Por Roger Soares
Será que alguém ainda acredita que o contato com a baba
de uma pessoa em convulsão pode transmitir a epilepsia? Provavelmente
não. Mas ainda vejo aqueles que ao presenciarem uma crise epiléptica,
incontinentes, tentam abrir a boca do pobre doente para evitar que venha
a “engolir a língua”. Também há aqueles que seguram a pessoa para que
ela não se debata muito… ou pior, os que fogem(fazendo o sinal da cruz)
assustados com o grito ou a respiração estertorosa durante uma
convulsão. Vamos então esclarecer alguns pontos importantes para
desbastar o preconceito que envolve essa patologia e, talvez, estimular
um pouco mais a solidariedade aos que passam por essa situação.
Por uma questão de objetividade, vou escrever no formato de FAQ e os que desejarem acrescentar comentários ou levantar mais perguntas, fiquem à vontade.
Por uma questão de objetividade, vou escrever no formato de FAQ e os que desejarem acrescentar comentários ou levantar mais perguntas, fiquem à vontade.
O que é a epilepsia?
É uma condição neurológica em que existem descargas
anormais e excessivas das células nervosas – os neurônios. Quando essas
descargas são muito intensas, podem acometer vários grupos de neurônios
em uma área específica ou em todo o cérebro, ocasionando uma crise
epiléptica que pode se manifestar de várias maneiras, desde uma
convulsão até uma pequena ausência.
Como a epilepsia é considerada uma doença crônica, é preciso que haja várias crises identificadas por um médico, sem fatores precipitantes, para ser feito o diagnóstico. Isso é importante porque uma pessoa diabética pode ter uma convulsão se apresentar uma hipoglicemia, o mesmo pode acontecer com um etilista em abstinência, em situações de usos de drogas ou medicamentos etc. Nesses casos, quando a causa é removida, a pessoas deixa de ter crises. Algumas pessoas podem ter um única crise durante toda a vida e não são consideradas epilépticas.
Como a epilepsia é considerada uma doença crônica, é preciso que haja várias crises identificadas por um médico, sem fatores precipitantes, para ser feito o diagnóstico. Isso é importante porque uma pessoa diabética pode ter uma convulsão se apresentar uma hipoglicemia, o mesmo pode acontecer com um etilista em abstinência, em situações de usos de drogas ou medicamentos etc. Nesses casos, quando a causa é removida, a pessoas deixa de ter crises. Algumas pessoas podem ter um única crise durante toda a vida e não são consideradas epilépticas.
Qual o problema de ter um “ameaço” de crise?
A rigor, não existe um ameaço de crise, o que
acontece é uma crise mesmo.Existem vários tipos de crises epilépticas,
mas a mais conhecida é a convulsão – crise tônico-clônica generalizada .
Quando uma crise começa em uma região do cérebro, pode haver o que
chamamos de crise parcial. De acordo com o local do córtex onde começam
as descargas, surgem os sintomas. Por exemplo, se a crise parcial
acomete a região frontal no ponto de controle do braço, o paciente sente
movimentos involuntários naquele membro. Se essas descargas se
distribuem por todo o córtex cerebral, a crise torna-se “generalizada”, a
pessoa perde a consciência, fica rígida, se debate etc. Só que, na
verdade, a crise começou mesmo no braço e se tivesse acabado ali mesmo,
ainda seria uma crise e não apenas um ameaço.
Qual o objetivo e duração do tratamento?
O principal tratamento para epilepsia consiste no uso
de medicamentos específicos, os chamados anti-epilépticos. O objetivo
do tratamento é evitar completamente qualquer tipo de crise(inclusive os
“ameaços”). Ficando o paciente ao menos dois anos sem crises, é
possível tentar a retirada progressiva da medicação, sob os cuidados de
um neurologista. Entre 40 e 60% dos pacientes ficam sem crises e sem
remédios depois desse período. Caso voltem a surgir as crises, é preciso
reintroduzir o tratamento e sua retirada posterior é menos provável. Em
uma percentagem menor de indivíduos, mesmo com o uso concomitante de
várias drogas, em doses altas, ainda subsistem as crises. Isso é o que
chamamos de epilepsia de difícil controle. Felizmente, correspondem a
uma minoria de pacientes.
O que fazer ao presenciar uma crise convulsiva?
Em primeiro lugar, é preciso deixar a pessoa solta e
protegida de objetos que possam ocasionar lesões. Soltar a gravata ou
qualquer coisa que possa prejudicar a respiração. Começar a contar o
tempo em um relógio para determinar a duração da crise. Pode-se apoiar a
cabeça, sem segurá-la. Quando os movimentos pararem, vire o paciente de
lado, pois caso vomite não engasgará. Observe-o até que recupere a
consciência. Se o período de rigidez ou de movimentos espasmódicos durar
mais que cinco minutos – ou se houver duas crises sem recuperação da
consciência entre as crises – é preciso levar o doente a um
pronto-socorro mais próximo.
Ah! Não precisa tentar abrir a boca, puxar a língua ou algo parecido. O paciente não respira porque seus músculos torácicos estão contraídos. Ao afastar os dentes você pode se machucar ou ao paciente.
Ah! Não precisa tentar abrir a boca, puxar a língua ou algo parecido. O paciente não respira porque seus músculos torácicos estão contraídos. Ao afastar os dentes você pode se machucar ou ao paciente.
Se um epiléptico quiser beber álcool, deve parar as medicações naquele dia?
JAMAIS!!! Nunca, de modo algum! O álcool, por si
mesmo, já pode precipitar uma crise convulsiva mesmo em quem não é
epiléptico. A maior causa dos estados de crises prolongadas (estado de
mal epiléptico) – que podem levar a danos cerebrais graves e
irreversíveis – é a suspensão abrupta de medicação. Portanto, nunca
deixe de tomar seus medicamentos, a não ser por orientação do seu
neurologista. Outro cuidado: o uso de certos medicamentos podem afetar o
nível dos anti-epilépticos no sangue, comprometendo sua eficácia.
O portador de epilepsia pode nadar ou andar de bicicleta?
Depende da gravidade de cada caso, do grau de
controle das crises com as medicações e dos efeitos colaterais(como
sonolência) que podem acarretar o seu uso. O médico que acompanha o
paciente pode determinar os riscos para uma pessoa em particular. Via de
regra, se o paciente está bem controlado, sem crises há pelo menos 3 a 6
meses, em uso regular de medicamentos, não há problema em nadar ou
fazer outras atividades esportivas. Aconselha-se a natação sob a
supervisão de um instrutor capacitado que estará atento para uma
eventual crise na água. Deve-se evitar, contudo, esportes radicais,
nadar em mar aberto, manuseio de máquinas pesadas ou exercer atividades
que possam colocar outras pessoas em risco na eventualidade de uma
convulsão.
A epilepsia é um problema espiritual?
Alguns grupos religiosos podem compreender as
manifestações da epilepsia como sinais de um problema espiritual. Os
espíritas kardecistas interpretam as crises como fruto da ação de
obsessores desencarnados, alguns protestantes evangélicos podem entender
a doença como decorrente da ação de demônios. Respeitamos essas
opiniões e o desejo de muitos pacientes de receberem tratamentos
espirituais para melhorar ou curar a patologia. Mas, gostaria de deixar
um alerta: não deixem de tomar suas medicações por um ato de fé.
Quando você se curar pela intercessão de forças espirituais superiores, seu médico reconhecerá que você está livre do problema por tempo suficiente para suspender as medicações com segurança. Não importa que sua cura espiritual seja interpretada pelo doutor apenas como uma “remissão espontânea”. O perigo é jogar os remédios no altar do templo ou algo parecido, mediante o desafio de alguns líderes espirituais, e entrar em um estado de mal epiléptico que pode deixar seqüelas irremediáveis.
Quando você se curar pela intercessão de forças espirituais superiores, seu médico reconhecerá que você está livre do problema por tempo suficiente para suspender as medicações com segurança. Não importa que sua cura espiritual seja interpretada pelo doutor apenas como uma “remissão espontânea”. O perigo é jogar os remédios no altar do templo ou algo parecido, mediante o desafio de alguns líderes espirituais, e entrar em um estado de mal epiléptico que pode deixar seqüelas irremediáveis.
Deve haver muitas outras dúvidas e mitos em relação à
epilepsia que merecem ainda esclarecimento. O importante é falar
abertamente, sem preconceito ou restrições. Quanto à baba do epiléptico,
não há qualquer problema em tocá-la, já que a doença não é
transmissível. Já a solidariedade e o respeito podem ser contagiosos, se
nos empenharmos nisso.
Fonte: http://pauloliberalesso.wordpress.com/
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