Pesquisa descobriu que,
com a privação do sono, pessoas apresentam uma função reduzida em vários
genes, inclusive naqueles ligados ao metabolismo
Sono: Redução da atividade dos genes pode explicar o motivo pelo qual dormir pouco afeta a saúde
(Thinkstock)
Muitos estudos já mostraram uma relação entre o sono insuficiente e
consequências negativas à saúde e ao dia-a-dia, como o aumento do risco
de obesidade e de problemas cardiovasculares e mentais. No entanto,
pouco se sabe sobre o que acontece no organismo após uma noite mal
dormida e que desencadeia efeitos como esses. Segundo um novo estudo
inglês, a resposta está nos genes — ou seja, a privação do sono reduz a
atividade de vários genes, entre eles alguns associados à regulação do
metabolismo, alterando funções como o apetite, a queima de calorias e os
sistemas imunológico e cardíaco. Essas conclusões foram publicadas
nesta segunda-feira no periódico Proceedings of the National Academy of
Sciences (PNAS).
No estudo, 26 voluntários, em um ambiente controlado, passaram uma
semana dormindo durante o tempo adequado (aproximadamente 8,5 horas) e
outra semana dormindo poucas horas (5,7 horas em média). Ao longo de
todos esses dias, os pesquisadores analisaram os genes dos participantes
a partir de amostras de sangue recolhidas deles. Segundo os resultados,
um grande número de genes se tornou menos ativo na semana em que houve
privação do sono.
De acordo com Simon Archer, coordenador do estudo, o próximo passo de
sua equipe será investigar de que forma poucas horas de sono, ao
reduzirem a atividade de determinados genes, afetam a saúde a longo
prazo. Archer também quer descobrir se há pessoas mais vulneráveis do
que outras aos efeitos negativos de um sono insuficiente.
Os prejuízos de dormir pouco
1. De acordo com uma pesquisa
apresentada no encontro anual da Sociedade para Estudo de Comportamento
Digestivo (SSIB, sigla em inglês), em julho de 2012, na Suíça, a
restrição do sono faz com que um indivíduo consuma mais calorias e, além
disso, reduz a capacidade do corpo de queimá-las. Isso ocorre porque
dormir pouco aumenta os níveis de grelina, o ‘hormônio da fome’,
conhecido assim por induzir a vontade de comer, na corrente sanguínea.
Além disso, o hábito promove um maior cansaço, reduzindo a prática de
atividades físicas e aumentando o tempo de sedentarismo.
2. Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Breast Cancer Research and Treatment sugeriu
que dormir menos do que seis horas por dia eleva o risco de mulheres na
pós-menopausa terem um tipo agressivo de câncer de mama e uma maior
probabilidade de recorrência da doença.
3. Dormir menos do que seis horas por dia aumenta o risco de um acidente
vacular cerebral (AVC) mesmo em pessoas com peso normal e sem histórico
de doenças cardiovasculares, segundo um estudo
apresentado em junho de 2012 no encontro anual das Sociedades de Sono
Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston.
4. Dormir pouco ativa de maneira diferente os centros de recompensa do
cérebro com a exposição a alimentos gordurosos em comparação com dormir
adequadamente. Isso faz com que esses alimentos pareçam mais salientes e
que a pessoa se sinta mais recompensada ao comer esse tipo de alimento.
Essas descobertas
foram apresentadas em junho deste ano no encontro anual das Sociedades
de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de
Boston. Além disso, uma pesquisa
publicada em janeiro deste ano indicou que noites de sono mal dormidas
ativam com mais intensidade uma área do cérebro responsável pela
sensação de apetite.
5. Segundo um estudo
apresentado em junho de 2011 durante encontro das sociedades médicas
para o sono, nos Estados Unidos, menos horas de sono podem desencadear
problemas com hiperatividade e desatenção durante o começo da infância.
Esses são sintomas comuns do transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH).
6. A 25ª Reunião Anual da FeSBE (Federação de Sociedades de Biologia Experimental), em agosto de 2010, trouxe uma pesquisa
que relacionou a falta de sono e o problema sexual. De acordo com o
trabalho, feito na Unifesp, além do maior risco de impotência, homens
que dormem pouco têm maiores chances de desenvolver problemas
cardiovasculares e de engordar.
7. Um estudo
apresentado em outrubro de 2011 no Encontro Anual do American College
of Chest Physicians, mostrou que jovens que dormem menos de sete horas
por dia têm índice de massa corporal (IMC) maior, e que isso pode estar
relacionado diretamente com os hormônios grelina e leptina, que regulam
as sensações de fome e saciedade.
Fonte: Revista Veja
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