segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pesquisadores desenvolvem nova técnica para criar células-tronco




Da fertilização in vitro para estudos com célula-tronco

Cientistas do Centro de Medicina Regenerativa, em Barcelona, desenvolveram uma nova técnica para criar células-tronco. Os pesquisadores descobriram novos genes que podem ser alterados em células adultas comuns de modo a torná-las capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo humano. Isso pode, no futuro, ajudar no desenvolvimento da medicina regenerativa: a substituição de tecidos danificados por células criadas em laboratório.
As pesquisas mais importantes nesse campo são feitas usando as células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs), que podem ser criadas a partir de alterações no DNA de células comuns do próprio paciente, eliminando o risco de rejeição imunológica. A fórmula clássica usada para produzir essas iPSCs segue uma receita rigorosa, com poucas variações para aplicação médica. Os pesquisadores anunciaram nesta quinta-feira, na revista Cell Stem Cell, a criação de iPSCs por um novo método, aumentando a possibilidade de uso clínico da técnica.
Existem dois tipos de células-tronco: as células-tronco embrionárias, que são as células presentes nos embriões humanos, que ainda não se diferenciaram em nenhum tipo de tecido, e as iPSCs, células maduras que foram reprogramadas geneticamente para voltar a um estado semelhante ao embrionário. Desde que o pesquisador japonês Shinya Yamanaka descobriu, em 2006, a técnica para produzir iPSCs — o que lhe rendeu o Prêmio Nobel do ano passado —, a maioria dos cientistas usa esse tipo de célula em suas pesquisas.
A receita de Yamanaka leva em conta a alteração de quatro genes para reprogramar as células maduras. A nova pesquisa descreve uma nova abordagem, na qual a pluripotência pode ser induzida por meio de alterações em outros sete genes.
Genes dispensáveis — Os novos genes alterados pelos pesquisadores são aqueles responsáveis por produzir proteínas responsáveis por iniciar o processo que leva uma célula-tronco a se diferenciar para formar os vários tecidos do corpo humano. "Nós mostramos que a pluripotência pode ser um estado funcional da célula", diz Juan Carlos Izpisua Belmonte, pesquisador do Instituto Salk, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Segundo os pesquisadores, o mais importante é que pela primeira vez um estudo com seres humanos conseguiu deixar de usar um gene dos genes utilizados na receita original de Shinya Yamanaka: o Oct4. Os outros três genes já haviam sido substituídos em pesquisa anteriores, mas o Oct 4 só havia sido substituído em ratos — o que tornava aparentemente indispensável para a reprogramação de células humanas.
Os cientistas destacam que seu trabalho deve ajudar a superar o que eles apontam como um dos maiores obstáculos para a adoção de tratamentos com células-tronco: como os quatro genes selecionados por Yamanaka poderiam estar relacionados ao câncer, a terapia poderia levar ao surgimento de tumores. Outros pesquisadores afirmam, no entanto, que esse problema já foi superado nas pesquisas mais recentes com iPSCs. De qualquer forma, o novo método pode ajudar os pesquisadores a compreenderem melhor como funciona uma célula-tronco e acelerar sua adoção em tratamentos médicos. 

Fonte: Revista Veja

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