terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

“Droga viva” cura leucemia

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© Reprodução Discoverynews
Uma nova técnica de destruição de células cancerosas, que usa o próprio sistema imunológico do organismo, combateu a leucemia em 88% dos pacientes, afirmam pesquisadores norte-americanos.
É mais uma boa notícia no florescente campo da imunoterapia do câncer, que emprega a chamada “droga viva”, uma técnica aclamada pela revista Science como o grande avanço da medicina em 2013.
O estudo, publicado na revista Science Translational Medicine, envolveu 16 pessoas com leucemia linfoblástica aguda (LLA). Cerca de 1.400 pessoas morrem de LLA nos Estados Unidos a cada ano, e embora seja um dos cânceres mais tratáveis, os pacientes muitas vezes se tornam resistentes à quimioterapia e sofrem recidivas.
Segundo os resultados do estudo, 14 de 16 pacientes adultos conseguiram a remissão completa da doença depois que suas células T foram geneticamente modificadas para se concentrar na erradicação do câncer. A idade média dos pacientes era de 50 anos, e todos estavam à beira da morte quando participaram dos testes.
A remissão mais longa até o momento já dura dois anos e o paciente continua saudável, informou o principal autor do estudo, Renier Brentjens, diretor de terapias celulares do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering. Sem o novo tratamento, calcula-se que apenas 30% dos pacientes responderiam bem à quimioterapia.
Cerca de 80 pessoas estão sendo submetidas ao novo tratamento nos Estados Unidos, e centros da Europa começam a empregar a tecnologia pioneira.
Reeducando as células T
O processo envolve a remoção de alguns das células T do paciente, que são modificadas para reconhecer a proteína CD19 das células cancerosas e atacá-las. Em condições normais, as células T atacam outros invasores nocivos ao organismo, mas permitem que o câncer cresça ininterruptamente. ”Usamos a terapia genética para reeducar as células, fazendo com que reconheçam e matem as células tumorais “, explicou Brentjens.
Desenvolvida ao longo de 15 anos, a técnica, conhecida como receptor antígeno quimérico, “parece realmente funcionar em pacientes com esse tipo específico de câncer”, afirmou Brentjens à AFP. No ano passado, sua equipe relatou os primeiros resultados promissores em cinco pacientes adultos, que entraram em remissão após a terapia.
Em dezembro de 2013, especialistas de vários centros de câncer nos Estados Unidos apresentaram suas descobertas sobre a nova técnica na reunião anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), incluindo a Universidade da Pensilvânia, cujo foco é o combate à leucemia linfocítica crônica (LLC). Os pacientes pediátricos do Hospital Infantil da Filadélfia também estão sendo tratados com a terapia de células T.
Segundo Brentjens, outros centros norte-americanos obtiveram taxas de remissão semelhantes, o que confirma a eficácia da técnica. ”É um fenômeno real, que pode significar uma mudança de paradigma na terapia do câncer”, declarou à AFP.
Kanti Rai, chefe do Programa de Tratamento e Pesquisa de LLC do Sistema de Saúde North-Shore-LIJ, de Nova York, descreveu a técnica como “uma grande contribuição para todos nós”. Segundo Rai, que não participou do estudo, os primeiros bons resultados no tratamento contra a LCC surgiram há alguns anos, e a nova técnica “gerou resultados igualmente impressionantes, mesmo se tratando de uma doença mais assustadora e fatal como a LLA”.
Os pesquisadores agora tentam descobrir por que a abordagem não surte o mesmo efeito em todos os pacientes. O próximo passo é identificar células receptoras específicas, que atacariam outros tipos de tumores.
“A expansão para outros tipos de câncer o próximo item da nossa lista”, disse Brentjens. O custo da terapia ainda é muito elevado, cerca de US$ 100 mil por paciente, mas os especialistas acreditam que ele deve cair quando a técnica se tornar mais difundida e atrair o interesse de grandes companhias farmacêuticas.

Fonte:
 Discovery Notícias

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