Além da genética, novos estudos associam uso de antidepressivos, obesidade e até poluição do ar ao aumento do risco de desenvolver o distúrbio
Autismo: apesar de não haver um consenso sobre as causas
da doença, especialistas concordam que existem fatores genéticos e
ambientais envolvidos
(Thinkstock)
Seis fatores ambientais relacionados ao autismo
1)Uso de antidepressivos:
O uso de antidepressivos durante a gravidez pode dobrar o risco do filho desenvolver autismo. Essa é a conclusão de um estudo realizado na Califórnia e publicado no periódico Archives of General Psychiatry em novembro de 2011, que envolveu 298 crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD, na sigla em inglês) e 1.507 crianças no grupo de controle. O uso de tais medicamentos foi relatado por 6,7% das mães de crianças autistas, contra 3,3% das mães no grupo de controle. Essa relação é considerada mais forte caso os medicamentos sejam utilizados no primeiro trimestre da gravidez.
2) Gripe ou febre persistente
Um estudo preliminar realizado com quase 96.736 crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2003, publicado em novembro de 2012 na revista americana Pediatrics, mostrou que a incidência de gripe ou febre prolongada durante a gravidez pode ser um fator de risco para o autismo.
De acordo com os pesquisadores, as crianças cujas mães tiveram gripe
durante a gravidez tinham duas vezes mais chances de serem
diagnosticadas com distúrbios do espectro do autismo (ASD) antes de
completarem três anos de idade. No caso de febres com duração de uma
semana ou mais, o risco pode ser até três vezes maior.
A motivação para a pesquisa surgiu de estudos em animais, que indicavam
que a ativação do sistema imunológico da mãe durante a gravidez poderia
afetar o desenvolvimento do cérebro da criança.
3) Obesidade, diabetes e pressão alta
Mães obesas têm chances maiores de ter filhos autistas. De acordo com um estudo publicado no periódico Pediatrics em abril de 2012, a obesidade materna aumenta em até 67% a chance da criança sofrer do distúrbio.
A pesquisa envolveu com 517 crianças com distúrbios do espectro do
autismo (ASD, na sgila em inglês), 172 com distúrbios do desenvolvimento
e 315 com desenvolvimento normal, nascidas na Califórnia entre janeiro
de 2003 e junho de 2010, e mostrou que a incidência de diabetes,
hipertensão e obesidade das mães era maior no grupo que apresentava a
doença do que no grupo de controle.
Além disso, dentre as crianças com ASD, aquelas cujas mães tinham diabetes apresentavam dificuldades relacionadas à linguagem, em comparação com os filhos de mulheres não-diabéticas.
4) Vitamina D
Diversos estudos associam baixos níveis de vitamina D no sangue a doenças autoimunes. Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Journal of Neuroinflammation aponta uma relação entre a falta dessa vitamina e o autismo
A pesquisa foi realizada com 50 crianças autistas, entre 5 e 12 anos, e
30 crianças com desenvolvimento normal. Entre as crianças com autismo,
88% delas tinham insuficiência ou deficiência (sendo a última a mais
severa) de vitamina D. Ao mesmo tempo, 70% dos pacientes com a síndrome
apresentaram níveis elevados do autoanticorpo denominado anti-MAG
(glicoproteína associada à mielina). Autoanticorpos são células do
sistema imunológico que atuam contra proteínas do próprio indivíduo que
as produz, e por isso estão associados a doenças auto-imunes, como
diabetes tipo 1 e lúpus sistêmico, por exemplo.
Os pesquisadores acreditam que a deficiência de vitamina D pode
contribuir para a produção do autoanticorpo, mas a relação de tal
vitamina com o autismo ainda não é clara.
5)Tabagismo
Fumar durante a gravidez está associado a distúrbios menos graves relacionados ao autismo, como a Síndrome de Asperger. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos EUA, que analisou dados de 633.989 crianças nascidas entre 1992 e 1998. Por outro lado, não foi identificada relação entre o fumo na gravidez e o autismo comum.
6)Poluição do ar
A poluição do ar é um fator ambiental que tem sido relacionado ao autismo por diversos estudos. Uma pesquisa de 2010, realizada na Califórnia, mostrou que crianças que viviam a menos de 300 metros de rodovias tinham o dobro de chance de desenvolver autismo do que aquelas que viviam mais longe.
Os mesmos pesquisadores publicaram um estudo em novembro de 2012, no periódico Archives of General Psychiatry, que
aprofunda tais resultados. Participaram 279 crianças diagnosticadas com
autismo e outras 245 que não apresentavam a doença. As mães informaram
os endereços em que viveram durante a gestação e o primeiro ano da
criança e os pesquisadores analisaram os níveis de poluição do ar em
cada local. O resultado mostrou que as crianças que foram expostas aos
maiores níveis de poluição causada por veículos tinham até três vezes
mais chances de desenvolverem autismo.
Publicado originalmente em: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/conheca-seis-fatores-que-podem-causar-autismo
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