terça-feira, 16 de novembro de 2010

O QUE O PEDIATRA DEVE OBSERVAR QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM NA CRIANÇA

O QUE O PEDIATRA DEVE OBSERVAR QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM NA CRIANÇA
Por: Lean Fontain Franco
e Fernanda Virmond

Artigo publicado no Boletim Informativo número 18 de março de 1999 da Sociedade Paranaense de Pediatria.

O desenvolvimento de linguagem de uma criança está intimamente relacionado ao desenvolvimento motor global, a integridade das vias auditivas e neurológicas e ao desenvolvimento intelectual. Assim sendo é de vital importância que o Pediatra analise todas as pistas que a criança lhe oferece, como os sons que produz, o contato visual e a atenção que ela mantém ao som.
Ao nascimento apresenta-se num padrão motor flexor, sendo o reflexo de Moro sua primeira experiência em extensão, emitindo sons guturais e posteriores e choro nasal. A criança está atenta aos estímulos sonoros, por exemplo: ao ouvir barulho forte ela para de mamar ou apresenta sobressalto ou reflexo cócleo-palpebral.
A partir do segundo mês, com o avanço do amadurecimento neurológico, o lactente inicia um processo de oralização mais anterior, sendo os sons nasais superados tornando a emissão mais clara. Até o quarto mês estes sons vão tornando-se melhor elaborados pois a criança leva a mão à boca, iniciando a supressão dos reflexos de procura e sucção, dando maior independência aos movimentos de língua, lábios e mandíbula.
Entre o quarto e o quinto mês, é o período que denominamos lalação onde passa a utilizar-se de entonação dando pequenos "gritinhos" e fazendo brincadeiras com a voz. Esta fase é de extrema importância pois a criança vivencia a entonação da fala do adulto e uma importante troca com o meio. Ela está atenta ao mundo sonoro e procura a fonte sonora.
No sexto mês, a criança passa a emitir sílabas repetidamente, é o balbucio. É muito importante observar, a partir deste momento, se a criança começa a fazer uma variação na emissão dos sons ao nível de quantidade e qualidade. Este é o início da preparação para a fala. Começa a localizar estímulos sonoros para as laterais.
A partir dos sons que a criança emite e do reforço dado pelos pais, estes sons começam a ganhar um significado. estamos por volta dos oito ou nove meses de idade, e a criança começa a emissão de monossílabos e/ou dissílabos com significado - /da/ quando quer algo, /ta/ quando quer dar algo, /mama/ para mamãe, /papa/ para o papai ou para a comida, e onomatopéias como /au-au/ para o cachorro, /mu-mu/ para a vaca, /piu-piu/ para o passarinho, etc... Nesta fase tenta localizar o estímulo sonoro para baixo e para cima.
Com um ano de idade considera-se o início da fala articulada, é quando a maioria das crianças tem condições para o início de emissões de vocábulos de maneira mais correta, como /mamãe/ e /papai/. a criança é capaz de localizar o estímulo sonoro em qualquer direção.
Após esta fase a criança vai adquirindo um vocabulário isolado e vai experimentando uma melhor elaboração e coordenação dos movimentos, sendo que muitos vocábulos são emitidos através da sílaba tônica (sílaba mais forte) /bo/ para bola, /pa/ para pato. A criança também imita o fluxo de fala do adulto dando a impressão de estar falando uma língua estrangeira (é o jargão). A criança costuma misturar o jargão com os vocábulos que conhece.
Com aproximadamente 18 meses de idade, a criança começa a combinar dois vocábulos para formar frases de dois elementos como /dá água/, /não qué/, /ó mãe/ - é a fala telegráfica que dará a base para a formação de sentenças mais completas e complexas.
A partir dos dois anos a criança vai ampliando e aperfeiçoando cada vez mais o seu vocabulário, estruturando melhor sua linguagem e tendo acesso a todos os elementos da língua.
Com três anos a criança pode apresentar um fenômeno conhecido como gagueira fisiológica, pois sua fala não consegue acompanhar a velocidade de seu pensamento.
Considera-se que até quatro anos de idade ou pelo menos até a fase pré-escolar (5 anos) a criança deve ter adquirido a linguagem com todo o seu padrão correto, ou seja, estar falando todos os fonemas de maneira inteligível.
O bebê de risco neurológico, normalmente irá apresentar ausência ou exarcebação dos reflexos de procura, sucção, mordida e vômito, atrapalhando o desenvolvimento normal da linguagem. É comum observarmos a criança obter um bom desempenho no desenvolvimento até o balbucio, a partir do momento que a criança precisa estabelecer uma relação significante-significado, ou seja, dar um significado para sua emissão (fator intelectual), o atraso torna-se evidente.
Pediatra encaminhe seus bebês para uma avaliação Fonoaudiológica e para que os pais sejam orientados assim que notar qualquer alteração no desenvolvimento da linguagem. A linguagem é fundamental no desenvolvimento da criança.

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