terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Crianças criadas com afeto têm maior hipocampo


Estudo mostrou que há um forte vínculo entre a interação com os pais e o tamanho de área cerebral encarregada da memória

EFE | 31/01/2012 10:41


Pesquisadores mostraram que afeto pode provocar mudanças anatômica no cérebro
As crianças criadas com afeto têm o hipocampo - área do cérebro encarregada da memória - quase 10% maior que as demais, revela um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" ("PNAS").

A pesquisa, realizada por psiquiatras e neurocientistas da Universidade Washington de Saint Louis, "sugere um claro vínculo entre a criação e o tamanho do hipocampo", explica a professora de psiquiatria infantil Joan L. Luby, uma das autoras.
Para o estudo, os especialistas analisaram imagens cerebrais de crianças com idades entre 7 e 10 anos que, quando tinham entre 3 e 6 anos, foram observados em interação com algum de seus pais, quase sempre com a mãe.

Foram analisadas imagens do cérebro de 92 dessas crianças, algumas mentalmente saudáveis e outras com sintomas de depressão. As crianças saudáveis e criadas com afeto tinham o hipocampo quase 10% maior que as demais. "Ter um hipocampo quase 10% maior é uma evidência concreta do poderoso efeito da criação", ressalta Luby.
A professora defende que os pais criem os filhos com amor e cuidado, pois, segundo ela, isso "claramente tem um impacto muito grande no desenvolvimento posterior".
Durante anos, muitas pesquisas enfatizaram a importância da criação, mas quase sempre focadas em fatores psicossociais e no rendimento escolar. O trabalho publicado nesta segunda-feira, no entanto, "é o primeiro que realmente mostra uma mudança anatômica no cérebro", destaca Luby.
Embora em 95% dos casos estudados as mães biológicas tenham participado do estudo, os pesquisadores indicam que o efeito no cérebro é o mesmo se o responsável pelos cuidados da criança é o pai, os pais adotivos ou os avós.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Menina sobrevive à marca de nascença fatal por causa de tratamento pioneiro no Reino Unido


Com três anos, Millie leva uma vida normal
Com três anos, Millie leva uma vida normal Foto: Reprodução / Mail Online


Aos três anos de idade, Millie Field pode finalmente sorrir sem problemas. A pequena é a primeira pessoa no Reino Unido a experimentar uma droga que a livrou de uma marca de nascença fatal.
Millie nasceu com uma pequena mancha azul no rosto. Na ocasião, os médicos disseram a Michelle e Stuart, pais da criança, que se tratava de um machucado sem gravidade por causa do trabalho de parto rápido.
Segundo informações do jornal “Daily Mail”, alguns dias depois, a pequena marca havia se transformando em uma imensa mancha vermelha, que não só deixou o bebê desfigurado, como também estrangulava a traquéia, mandíbula e laringe.
A mancha é conhecida como hemangioma, um tumor formado por veias sanguíneas que, se continua a crescer, chega ao ponto de provocar graves problemas respiratórios. E, no caso de Millie, o hemangioma só aumentava, até que ela precisou ser submetida a uma traqueostomia para respirar. Isso deixou a menina incapaz de fazer qualquer som.


A menina nasceu com um hemangioma
A menina nasceu com um hemangioma Foto: Reprodução / Mail Online
Michelle, da cidade de Rochford, na Inglaterra, decidiu fazer uma busca na internet sobre a doença da filha e descobriu um grupo de pesquisa, que passou o telefone da unidade de dermatologia do Great Ormond Street Hospital. “Millie já tinha dez dias de vida e a mancha dela ficava cada vez pior e mais vermelha”, conta a mãe.
Ela fez contato com o hospital e a enfermeira pediu uma foto do bebê. “Ela me telefonou de volta e disse que poderia ser outro tipo de marca de nascença e que ela queria nos ver assim que possível”, contou Michelle. No dia seguinte, Millie piorou e precisou ser submetida a procedimentos de emergência. Ela foi transferida para Great Ormond Street Hospital, onde ficaria pelos próximos seis meses.
A menina se alimentava através de tubos e só respirava por causa da traqueostomia, realizada em uma operação de sete horas. “Uma das partes mais tristes foi não poder alimentar minha filha e nunca ouví-la chorar ou fazer qualquer som”, conta Michelle.


O tumor a impedia de respirar
O tumor a impedia de respirar Foto: Reprodução / Mail Online
O futuro da menina parecia incerto, até que a mãe ouviu falar de uma droga, propanolol, usada para tratar hipertensão e problemas cardíacos. Michelle descobriu que, na França, alguns médicos estavam usando o remédio para tratar hemangiomas, e obtiveram algum sucesso.
Os médicos de Millie ficaram relutantes em usar o remédio, com medo que ela piorasse. “Nós acabamos tentando, principalmente por causa da diferença que fez em outras crianças com hemangioma”, conta Michelle. Os especialistas deram a droga em pequenas doses e a mancha no rosto de Millie começou a diminuir. “O resultado foi quase instantâneo”, enfatiza a mãe.
Mesmo depois da melhora, Millie ainda precisou passar por uma cirurgia de reconstrução das vias aéreas. Depois de duas semanas, o bebê já podia respirar sozinho e recebeu alta. Meses depois, a menina passou por uma cirurgia plástica para reconstruir os lábios, embora ela ainda tenha algumas cicatrizes.
“O remédio mudou a vida dela completamente. O tumor era muito doloroso e ela nunca gostou de ser tocada. Millie precisava de morfina diariamente para se sentir confortável. Agora, nós podemos beijar e abraçar nossa filha”, festeja Michelle.


Publicaso originalmente em: http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/menina-sobrevive-marca-de-nascenca-fatal-por-causa-de-tratamento-pioneiro-no-reino-unido-3640912.html

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Cérebro "começa a declinar aos 45 anos", diz estudo


O cérebro humano (Arquivo/ BBC)
Especialistas querem descobrir mudanças iniciais no cérebro que indiquem Alzheimer
Um estudo realizado pela University College de Londres (UCL) indicou que as funções do cérebro podem começar a se deteriorar já aos 45 anos de idade.
Entre mulheres e homens com idades entre 45 e 49 anos, os cientistas perceberam um declínio no raciocínio mental de 3,6%.
As conclusões contradizem pesquisas anteriores sugerindo que o declínio cognitivo só começaria depois dos 60.
O estudo, publicado na revista científica British Medical Journal, foi conduzido ao longo de dez anos, entre 1997 e 2007.
Os cientistas avaliaram a memória, o vocabulário e as habilidades cognitivas – de percepção ou de compreensão – de quase 5,2 mil homens e 2,2 mil mulheres entre 45 e 70 anos, todos, funcionários públicos britânicos.
Os resultados demonstraram uma piora em memória e cognição visual e auditiva, mas não em vocabulário – com um declínio mais acentuado nas pessoas mais velhas.
Entre os indivíduos entre 65 e 70 anos, eles perceberam um declínio mental foi de 9,6% entre homens e 7,4% entre mulheres da mesma idade.
Para os cientistas, isso quer dizer que a demência não é um problema exclusivo da velhice, e sim um processo que se desenrola ao longo de duas ou três décadas.
"É importante identificar os riscos cedo. Se a doença começou em um indivíduo nos seus 50 que só começa a ser tratado nos 60, como fazemos para separar causa e efeito?", questiona o professor Archana Singh-Manoux, do Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Saúde da População, na França, que conduziu a pesquisa na instituição londrina.
"O que precisamos agora é analisar aqueles que experimentam um declínio cognitivo mais rápido que a média e saber como parar o declínio. Algum nível de prevenção definitivamente é possível", afirma.

Crise de meia-idade

Singh-Manoux argumenta que as taxas de demência devem aumentar na sociedade na medida em que as funções cognitivas estão conectadas a hábitos e estilo de vida, através de fatores como o fumo o nível de exercício físico.
Para a Sociedade contra o Alzheimer, uma organização de pesquisa e lobby no combate à demência, o estudo mostra a necessidade de mais conhecimento das mudanças no cérebro que sinalizam o problema.
"O estudo não diz se qualquer dessas pessoas chegou a desenvolver demência, nem quão viável seria para o seu médico detectar essas primeiras mudanças", afirmou a gerente de Pesquisas da Alzheimer Society, Anne Corbett.
"São necessários mais estudos para estabelecer as mudanças mensuráveis no cérebro que possam nos ajudar a melhorar o diagnóstico da demência."
O diretor de Pesquisas na organização, Simon Ridley, reforçou a necessidade de conscientizar a população sobre os benefícios de ter hábitos saudáveis.
"Embora não tenhamos uma maneira infalível de prevenir a demência, sabemos que mudanças simples de hábitos – adotar uma dieta saudável, não fumar, manter o colesterol e a pressão do sangue sob controle – reduzem o risco de demência", afirmou.
"Pesquisas anteriores indicaram que a saúde na meia-idade afeta o risco de demência durante o envelhecimento, e estas conclusões nos dão mais razões para cumprir as resoluções de Ano Novo."