quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Icterícia: o que é este amarelão?



Neste post, vou discorrer sobre um assunto pouco conhecido na população leiga, mas que preocupa pais e mães, sobretudo os de primeira viagem: a icterícia.
Popularmente conhecida como amarelão, a icterícia acomete recém-nascidos, sendo mais frequente nos bebês prematuros. Para compreender o desenvolvimento da doença é preciso ter conhecimento de que na metabolização da hemoglobina (proteína presente nos glóbulos vermelhos que transporta o oxigênio do pulmão para os tecidos), sua molécula é quebrada, formando a bilirrubina. Esta, ao passar pelo fígado, sofre uma conjugação com outras moléculas, o que lhe permite ser excretada do organismo através das fezes e urina. Se a produção de hemoglobina é muito alta, ou se o fígado apresenta problemas que o impeçam de conjugar a molécula, a bilirrubina se deposita nos tecidos, sendo que sua cor esverdeada permite que seja vista através da pele.

A icterícia acomete mais o recém-nascido porque, durante sua formação, no estágio intrauterino, existe uma hemoglobina especial, conhecida como hemoglobina fetal. Após o nascimento, com o início da respiração por via pulmonar, tais hemácias são destruídas em grande velocidade, iniciando-se a produção de hemoglobina adulta. A grande quantidade de hemoglobina fetal se transforma rapidamente em bilirrubina. Se seu fígado não estiver ainda em sua maturidade total, ele não consegue processar toda a quantidade que lhe chega, sendo ela então depositada nos tecidos. Quanto mais prematuro for o parto, assim como tanto menor for o tamanho do recém-nascido, maior será a probabilidade de ele vir a apresentar icterícia. É também mais alta sua incidência em partos cesáreos.
O tratamento da icterícia neonatal fisiológica - imaturidade do fígado - é feito com base nos resultados da dosagem das bilirrubinas. Em níveis mais baixos, submete-se a criança a uma fototerapia, na qual a criança é banhada por períodos longos com luz fluorescente do espectro azul, que tem capacidade de conjugar a bilirrubina, facilitando sua excreção.

Se os níveis de bilirrubina, entretanto, estiverem acima dos parâmetros aceitáveis, ou com uma velocidade alta de crescimento, há necessidade de se realizar uma transfusão sanguínea denominada exsanguineotransfusão, em que se troca todo o sangue com altos teores de bilirrubina, por sangues de doadores, com a finalidade de se evitar a impregnação da bilirrubina no tecido nervoso cerebral – clinicamente conhecido como kernikterus -, o que pode levar a graves consequências caso este processo seja desencadeado.
A icterícia neonatal pode ser prevenida com um acompanhamento obstétrico mais de perto, com a chegada do final da gestação, no sentido de se conseguir que o parto seja o mais próximo possível das 40 semanas, quando o feto já tem uma boa maturidade. Deve-se também evitar os partos cesáreos, cuja opção deve ser somente em casos de risco materno-infantil.
Não podemos esquecer, porém, que existem outras causas de icterícia nos bebês, entre elas a incompatibilidade sanguínea, em que o sangue do bebê, sendo incompatível com o da mãe, faz com que a mãe desenvolva anticorpos contra ele, gerando uma icterícia patológica. Outra causa é a obstrução dos canais de drenagem da bile, do fígado para o intestino, sendo esta icterícia provocada por bilirrubina conjugada, que não consegue ser eliminada, devido ao quadro obstrutivo, causando o amarelão. Neste caso, o tratamento é cirúrgico, visando à desobstrução do canal.
Há ainda uma série de quadros infecciosos, principalmente virais, que, acometendo a mãe durante o período gestacional pode levar a icterícia em recém-nascidos.
É de extrema importância frisar e alertar aos pais que uma criança já grandinha pode também desenvolver icterícia, indicando um sinal de que esteja com alguma doença do fígado, ou do sangue, sendo importante o acompanhamento do médico pediatra.

Fonte:Sylvio Renan de Barros
http://blogdopediatra.blog.uol.com.br/arch2012-08-01_2012-08-31.html#2012_08-22_16_54_06-146240084-0

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