Os bebês que ouviram uma mesma música de ninar durante os
últimos meses de gravidez foram capazes de reconhecer a melodia após o
parto
(Thinkstock)
Logo depois do parto, os pesquisadores analisaram a reação desses bebês a duas versões da mesma música: uma delas com algumas notas modificadas, a outra, inalterada. Outros doze bebês que nunca haviam sido expostos à melodia também participaram do experimento, como grupo de controle.
Ao analisar a atividade cerebral por meio de sensores colados na pele dos bebês, os cientistas descobriram que as crianças do primeiro grupo apresentavam uma resposta muito mais forte à música original do que o grupo de controle. Quando repetiram a experiência quatro meses depois, o resultado foi o mesmo — sugerindo que a melodia havia se tornado uma memória de longa duração.
O estudo também mostrou que, quanto mais o bebê havia sido exposto à música no útero, maior era sua atividade cerebral em resposta à nova audição. "Pesquisas anteriores haviam indicado que os fetos eram capazes de perceber pequenos detalhes da fala, mas não sabíamos por quanto tempo eles poderiam reter essa informação. Nosso estudo mostra que os bebês são capazes de aprender em uma idade muito jovem, e que os efeitos dessa aprendizagem permanecem no cérebro por um longo tempo", diz Eino Partanen, professor da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e um dos autores da pesquisa.
Memória fetal — O processamento das canções e da fala é feito por meio de mecanismos comuns no cérebro dos bebês. Segundo os pesquisadores, isso significa que a audição de músicas pode ajudar no aprendizado da fala humana. A pesquisa indica que esse processo de aquisição da linguagem pode começar ainda mais cedo do que se pensava. "Este é o primeiro estudo a acompanhar por quanto tempo as memórias fetais permanecem no cérebro. Os resultados são significativos, uma vez que os primeiros mecanismos da memória ainda são desconhecidos", diz Minna Huotilainen, pesquisadora da Universidade de Helsinki que comandou o estudo.
Os pesquisadores pretendem começar uma segunda pesquisa sobre o assunto, dessa vez com a intenção de analisar os efeitos nocivos que ambientes ruidosos podem causar no desenvolvimento dos fetos.
Fonte: Revista Veja
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