quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Células-Tronco do Cordão Umbilical


Que doenças as células-tronco do cordão umbilical podem tratar?
No final da década de 1980, foi feita a descoberta de que as células-tronco do cordão umbilical são basicamente as mesmas que as da medula óssea, que originam todas as células que formam o sangue e o sistema imunológico. Hoje, as células de sangue de cordão têm sido usadas como fonte alternativa para transplante de medula óssea. Segundo Luis Fernando Bouzas, coordenador da BrasilCord, rede nacional que reúne os bancos públicos de sangue de cordão umbilical do país, o material serve apenas para tratamento de doenças do sangue. "Mas há inúmeros estudos bem sucedidos, ainda sem aprovação, com doenças degenerativas, neurológicas e cardíacas", diz a hematologista Andrea Kondo, do Hospital Israelita Albert Einstein, que faz parte da rede BrasilCord. Segundo a geneticista Lygia da Veiga Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-tronco Embrionárias da USP, doenças graves e até hoje incuráveis, como a paralisia cerebral infantil ou o diabete tipo 1, têm respondido positivamente aos testes.

Quais as vantagens ao se utilizar células-tronco de cordão umbilical?
Segundo Luis Fernando Bouzas, coordenador da rede de bancos públicos BrasilCord, o transplante feito com células-tronco do cordão umbilical pode ser realizado com maior agilidade do que o transplante de medula, pois elas já estão armazenadas em bancos e prontas para serem usadas. Uma das ideias defendidas pelos médicos é a de que as células de cordão são mais jovens do que as da medula, por isso há menor chance de rejeição. Segundo Bouzas, isso não ficou comprovado, mas as células-tronco de cordão podem ser a única alternativa para transplantes em pacientes com características genéticas muito específicas, quando não é possível encontrar uma medula compatível. "O sangue de cordão umbilical com 70% de compatibilidade é tão bom quanto a total compatibilidade de medula óssea. Isso aumenta a chance de se achar um doador”, diz. Segundo ele, a desvantagem é que um cordão só pode ser usado em um transplante de um paciente com menos de 45 quilos, por isso geralmente é preciso encontrar ao menos duas unidades compatíveis para o procedimento.

Quais as diferenças entre armazenar em bancos públicos ou privados?
Enquanto um banco privado congela o sangue de cordão umbilical para acesso exclusivo da família, podendo ser usado pela própria pessoa anos mais tarde ou por um irmão direto, os bancos públicos podem usar a amostra para pesquisa ou transplante de qualquer paciente. Embora seja realizada apenas em alguns hospitais, a doação a um banco público é gratuita, enquanto o armazenamento é pago: coleta, processamento e armazenamento custam cerca de R$ 3 mil, e a manutenção anual é de R$ 600. Tanto bancos públicos quanto os privados podem usar as células-tronco de um bebê recém-nascido para salvar a vida de um irmão compatível (a probabilidade de compatibilidade entre irmãos diretos é de 25%, segundo a geneticista Lygia da Veiga Pereira).
A questão sobre congelar ou doar o sangue do cordão umbilical divide especialistas. Bancos privados encaram o procedimento como uma segurança para a criança e a família. "Ao armazenar, essas células já estarão disponíveis, prontas para serem utilizadas quando houver indicação médica, sem necessidade de buscar um doador", diz Andresa Forte, assessora científica do banco privado CordCell. Já para o coordenador da rede nacional de bancos públicos BrasilCord, Luis Fernando Bouzas, a criança dificilmente usará seu próprio cordão. "Ainda não ficou provado que o sangue do cordão possa ser útil para doenças do coração, sistema nervoso ou para a medicina regenerativa. O cordão só trata doenças do sangue, que são muito raras", afirma.
Segundo Lygia da Veiga Pereira, estudos recentes mostram que a probabilidade de uma pessoa precisar de um transplante de células-tronco ao longo da vida (de 0 a 70 anos) é de uma em 220. "Se este risco justifica ou não o armazenamento privado é uma questão que deve ser discutida com o médico da família e levar em conta quanto o custo do procedimento pesa no orçamento familiar”, diz.

Como é feita a coleta de sangue do cordão?
O procedimento é rápido e indolor para a mãe e pode ser realizado dentro ou fora do útero, após o parto. "Quando o bebê já está recebendo os cuidados, mas a placenta ainda está aderida ao útero da mãe, um profissional especializado punciona a veia do cordão e o sangue escorre para dentro de uma bolsa com anticoagulante", diz Andresa Forte, da CordCell. Quando já houve o descolamento da placenta, o sangue presente nas veias que estão próximas ao cordão umbilical é coletado e transferido para a bolsa. "Só fazemos a coleta dentro do útero quando o obstetra diz que é possível. Não pode haver nenhum risco para o doador", diz a hematologista Andrea Kondo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Todas as gestantes podem doar?
Segundo a hematologista Andrea Kondo, do Hospital Israelita Albert Einstein, a gestante precisa ter mais de 18 anos, ter feito pelo menos duas consultas de pré-natal para detectar algum problema, ter tempo de gestação igual ou superior a 35 semanas (partos prematuros impedem a coleta), sua bolsa não pode ter rompido há mais de 18 horas e o parto deve ter sido livre de febre ou infecção. "Se o bebê tiver uma anomalia congênita não é possível coletar", afirma ela. Algumas doenças hereditárias também excluem a possibilidade de doação. "Doenças como anemia falciforme, talassemia, imunodeficiências ou doenças musculares degenerativas, por exemplo".

Todos os cordões podem ser armazenados e usados para transplantes?
Não. Mesmo que a gestante tenha feito o pré-natal e não tenha havido nenhuma complicação na gestação, há o risco de o sangue não poder ser armazenado. Em bancos públicos ou privados, são realizados exames com o sangue recolhido para saber se ele poderá ser utilizado. Segundo Luis Fernando Bouzas, da rede BrasilCord, os bancos públicos realizam uma espécie de pesagem e contagem de células presentes no cordão. "Se o volume e contagem não forem suficientes, não congelamos", diz. Segundo a hematologista Andrea Kondo, do Hospital Israelita Albert Einstein, é preciso ter, no mínimo, 500 milhões de células no sangue do cordão umbilical, quantidade necessária para a viabilidade de um transplante de medula.
Tanto bancos públicos como os privados fazem uma série de testes e exames com o sangue da mãe e do cordão umbilical coletado. "Alguns exames são os de quantificação de células-tronco coletadas, análise da porcentagem de células vivas pós-coleta, investigação de infecções transmissíveis pelo sangue, controle microbiológico do sangue coletado, tipagem sanguínea e pesquisas de anticorpos irregulares da mãe", diz Andresa Forte, do banco privado CordCell.

Por quanto tempo o sangue de cordão pode ficar congelado?
Por ser um procedimento muito recente, não é possível definir com precisão por quanto tempo a amostra pode permanecer congelada. "Imaginamos que as células vão ficar guardadas por um tempo muito longo, mas já temos comprovado que é viável por ao menos 20 anos", diz a hematologista Andrea Kondo, do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo Andresa Forte, da CordCell, acredita-se que as células possam ser congeladas por tempo indeterminado. "As células armazenadas continuam vivas e com alta capacidade de proliferação", diz.

Fonte: http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-bebes/noticias/redacao/2012/08/03/congelar-sangue-do-cordao-umbilical-do-bebe-esta-em-alta-entre-as-famosas-tire-suas-duvidas.htm

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