutin praticou a ginástica com seus filhos e agora pratica os mesmos exercícios com sua própria neta, Varya, que tem apenas dois meses e meio de idade.
Ele segura Varya de cabeça para baixo e, segurando apenas por uma perna, ele a gira em um círculo completo.
Parece perigoso mas, enquanto as autoridades russas permitirem, Tyutin vai continuar a oferecer seus serviços.

BBC © MMXI
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/02/110215_russia_ginastica_bebes_fn.shtml?print=1

'Hibernação' salva recém-nascida ressuscitada após morte em parto


Foto: Harvey Hook/HotSpot Media
Ella e a mãe, Rachel (Foto: Harvey Hook/HotSpot Media)

Uma mãe que teve a filha recém-nascida ressuscitada após cerca de 25 minutos morta está fazendo uma campanha para levantar fundos para o hospital que salvou a vida da criança.
A história de Ella Claxton, hoje com nove meses de idade, é uma das mais dramáticas e bem-sucedidas que ocorreram na maternidade de Rosie, em Addenbrooke, que faz parte dos hospitais públicos da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha.
A placenta da mãe rompeu durante o parto, interrompendo o fornecimento de sangue e oxigênio para o cérebro da menina.
"Tudo o que lembro é de ver sangue escorrendo do nariz dela", contou a mãe, Rachel, segundo declarações reproduzidas no site do hospital.
"Os próximos 45 minutos foram os mais longos da minha vida. Médicos, especialistas, parteiras por toda parte. Consegui ver de soslaio alguém fazendo massagem cardíaca na minha filha e bolsas de sangue passando de mão em mão, e ninguém me dizia nada."
Só mais tarde, a mãe, de 32 anos, descobriu que a filha permanecera clinicamente morta por 25 minutos.
Depois de ressuscitada, Ella foi levada para a UTI do Rosie Hospital, onde um cobertor térmico baixou a temperatura do seu corpo para 33,5 ºC – a temperatura normal é de 37,5 ºC – a fim de reduzir o dano cerebral.
Os tratamentos de resfriamentos, que têm se tornado cada vez mais comuns, têm como objetivo reduzir o funcionamento do corpo.
O efeito da hipotermia é semelhante ao da hibernação: funções como respiração, batimentos cardíacos, atividade cerebral e pressão sanguínea podem ser realizadas requerendo menos oxigênio e energia.
Foto: Harvey Hook/HotSpot Media
Ella passou 11 dias no tratamento intensivo (Foto: Harvey Hook)
Após 72 horas, a temperatura corporal da menina foi sendo gradualmente elevada em 0,5 ºC. Onze dias depois, Ella recebeu alta.
"Hoje, acho que o tratamento de esfriamento salvou minha filha de um dano grave no cérebro ou até da morte. Ela tem quase dez meses agora e está crescendo muito bem", disse Rachel.
"Ela faz fisioterapia regularmente porque ainda não começou a engatinhar direito e os médicos notaram que o lado direito é mais fraco. Mas isto não é nada, ela está conosco e isso é um milagre."
Campanha
Agradecida, a mãe endossou uma campanha para levantar 7 milhões de libras (cerca de R$ 19 milhões) para reformar uma ala da maternidade. Um contador no site da instituição indica que metade disso já foi arrecadada.
A instituição diz que é o hospital neonatal da região leste da Inglaterra com as condições mais avançadas para lidar com casos graves.
Entre 2008 e 2009, foram registrados 5,7 mil nascimentos na maternidade, ou cerca de 1.700 acima da capacidade da instituição. "Até 2020, a estimativa é que esse número chegue a 7,5 mil, portanto a expansão é essencial", afirma a instituição.
Na rede social Facebook, a campanha para levantar fundos diz que "as novas instalações atenderão à demanda crescente, incluindo um serviço maior de maternidade e atendimento à saúde da mulher".
"É o lugar perfeito, e serão o lugar perfeito para trazer ao mundo a nova geração dos bebês Rosie!"

sexta-feira, 4 de março de 2011

Anti-inflamatório ibuprofeno reduz risco de Parkinson

Da AFP

cidades@eband.com.br

Os adultos que tomam regularmente ibuprofeno, um anti-inflamatório, têm 27% menos riscos de desenvolver a doença de Parkinson, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira.

"Não há remédio para a doença de Parkinson, então a possibilidade de que o ibuprofeno, um medicamento relativamente não tóxico, possa ajudar a proteger contra esta doença é apaixonante", afirmou o médico Alberto Ascherio, professor de epidemiologia e nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, um dos coautores da pesquisa.

O Mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que causa rigidez muscular, dificuldade para iniciar movimentos, falta de equilíbrio e lentidão nas ações voluntárias.Os neurologistas consideram que o ibuprofeno reduz a inflamação no cérebro que poderia contribuir para o desenvolvimento da doença.

O estudo foi publicado na versão on-line da revista Neurology, da Academia americana de neurologia.Para este estudo, os pesquisadores analisaram os dados médicos provenientes de 98.892 enfermeiras e de 37.305 homens, também profissionais de saúde.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Doenças genéticas: para algumas, tratamento já é realidade


A possibilidade de interferir no curso de algumas enfermidades genéticas trouxe qualidade de vida para portadores e suas famílias

Leoleli Camargo, de Natal | 28/02/2011 11:13

Até bem pouco atrás as doenças genéticas raras vinham sendo enxergadas da mesma forma que eram estudadas pela ciência: de maneira absolutamente isolada. Não é de se admirar. Algumas são tão incomuns que seus portadores somam poucas dezenas e muitas delas são, além de incuráveis, impossíveis de tratar.
Esse caráter infrequente e complexo contribuiu para torná-las o que os médicos chamam de “doenças órfãs”, ou seja, que recebem menos atenção, esforços e investimentos por parte das autoridades de saúde e da indústria farmacêutica.

Na última década, entretanto, os esforços de concentrados centros de pesquisa entidades de portadores destas doenças resultaram em recursos capazes de identificar mais rapidamente e até tratar algumas delas – como é o caso das doenças de Gaucher e de Fabry, e de alguns tipos de mucopolissacaridoses. A mesma mobilização que suscitou diagnósticos e tratamentos mais eficazes para doenças incapacitantes e letais, culminou no Dia Mundial das Doenças Raras, comemorado hoje (28).
“Essas doenças são vistas de forma individual, mas se somarmos todas, a frequência delas fica em torno de 1 para 5 mil, o que significa hoje aproximadamente 40 mil brasileiros” afirma o geneticista Roberto Giugliani, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Giugliani participou do 4º Congresso Latinoamericano de Doenças Lisossômicas (Colatel), encerrado domingo (27) em Natal (RN) e onde foram discutidos o diagnóstico e o tratamento de doenças genéticas raras.
O conhecimento acumulado com o estudo da genética e, na última década, do genoma humano, mostrou que a origem de todas essas doenças está em um ou mais dos 20 mil genes que carregamos no corpo. Cada ser humano, explica Giugliani, carrega entre 3 e 5 genes defeituosos. Volta e meia, um homem e uma mulher portadores dos mesmos genes com defeito se encontram, se relacionam e tem filhos. Pode ser o início de alguma doença grave, incapacitante e por vezes letal.
“Muitas dessas doenças se manifestam por meio de sintomas facilmente confundidos com problemas mais simples. Por conta disso, os portadores peregrinam por dezenas de especialistas até obter um diagnóstico preciso” explica Gregory Pastores, geneticista e professor da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos.
Um bom exemplo disso é a Doença de Fabry. Causada pela ausência de uma enzima envolvida no metabolismo das gorduras no organismo, ela gera uma série de sintomas que, se observados de forma isolada, podem ser confundidos com indícios de outras doenças de tratamento simples e fácil resolução. Alguns portadores levam décadas para descobrir o que tem.
“Pessoas com essa doença sentem, desde pequenas, dor e formigamento nas mãos e nos pés. Os médicos geralmente diagnosticam isso como dores normais do crescimento e jamais pensam em Fabry” diz a pediatra e geneticista inglesa Uma Ramaswami, do Hospital da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Além dos testes já existentes – muitos feitos por meio da análise de sangue e urina – estão em estudo outras opções para identificar mais precocemente algumas doenças genéticas. Marcadores biológicos, como determinadas enzimas e proteínas presentes no sangue, são uma esperança.
“Em algumas doenças já temos marcadores biológicos bem identificados, mas infelizmente ainda não conseguimos dados suficientes para determinar quais são relevantes no diagnóstico precoce e quais não são” diz Johannes Aerts, bioquímico e professor da Universidade de Amstertan, na Holanda.
A rapidez no diagnóstico de uma doença genética tem um impacto importante na qualidade de vida de quem a tem. Se o problema pode ser tratado, iniciar o tratamento antes mesmo de aparecerem os sintomas pode mudar a vida do paciente. Caso não seja possível tratá-la, identificá-la precocemente ajuda a antecipar sequelas.
Para a família do portador, o impacto do diagnóstico também é benéfico. Primeiro porque põe fim a uma angústia de meses, até anos. Em segundo lugar, permite aos geneticistas informar e orientar os pais sobre o curso da doença e sobre como evitar o nascimento de outro filho com o mesmo problema. Qualquer interferência, afirmam os especialistas, é melhor do que não fazer nada.
Conheça algumas das doenças genéticas raras mais estudadas.

Doença de Fabry
É causada pela deficiência em uma enzima envolvida no metabolismo das gorduras no organismo, o que gera acúmulo de gordura em vasos sanguíneos e órgãos. Os sintomas dessa enfermidade são variados e se confundem com os de outras doenças, dificultando o diagnóstico. Portadores de Fabry tem queimação e formigamento nas mãos e nos pés, intolerância ao calor, pequenas lesões avermelhadas na pele, episódios de diarreia alternados com constipação e vista embaçada por conta de catarata. Pessoas com Doença de Fabry frequentemente sobrevivem à infância,mas têm um risco altíssimo de Acidente Vascular Cerebral (AVC), falência renal, infarto outras doenças cardíacas.


Doença de Gaucher
Também é causada pela inexistência ou pela produção deficiente de uma enzima envolvida no mecanismo de eliminação de uma substância chamada glicocerebrosídeo. Sem a eliminação adequada, essa substância se acumula em diversas partes do corpo, como baço, fígado, ossos e sistema nervoso central, gerando sequelas que vão desde problemas de coagulação sanguínea até retardo mental. A Doença de Gaucher é classificada em três subtipos, de acordo com a gravidade das sequelas neurológicas.


Mucopolissacaridoses
Nesse grupo de doenças, a enzima que não é produzida pelo organismo o torna incapaz de processar os glicosaminoglicanos (GAGs), açúcares complexos usados pelo corpo para estruturar diversos tecidos, como ossos, cartilagens, pele e vias aéreas. Quando os GAGs se acumulam no corpo, podem causar sintomas como macrocefalia (crânio maior que o normal), deficiência mental, alterações da face, dificuldades visuais e auditivas, rigidez das articulações, deformidades ósseas, insuficiência das válvulas cardíacas e aumento do fígado e do baço, entre outros. Existem 11 tipos de mucopolissacaridose, entre tipos e subtipos. Jáa há tratamento para os tipos 1, 2 e 6 e estão em estudo terapias para os tipos 4A e 3A.


Doença de Pompe
É causada pela atividade deficitária de uma enzima chamada alfa-glicosidase-ácida, responsável pela degradação de parte do glicogênio da célula. Essa deficiência faz com que o glicogênio se acumule dentro de minúsculas estruturas na célula provocando dano nos tecidos do coração, dos pulmões e do ossos. A doença tem sintomas variáveis, mas comumente gera fraqueza muscular, cardíaca e respiratória, levando à morte entre o começo da infância e a metade da vida adulta. Já existe tratamento para a doença, feito por meio da reposição da enzima deficitária.